Aparte
Opinião - Deu no New York Times

[*] Rômulo Rodrigues

Juro que bateu um sentimento nostálgico, de relembrança ao me deparar na blogosfera com a chamada - deu no New York Times: “A lava jato se tronou no maior escândalo judicial da história”.

Quem foi leitor aficionado do Pasquim, nas décadas de 60 e 70, há de lembrar da expressão que indicava que para saber da verdade do que se passava num Brasil submetido a uma ditadura sangrenta e corrupta tinha que se informar lendo o grande jornal americano.

Em 1987 foi lançado no Brasil, dirigido por Henfil, o filme Tanga - Deu no New York Times. Embora estejamos vivendo sob um modelito diferente de ditadura militar, conforme relatos do general Villas Bôas, o jornal americano já não é a única fonte de informação da realidade cotidiana do Brasil.

Há uma incansável e ruidosa imprensa alternativa para se contrapor ao barulhento silêncio da decadente grande imprensa nacional, identificada na alarmante queda de circulação dos jornais diários impressos e das revistas panfletárias semanais decadentes.

Portanto, a primazia hoje é dos blogs, sites e portais independentes que praticam o jornalismo para informar honestamente seus leitores e seguidores.

É bastante alentador ver a tristeza do sistema Globo através dos seus porta-vozes sobre o desmascaramento internacional da quadrilha de Curitiba.

A Operação Soofing foi a gota d’água para desmascarar toda a trama da lava jato, que vai além das combinações de estratégias e táticas entre juiz, juíza e procuradores, agindo ao arrepio da lei, trocando informações sigilosas com o FBI, CIA e promotores suíços, que desaguaram num golpe de estado, no desmonte da Petrobras, na destruição da indústria civil e da mecânica pesada, no desemprego de mais de 20 milhões de trabalhadores com carteiras assinadas e na volta do país ao mapa da fome.

Voltando ao New York Times, o jornal publicou no última quarta-feira, dia 10, um artigo bastante substancioso em que a operação Lava Jato é taxada de ter pervertido a justiça do Brasil.

O jornal é enfático ao afirmar que a operação, vendida como a maior combatente em corrupção do mundo, afundou como o maior escândalo judicial do Brasil - ela própria sendo um centro propulsor da corrupção e de desmanche da sólida economia do país.

Em sete anos de Lava Jato foram emitidos 1.450 mandados de prisão, 174 condenações de empresários e políticos, 179 ações criminais e, a cereja do bolo, a condenação e prisão sem provas de Lula por atos indeterminados.

O cinismo criminoso tomou tal dimensão entre os delinquentes da Lava Jato que as conversas reveladas pela vaza jato são tratadas por eles próprios como nossas nudes.

O NYT não publicou, mas já está exposto na blogosfera a conspiração seguinte que faz parte da narrativa criminosa do general Villas Bôas deixando claro que o Exército exigiu a prisão de Lula.

E exigiu com o objetivo de impedi-lo de disputar a eleição. E foi mais além: abriu as portas das unidades militares para que ao general Augusto Heleno e o próprio Jair Bolsonaro tivessem acesso livre para fazer proselitismo político.

O engajamento do Exército na disseminação do ódio ao PT e no desmonte do estado brasileiro é traição à pátria e não combate à corrupção.

Até porque, não se combate a corrupção gastando R$ 15 milhões em compras de leite condensado, com outros milhões em compras de picanhas e latas de cervejas, chicletes e jujubas e mais um sem número de bugigangas com notas frias.

Ao pé da letra, o nome disso é esbórnia, e com a velocidade das informações talvez não tenhamos de esperar 50 anos para saber quantas malas cheias de dólares os news gorilas receberam pela empreitada.

[*] É sindicalista aposentado e militante político.

 

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