Aparte
Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Futuro Centro de Nefrologia vai custar apenas R$ 209 mil e será cinco vezes maior do que o atual
Compartilhar

Luiz Eduardo Prado: perdeu o posto por causa da baderna do Huse, mas também pela trapalhada do Centro de Nefrologia

O Centro de Nefrologia do Hospital de Urgência de Sergipe - Huse - foi a maior estrela desta semana na vida pública do Estado. Por causa dele, o governador sergipano deu pernadas no ar, o secretário de Estado da Saúde tomou esporros públicos e o superintendente do Huse perdeu o posto. Foi demitido. 

Por causa do Centro de Nefrologia, o Estado de Sergipe foi exposto nas redes nacionais de TV como algo ridículo - como, aliás, na maioria das vezes, a mídia nacional nos trata, e até achamos, estranhamente, meio que delicioso. 

A fama do Centro de Nefrologia do Huse foi tão avassaladora, temporária e passageira que não deu tempo sequer para que ele fosse apresentado em suas dimensões e significados sociais e, por isso, ficasse melhormente conhecido em seu passado (que será até o dia 20) e no seu futuro.

É possível que, no epicentro desse nevoeiro, muita gente sequer saiba o que peste é nefrologia - o ramo da urologia que estuda a fisiologia dos rins e as doenças que atacam-no. O que imperou - e está certo, porque isso sim é a notícia - foi a sua inauguração num dia e a evaporação, imediata, no outro. Chegou na quinta e na sexta não existia mais.

Por trás do Centro de Nefrologia do Huse existe uma triste demanda de pessoas com rins avariados, parados e que, como consequência, precisam de máquina para filtrar o sangue e seguir empurrando a vida para a frente.

A recepção a essa multidão dorida de pessoas vem sendo feita ao longo dos anos numa saleta improvisada do velho e humanitário Huse. Literalmente, o Centro de Nefrologia dali é um pardieiro assentado em 131,69 metros quadrados. Uma velha sala que era enfermaria, fecharam seus leitos e colocaram ali as oito máquinas de hemodiálise que, mesmo assim, muito tem servido até hoje.

Numa ação fantasticamente louvável de Jackson Barreto, de Belivaldo Chagas e de Almeida Lima, do chão desse “pardieiro”, a um custo simbólico de R$ 209 mil, vai nascer algo luminoso, significativo, mas que, por erro de cálculo e de vaidade humana, foi tratado em sua chegada como um bufão, como um paspalho que “quis nascer” antes da hora. Ou seja: inauguraram-lhe antes de estar pronto. 

Mas antes mesmo do dia 20 de abril vai estar a serviço do povo de Sergipe um Centro de Nefrologia com um novo RG e com uma nova configuração: ele será o Centro de Nefrologia Lucilo Costa Pinto (homenagem ao grande médico e ex-professor de Urologia da UFS), numa área de 687,20 metros quadrados - 5,2 vezes maior do que a que está em funcionamento -, elevando de 8 para 16 máquinas de hemodiálise e dotado de 35 leitos de internação contra nenhum do atual espaço.

Tudo isso leva a crer que houve uma falha imperdoável no ato da inauguração a toque de caixa na quinta-feira, 5 de abril, e no fechamento no dia 6, para que a obra seguisse em frente, e na exposição de Sergipe ao ridículo do dia 9. Governar deveria ser, também, prevenir e evitar crises desnecessárias.

Deixe seu Comentário

*Campos obrigatórios.