Aparte
Opinião - Luciano Barreto: a saga de um vencedor

Albano Franco reconhece que no ILBJ Luciano Barreto dilata a alma e se sente em casa

[*] Albano Franco

Augusto Franco, meu pai, enxergava no trabalho socialmente produtivo a suprema realização do ser humano. Era por essa ótica que ele observava as pessoas que o circundavam, fossem empresários, profissionais liberais ou iniciantes na seara corporativa.

Este foi o caso do jovem engenheiro civil Luciano Barreto, filho do empresário Paulo e de Cleonice Barreto, que instalou sua empresa de engenharia numa sala de um prédio de seu pai, ao lado do escritório da Usina Pinheiro, na Avenida Rio Branco, nº 40.

Dizia, então, meu pai: “Que rapaz trabalhador, o Luciano! Sabe onde quer chegar e vai conseguir!”. E não deu outra: o vaticínio de Augusto Franco se realizou.

A Celi, a empresa criada por Luciano, é hoje um paradigma na construção civil em Sergipe, no Nordeste e no Brasil. Seus ativos iniciais, segundo seu fundador em entrevista ao jornalista Jozailto Lima, constavam apenas de uma mesa, um telefone e um fusca usado.

E, como ativos intangíveis, uma incomum capacidade de trabalho, detectada por meu pai, além de uma enorme vontade de crescer, ressaltada pelos que acompanharam, como eu, a exitosa trajetória da Construtora Celi, assim nominada em homenagem a também empresária Maria Celi Teixeira, dedicada esposa e companheira de Luciano, em mais de meio século de atividades ininterruptas.

Graduado em 1963 pela Escola Politécnica da Universidade da Bahia, a convite do governador Antônio Lomanto Júnior, Luciano assumiu o Serviço Autônomo de Águas de Jequié, cidade natal de Lomanto, onde construiu, em apenas 45 dias, uma adutora de 11 km de extensão.

Essa obra lhe deu prestígio técnico, admiração e a confiança do governador que o nomeou diretor da Superintendência de Engenharia Sanitária da Bahia, que mais tarde seria transformada na Empresa Baiana de Saneamento - Embasa.

Este início profissional bem-sucedido, poderia guindá-lo a posições mais destacadas na administração pública da Bahia. Poderia, inclusive, estimulá-lo a realizar uma carreira política em terras baianas. Para tanto, talento, disposição, liderança e gosto pelas lides políticas não lhe faltavam.

No curso de engenharia, Luciano foi presidente do Diretório Acadêmico e representante dos estudantes na Congregação da Escola Politécnica, caminho este trilhado por inúmeros ex-estudantes que ingressaram na política partidária e lograram êxito. É o caso de João Alves, Valadares, Déda e Jackson, para citar apenas os recentes ex-governadores sergipanos. Eu mesmo fui presidente do Centro Acadêmico Sílvio Romero, da Faculdade de Direito.

Pois bem, com outros objetivos existenciais, mas sempre atento observador do cenário político, Luciano regressou a Sergipe firmemente decidido a ser empresário, a labutar na iniciativa privada. Em associação com o colega e cunhado Luiz Teixeira, adquiriram o controle acionário da Norcon, de propriedade de Gerci Pinheiro Machado. Contudo, a parceria não prosperou e, em 22 de maio de 1968, Luciano fundou a Celi.

Abro aqui um parênteses para ressaltar que Luciano faz parte de uma geração de brilhantes engenheiros sergipanos que iniciaram seus estudos na Escola Politécnica da Paraíba, em Campina Grande, no mesmo ano e que foram colegas de turma Luiz Teixeira, José Carlos Silva, Luiz Eduardo de Magalhães, Ivan Jorge Neto e Luciano Barreto, este, no terceiro ano, se transferiu para a Escola Politécnica da Universidade da Bahia.

A criação da Celi coincide com uma fase de enorme prosperidade em Sergipe. A presença da Petrobras com seus elevados investimentos em prospecção, produção e transporte de petróleo e gás promoveram poderosos impactos diretos e indiretos na economia sergipana que a alçaram a uma das mais prósperas do Nordeste.

É também por essa época a criação do Banco Nacional da Habitação destinado a financiar projetos de habitação para as emergentes classes populares e médias, de infraestrutura urbana e de saneamento básico. Tudo isto possibilitou uma extraordinária expansão do mercado para as empresas de engenharia e construção. E as firmas sergipanas souberam, com competência e visão estratégica, aproveitar essa fase de prosperidade, especialmente a Norcon, a Cosil e a Celi. O resto é história.

Fato importante no calendário existencial de Luciano é a criação do Instituto Luciano Barreto Júnior, idealizado por seu filho, falecido tragicamente, aos 28 anos, em 6 de setembro de 2002. Trata-se de uma iniciativa altamente meritória que, nos seus 18 anos de atividades, já patrocinou a inclusão digital e social de aproximadamente 20 mil jovens. Ressalte-se que as despesas de manutenção do ILBJ são patrocinadas, exclusivamente, pela família, não havendo qualquer aporte de recursos públicos ou de particulares.

Líder nato, na Presidência da Associação Sergipana dos Empresários de Obras Públicas e Privadas – Aseopp -, Luciano vem se dedicando, diga-se, com afinco, há pelo menos uma década, a uma cruzada no âmbito dos órgãos de controle e do Poder Legislativo sobre a necessidade de mudança das obsoletas regras licitatórias, responsáveis pela interrupção de milhares de obras públicas em todo o país.

Em face de sua experiência empresarial e de construtor, Luciano é, hoje, uma autoridade no assunto. Tive a oportunidade de assistir a uma apresentação dele em um evento em Brasília, patrocinado pela Câmara dos Deputados e pude constatar sua expertise. Seu lema para tão importante questão que tem acarretado enormes prejuízos ao erário é: “Preço justo, obra concluída, sociedade atendida”.

Esta breve retrospectiva mostra flashes da saga de um vencedor que, neste exato dia 10 de setembro celebra 80 anos de uma existência profícua que honra Sergipe e o Brasil. Parabéns, Luciano Barreto! Que Deus o ilumine sempre!

[*] Foi governador, senador e presidente da CNI.

 

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