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Albano Franco: “Tenho muita esperança e fé no futuro de Sergipe, mas estamos passando momentos difíceis”

Albano Franco: “O que me alegra, contenta e satisfaz é a minha imagem de credibilidade em Sergipe, em todo o Brasil e até no exterior”

Cláudia Lemos
Do Correio de Sergipe, cordialmente pro JLPolítica

Neste domingo, 22 de novembro, o ex-governador Albano do Prado Pimentel Franco completa 80 anos. Para marcar a data, o Jornal Correio de Sergipe traz uma entrevista com o ilustre aniversariante.

Ele recebeu esta jornalista em sua residência, na tarde da última quarta-feira, 18. Foi o próprio Albano que abriu a porta de seu apartamento. Diz que por causa da pandemia, passou oito meses sem sair de casa.

Em um bate-papo descontraído, Albano demonstrou muita gentileza, qualidade que lhe é peculiar. Quando perguntado se tinha algo de que se arrependia, respondeu de bate-pronto que não e se revelou um homem realizado.

Falou em Deus em vários momentos e demostrou muito orgulho de sua trajetória de vida e do reconhecimento que tem, tanto em âmbito estadual quanto nacional.

Ao falar dos pais, se emocionou e traduziu toda a admiração que tem por eles. Falou sobre o Banese, Bolsonaro, eleição em Aracaju, Petrobras e muito mais.

Albano é um dos nove filhos do casal Augusto Franco e Maria Virgínia Leite Franco. Tem dois filhos, Ricardo Franco e Adélia Franco, do casamento com Leonor Barreto Franco.

Graduado em direito pela Universidade Federal de Sergipe, Albano construiu um história de sucesso. Como empresário, atuou em várias empresas.

Na vida pública exerceu vários mandatos tanto do Legislativo quanto no Executivo: foi governador de Sergipe por mais de uma vez, senador, deputado federal e deputado estadual. Presidiu por 14 anos a Confederação Nacional da Indústria, para citar alguns.

Escritor de várias obras, entre discursos e artigos científicos, Albano é acadêmico da Academia Sergipana de Letras, ocupando a cadeira 03. Confira a entrevista a seguir:

CS - Quem é Albano Franco hoje?
Albano Franco
- Albano hoje é o mesmo que viveu esses 80 anos. Tive o privilégio e a sorte de ser filho de Dr. Augusto e Dona Gina, que são meu maior patrimônio. Minha mãe, uma pessoa boníssima. Sergipe reconheceu nela a melhor mulher do Estado. Meu pai, competente, firme, trabalhador e honrado. Me deu o exemplo de honradez e competência.

CS - Albano Franco é reconhecido como um homem generoso. Isso o senhor herdou de sua mãe?
Albano Franco -
Graças a Deus, sim. Eu tenho duas qualidades que Deus me deu: humildade e paciência. Meu pai de vez em quando repetia: Albano, você naquele caso foi humilde exagerado. Meu pai foi o melhor industrial de Sergipe. De uma visão moderníssima. Ele formou-se em Medicina na Universidade da Bahia e fez o primeiro estágio no Rio de Janeiro. De volta a Sergipe, ia montar um consultório e aí a minha avó sugeriu de ele implantar a indústria têxtil, a Companhia Industrial de São Gonçalo, que foi a mais moderna fábrica de tecidos de Sergipe e onde meu pai trabalhou mais de 40 anos.

CS - Governador de Sergipe, sua terra natal, por mais de uma vez, senador da República, deputado estadual e federal, presidente da Federação das Indústrias de Sergipe e da Confederação Nacional da Indústria, empresário reconhecido. Olhando para trás, o senhor acha que fez tudo o que queria fazer? Há algo que hoje faria diferente? Há alguma frustração?
Albano Franco -
Nenhuma. Sou um homem realizado e feliz.

CS - Quando o senhor percebeu que era hora de parar? Não sente saudades da agitação e dos holofotes da época em que exercia mandato?
Albano Franco -
Eu percebi, ou melhor, eu senti que tudo na vida tem o seu momento. Há momento de parar, de lutar e de continuar e eu, graças a Deus, Deus me ajudou muito e fui um homem realizado em todos os aspectos. Além do mais, você sabe que hoje eu sou Albano Franco, uma imagem de credibilidade, graças a Deus. Reconhecido no meu Estado e no meu país.

CS - O senhor é de uma rara leva de políticos que não deixam a coisa acontecer sem lutar, que não entrega os pontos. Demonstrou isso em muitas ocasiões, inclusive agora: mesmo estando há muito tempo sem mandato, não se nega a ir a Brasília lutar por Sergipe. Acha que falta garra nos políticos da atualidade. Fafen, depois a Petrobras… O senhor ainda vê chance de a Petrobras voltar a investir em Sergipe. Acha que tudo isso poderia ter sido evitado ou foi um processo natural?
Albano Franco -
Bom lembrar que pela Petrobras mesmo eu lutei para ela atender as nossas solicitações e a empresa acabou fazendo todo um investimento em Sergipe. É preciso dizer que Sergipe tem duas fases: antes e depois da presença da Petrobras. Sergipe alcançou o pleno desenvolvimento após a presença da Petrobras no Estado. Agora, eu teria lutado muito, indo até a Presidência e à Diretoria da estatal e até procurava o próprio presidente da República.

CS - O homem Albano Franco é respeitado até hoje. Aliás, a família Franco. O senhor é de uma época em que político era respeitado, chamado de doutor. Hoje a coisa não está bem assim. Como o senhor avalia essa questão?
Albano Franco -
Eu, graças a Deus, tenho uma imagem de credibilidade em Sergipe e no Brasil. Aos 39 anos eu assumi a Confederação Nacional da Industria. Foram 14 anos de presidência da CNI, onde hoje sou conselheiro emérito. A sociedade é quem pode julgar o atual quadro político. Eu prefiro não fazer comentários a esse respeito, por uma atenção e respeito que eu tenho à classe política. É claro que uns tem um comportamento diferente dos outros e a sociedade reconhece. Honradez e competência são as marcas de alguns políticos.

CS - O senhor seguiu o exemplo de seu pai, Augusto Franco. Seu filho, Ricardo Franco, chegou a ser senador, mas nunca mais se enveredou pela política. Acha que agora a tradição política dos Franco de Sergipe pode mesmo parar?
Albano Franco -
Inclusive eu incentivei Ricardo a ser suplente de senador e ele esteve alguns meses no Senado, foi muito valorizado e com bom conceito. Eu fui para a posse dele e depois acompanhei o trabalho dele no Senado. Teve uma imagem espetacular. Mas Ricardo não tem nenhum gosto político.

CS - Albano Franco é um nome reconhecido além fronteiras do Brasil, dada à sua atuação e representatividade. Vários são os relatos de pessoas que em viagem, ao dizerem ser de Sergipe, ouvem logo a resposta: terra de Albano Franco, terra de João Alves Filho. Hoje o senhor enxerga algum político que tem potencial para um perfil assim?
Albano Franco -
Sim, sou reconhecido, inclusive fora do Brasil, em Portugal, na França, nos Estados Unidos… Mas eu não quero provocar ciúmes. Não vou apontar nomes. Lógico que enxergo alguém que está trabalhando muito na área empresarial e política.

CS - Como o senhor enxerga o futuro de Sergipe?
Albano Franco -
Eu, graças a Deus, tenho muita esperança e fé no futuro de Sergipe, mas estamos passando momentos difíceis. Sergipe está meio estagnado, meio parado.

CS - E em Aracaju, quem o senhor acha que vai ganhar a disputa: Edvaldo ou Danielle?
Albano Franco -
Eu sou eleitor de Edvaldo. Votei nele no primeiro turno e é claro que votarei nele no segundo turno. Ele fez uma boa administração nos últimos quatro anos.

CS - Muitos boatos já surgiram sobre uma possível privatização da Deso e do Banese. Enquanto governador do Estado, o senhor privatizou a Energipe, hoje Energisa. O senhor acha que seria um bom negócio privatizar Deso e Banese?
Albano Franco -
Todo mundo em Sergipe e no Brasil sabe que o primeiro a defender o Banese foi Albano Franco. Inclusive, enquanto governador, não pensei em nenhum momento em privatizar o Banese. Podem verificar que no nosso governo o Banese foi solidificado, com crescimento em potencial, com imagem e credibilidade, não só em Sergipe como em todo o Brasil, onde o Banese tinha agência. Também não privatizaria a Deso. Na época da Energipe, a situação era outra e a Energisa está aí prestando relevante serviço, e é privatizada! Além do mais, os recursos da privatização foram muito bem aplicados em Sergipe, no nosso governo.

CS - O que o senhor acha do governo Bolsonaro?
Albano Franco -
Vejo com erros e acertos. Mas ele tem, ainda, uma imagem popular muito boa. De vez em quando ele diz algumas frases que desagradam e desgastam a imagem dele, mas Bolsonaro é um homem que eu admiro e respeito. E, além do mais, quando ele foi certa vez na CNI, com cerca de 600 empresários presentes, para uma visita, ele me fez um elogio espetacular. Ele disse: Albano sempre lutou pelo desenvolvimento do Brasil. Eu tenho tudo filmado e gravado.

CS - Qual o seu legado?
Albano Franco -
Comecei me elegendo presidente do Centro Acadêmico Sílvio Romero, na Faculdade de Direito, em 1964. A posse foi em 13 de março daquele ano, mesmo dia do célere comício da Central do Brasil. Inclusive o governador de Sergipe à época, Seixas Dória, não foi à minha posse porque teve que ir a este comício e quem acabou indo foi o vice, Celso de Carvalho.O que me alegra, contenta e satisfaz é a minha imagem de credibilidade em Sergipe, em todo o Brasil  e até no exterior.

CS – Aos 80 anos, quais seus planos?
Albano Franco -
Quero continuar presente na história de Sergipe. Se Sergipe precisar de algum apoio, de alguma ajuda, eu quero estar presente. Lembre-se que a Fafen eu consegui com Michel Temer.

CS - Albano Franco ainda é muito procurado para dar um conselho?
Albano Franco -
Graças a Deus, de vez em quando eu sou procurado por bons amigos que querem trocar uma ideia. Bom frisar que eu continuo emérito no Conselho da CNI, participando da Diretoria de todas as reuniões.

CS - O mundo vive um momento crítico com a pandemia do coronavírus. Sergipe não está à parte e há, ainda, muitas incertezas. Que mensagem o senhor pode passar para políticos, empresários e para a sociedade em geral?
Albano Franco -
Eu deixo a mensagem do trabalho, da seriedade, do comportamento ético, da dedicação à sociedade. Além do mais, a sociedade hoje exige dos políticos um trabalho sério e desenvolvimentista, que foi o meu lema: desenvolvimento econômico. Quando governei Sergipe, trouxe mais de 40 empresas para o Estado, a exemplo da Brahma e das fábricas de calçados, todas elas. O Grupo Maratá, que eu incentivei, é hoje o maior grupo empresarial sergipano.

 

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