[*] Rafael Galvão Fonseca 

O município de Itaporanga D’Ajuda destacou-se nessas eleições municipais deste 2020 por ter um resultado final totalmente contrário às expectativas iniciais de campanha.

Candidato à reeleição, o atual prefeito Otávio Sobral passava por um momento de grande rejeição pelo moradores da cidade. Sua principal adversária, Gracinha Garcez, que havia sido derrotada por Otávio nas eleições de 2016, aparecia nesse cenário com uma vitória praticamente certa. Praticamente...

Findada a apuração dos votos, Otávio se reelegeu com 47,89% dos válidos, mais de 10 pontos à frente de sua principal adversária.

A explicação para um caso inusitado como esse não é simples. Vai desde articulações políticas locais até a construção de um planejamento de marketing eleitoral que consiga reverter a situação de rejeição e, ao mesmo tempo, impulsionar a candidatura.

Entendo, como coordenador da campanha publicitária de Otávio, que a tarefa realmente não foi nada fácil. O período de campanha eleitoral hoje é muito pequeno e nós começamos  a trabalhar já bem próximo da data de início do material publicitário poder ser divulgado nas ruas e nas redes sociais. A correria foi grande.

Admito que o cenário inicial era desolador. Nossas pesquisas internas apontavam um quadro de rejeição muito forte ao prefeito. Mas aí a gente contou com uma equipe especializada de estrategistas, criadores e pesquisadores para analisar a situação e estabelecer o planejamento inicial da campanha.

Ao meu ver, sem essa análise inicial, feita por profissionais gabaritados na área, correríamos o risco de iniciar uma campanha com o conceito errado. E aí, como o período foi muito curto, ficaria bem difícil redirecionar o discurso depois.

Itaporanga d’Ajuda caracteriza-se por ter eleitores bem exigentes com seus gestores. Só para se ter uma ideia, antes desse feito de Otávio já se iam 20 anos que nenhum gestor conseguia se reeleger no município. São realmente muito exigentes, um eleitorado muito politizado. E aí é que estava o x da questão. Lendo e relendo as pesquisas, a gente percebeu que Otávio tinha o que mostrar, principalmente pelo seu trabalho de destaque no combate à pandemia do novo coronavírus. 

O problema é que as pessoas, ou não ficaram sabendo, ou não foram comunicadas da forma correta. Precisávamos intervir.

A partir dessas análises iniciais, então, a campanha foi corporificada com o mote “Itaporanga avança no rumo certo" e desmembrada em diversas peças de rua e redes sociais, com objetivo de evidenciar os principais feitos da gestão e, a partir disso, criar um ambiente positivo e propositivo junto aos eleitores.

Não é uma tarefa fácil, ainda mais para um eleitor tão exigente como é o de Itaporanga, você, no período eleitoral, convencê-lo de que o candidato fez uma série de obras e ações e que ele não viu.

A tendência é o eleitor achar que é mentira. Por isso a importância de um conceito inicial muito bem elaborado. Não há tempo para grandes erros.

Por causa dessa questão do curto período eleitoral, aliás, ressalto que os candidatos, de forma geral, começam os planejamentos de campanha muito tarde. O ideal para o candidato à reeleição, por exemplo, seria ter uma consultoria pelo menos um ano antes do pleito. Provavelmente Otávio teria uma campanha bem mais tranquila se, já no início do embate entre os candidatos, o eleitores estivessem cientes dos seus feitos como gestor. Mas graças a Deus deu tudo certo.

Acho que é  sociável a nossa equipe de marketing eleitoral e também, e sobretudo, o candidato, agora reeleito prefeito de Itaporanga. 

Nossa equipe propôs uma campanha jovial, com uma linguagem inspirada nos e-mojis de internet. Uma campanha limpa, bela, com críticas aos adversários, sim, pois isso faz parte do embate político, mas sem fake news, sem ataques sujos, e isso foi reconhecido pela população.

Otávio não só abraçou essa ideia como fez questão de propagá-la. Foi realmente uma campanha histórica, propositiva, transformadora. Fico muito feliz mesmo pela campanha que fizemos e pelo gestor que elegemos. 

Na verdade, o mérito maior é dele, que soube compreender os ritos da linguagem do marketing e facilitar nossa ação.

[*] É marqueteiro político e mantenedor da empresa G2 Comunicação.

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