
Wando: carreira de cantor e de compositor se confundem
Wando nasceu Wanderley Alves dos Reis. Mineiro, chega ao mundo pela cidade de Bom Jardim de Minas em abril de 1945. Ainda adolescente, mudou-se para a cidade de Juiz de Fora, onde começa a ter envolvimento com a música.
Sua formação se dá em violão erudito e, como a maioria do jovem brasileiro que queria viver da música, começa a tocar em bailes e festas da região.
A carreira de cantor se confunde com a de compositor, que veio logo depois. Antes mesmo de ser o artista que foi, trabalhou como feirante e caminhoneiro. Essa época já havia se mudado para o Rio de Janeiro, mais precisamente a cidade de Volta Redonda. Seu porto principal era a cidade do Rio de Janeiro.
Quando Wando chega ao Rio de Janeiro, não tinha nenhuma referência de gravadora. Não conhecia ninguém que pudesse encaminhá-lo ao seio da produção musical.
De nome, conhecia Nilo Amaro, que fazia sucesso com “Os Cantores de Ébano”, e também Jair Rodrigues. Esses dois cantores se tornariam importantes na carreira de Wando, ao levá-lo à gravadora Beverly para um teste.
Aprovado, Wando, em gratidão aos amigos, dá parceria a eles em duas músicas de grande sucesso. Com Nilo Amaro, registra a parceria com o samba “O Importante é Ser Fevereiro”, e a Jair Rodrigues, concede-lhe a parceria em outro grande sucesso: “Se Deus Quiser”.
A partir de 1969, Wando começa a batalhar para tornar o seu sonho realidade: gravar seu disco, tornar-se famoso e trilhar no sucesso da música brasileira.
O primeiro LP de Wando é um disco de samba memorável. Com o título “Deus no Céu e Samba na Terra”,1973, Wando começa aqui a trilhar o seu sucesso no meio musical brasileiro.
O samba torna-se o gênero musical preferido e de excelente qualidade. Sambalanço, samba rock, passam a ser a tônica essencial de seu trabalho.
Suas músicas começam a ser gravadas por nomes de expressão nacional, a exemplo de Originais do Samba, Jair Rodrigues, e outros nomes. É nesse disco que Wando registra as duas músicas, parcerias com Nilo Amaro e Jair Rodrigues.
O segundo disco, denominado “Wando”, 1975, ainda é um disco de samba, porém, aqui ele começa a despertar seu lado romântico. Mas o samba ainda é predominante. O disco abre com a sensacional “Nega de Obaluaê”, que deveria ser o grande carro chefe do disco. Deveria!
Embora a música tenha se tornado um grande sucesso do cantor, inclusive, com destaque nos programas de samba daquela época, “Nega de Obaluaê” sucumbiu ao mega sucesso gravado nesse disco, que encontra-se no Lado B, sendo a primeira música: “Moça”!
Além de se tornar o grande sucesso que foi e ainda é, “Moça” foi a música mais tocada no Brasil daquele ano. Primeiro lugar em todas as paradas de sucesso. Mas por que “Moça” tornou-se o grande sucesso daquele ano?
As trilhas sonoras de novelas tem sido muito importantes para dar vez e voz a artistas que ainda não são conhecidos pelo público. A novela tem esse papel. Levar o artista, literalmente, para dentro das casas dos telespectadores.
Não foi diferente com Wando. Corria o ano de 1975 e a Rede Globo estava lançando a novela “Pecado Capital” com a assinatura de Janete Clair e no horário nobre de novelas, às 20 horas.
As trilhas sonoras daquela época, e acredito que ainda hoje sejam assim, eram totalmente produzidas por um grupo que estudava as sinopses para a partir daí escolher as músicas que iriam contar para o público a história de seus personagens.
Coube ao nosso querido e saudoso João Mello fazer a escolha do repertório para a trilha sonora. Com olhar atento à sinopse, os personagens começavam a ter vida musical.
Com tantos discos a analisar, João tinha uma curiosidade aguçada para saber quem eram os músicos que estavam acompanhando Wando naquele disco bem gravado, com letras bem elaboradas, com harmonias e arranjos bem colocados. Na sinopse, tinha uma personagem que se encaixava no perfil da música composta por Wando: “Moça”.
Assim, a música embalaria a personagem de Leina Krespi, Elizete, que era irmã do personagem central Carlão, interpretado por Francisco Cuoco. Procurando por facilidades na vida, a personagem Elisete se ilude por paixões erradas e acaba sendo expulsa de casa pelo pai.
Para facilitar mais ainda a escolha da música para integrar a trilha sonora e obter o sucesso que aconteceu, “Moça” vem logo na primeira faixa do Lado A do disco “Pecado Capital” nacional, tendo como produtor Guto Graça Melo. João Mello atua como assistente de produção e na elaboração da escolha do repertório.
A partir desse momento, Wando torna-se um dos cantores de maior sucesso da música brasileira. Carinhosamente, João dizia que “havia criado um monstro”.
Um monstro na forma de vender discos, um monstro na relação Wando/trilha sonora de novela. Com isso, Wando se transfere para a gravadora Som Livre a partir de 1982. Infelizmente, Wando nos deixou em fevereiro de 2012 com apenas 66 anos. Mas aí já assunto para outro artigo.
A convite do jornalista Jozailto Lima, mantenedor deste Portal JLPolítica & Negócio, estarei aqui todas as quintas-feiras falando de coisas por trás da nossa boa música do Brasil. Fui elevado a articulista! Não me deixe só e venha você comigo.
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