Aparte
Opinião - Fruta boa dá no tempo certo

[*] Rômulo Rodrigues

A chapa apresentada na terça-feira, dia 15, e homologada na quarta-feira, dia 16, pela Frente Progressista de Esquerda com o PT, Pros e Rede, já sai ganhando na disputa pelo mérito da sua construção e vai para o segundo turno por todas as razões do momento.

Com uma articulação paciente e perfeita, o PT retoma a um estágio de origem em que disputou a Prefeitura Municipal de Aracaju com dois candidatos da legenda.

Em 1985, com as candidaturas de Marcelo Déda e Luiz Alberto, o PT deu um enorme susto nas oligarquias da cana e do cimento.

Em 1988 retorna à disputa com a dupla Marcelo Deda e Edmilson Araújo que, vejam a coincidência, em 15 de setembro foi dada a largada com uma carreata com Déda surfando em 38% de intensões de votos, Lauro Maia com 18% e Wellington paixão com 9%. Em 15 de novembro, Paixão ganhou com 47% e a chapa do PT amargou um frustrante 8%.

Em 1996 emergiu com a dupla Ismael e Sílvio Santos, indo ao segundo turno contra João Gama e Evandro Sena, perdendo por 11 mil votos.

Como é característica no PT mesclar jovialidade com experiência e ter respeito por quem construiu sua história e com quem sabe guardá-la, novas gerações se incorporaram às jornadas de lutas e seguem cantando Belchior, afirmando que “o novo sempre vem” e, ao mesmo tempo negando que “o passado é uma roupa usada que não nos serve mais”.

 

E, por isso, alerto para que, mesmo não levando ao pé da letra a “Conjuração dos mortos”, é bom dar uma olhada nas coincidências de 1988 e 1996, botar no bolso as pedras filosofais para poder matar dois Paulos Coelho de uma só cajadada.

 

Em 1996 foi quando o PT botou o pé na porta da Prefeitura e não entrou, mas deixou encostada para adquirir o direito quatro anos depois.

 

A eleição foi disputada por 10 chapas e quatro concorreram para valer - João Gama, 25,53%, Ismael Silva, 25,17%, Maria do Carmo 21,80%, Garibaldi Mendonça 20,40%, e o restante 7,1%. A diferença entre o primeiro e o quarto colocado foi de 5,13%, o que mostrou uma disputa acirrada - e isso é coisa de primeiro turno, óbvio.

A eleição de 2020 apresenta 11 candidaturas com a possibilidade de uma ou duas desistências e um crescimento eleitoral em relação a 1996 de 45%.

Um comparativo com aquela eleição dá para imaginar que as diferenças entre os três primeiros colocados vai ser pequena, com o quarto colocado mais distante e a soma dos demais sendo maior que os 7,1% de 1996. A aposta é que o PT estará no segundo turno.

O PT apresenta a melhor e mais unitária chapa majoritária, o que amálgama muita energia. Tem uma chapa proporcional muito competitiva, a melhor entre as que já disputaram anteriormente; fez a melhor de todas as alianças, guiada pela convivência.

 

O Rede e o Pros têm duas fortes chapas proporcionais - Márcio Macedo e Ana Lúcia sempre foram bem votados na capital e têm características ímpares: o eleitorado gosta de votar neles.

 

Do ponto de vista geral, em se tratando de apoiadores que agregam votos, tem Lula, Haddad, Gleisi, Jacques Wagner, Rui Costa, Rogério Carvalho, Eliane Aquino, João Daniel, Iran Barbosa e toda uma aguerrida militância sindical, social, ambiental, de gênero, da igualdade racial e os melhores segmentos da sociedade civil organizada.

 

Vai ter que lutar corajosamente contra o bloco unidos dos somos todos Aécio, somos todos Serra, somos todos Cunha, somos todos Alckmin, somos todos FBI, somos todos Moro e Dallagnol, somos a favor de Edir Macedo, Malafaia e pastor Everaldo, e somos todos contra o Estado Democrático de Direito e contra a constituição Cidadã e a favor da tortura e da retirada de todos os direitos dos trabalhadores.

A chapa de Márcio Macedo representa todos os segmentos que defendem com unhas e dentes a Democracia. Vai ser o grande duelo.

[*] É sindicalista aposentado e militante político.

 

 

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