Triste a morte Marcelo Yuka, um dos maiores letristas do Brasil e fundador do Rappa.
Mais triste, ainda, foi a forma como Marcelo Falcão, o vocalista que deu continuidade à banda por um certo tempo, destratou a amizade entre ambos.
Como consequência, numa ampla cobertura sobre a morte no JN da Globo de sábado, não houve a mínima citação à pessoa dele. Nem a uma só trança do seu cabelo rasta.
A amizade é joia rara que poucos sabem conservar. Uma pena. Pois paz sem voz, não é paz. É medo.
Quem quiser conhecer um pouco mais sobre a alma sebosa do outro Marcelo, o Falcão, recomendo a leitura de "Não se preocupe comigo", livro escrito pelo outro Marcelo, o Yuka, em 2014. É um torpedo. Eu li.
Ali, Yuka diz literalmente que "O Rappa é uma enorme mentira"- O Rappa que o ejetou logo após ele ir parar na cadeira de rodas, obviamente-, lembra dolorosamente como Paralamas acolheu e reinseriu Herbert Viana no pós-acidente dele e de como os "seus amigos" dO Rappa foram à justiça para tirá-lo do caminho da banda.
Ali, naquele livro, está o retrato fiel do hedonismo cru e cruel de Falcão. Ali, Yuka previa a desintegração fatal da banda, o que de fato se deu. Ali, um capítulo sombrio de como não se deve tratar uma amizade.