Aparte
Opinião - Que possamos, dos escombros, construir novas formas de vida e solidariedade

[*] Luciano Correia

Quero agradecer de todo coração às centenas de mensagens, pensamentos e orações pela restituição da minha saúde na luta contra a Covid-19 que travei no mês passado.

Possivelmente, cada um de vocês não tenha ideia, mas cada palavra dita e as energias positivas que foram mobilizadas contribuíram muito para que eu enfrentasse e vencesse essa doença terrível.

Tive também a ajuda de pessoas especiais que cuidaram de mim no Hospital Primavera, desde o chefe da Infectologia dessa instituição, o médico Jonas Rytholz, um anjo que Deus nos mandou para cuidar de gente com dedicação e amor, @s enfermeir@s, auxiliares, fisioterapeutas, nutricionistas, agentes de limpeza.

Só sabe o poder da luz quem tateia na escuridão, dr Wagner Bravo de Oliveira. Vi ali no seu hospital uma nave de gente da maior qualidade, de espírito humanista e cristão, trabalhadores que mesmo saturados por essa hora tensa não se furtaram em me tratar com muito mais do que os cuidados médicos, mas com amor, empatia e carinho. Respeito.

Gratidão aos amigos que fizeram a intermediação para minha internação, aos que não me faltaram um só minuto, ligando todos os dias para saber de mim. Minha família querida, meus irmãos e mamãe Afra, além de minha mulher Aline, subindo e descendo escadas, levando, antes de tudo, o amor que me fez atravessar esse túnel escuro.

Meus queridos colegas da Prefeitura Municipal de Aracaju vigilantes, preocupados comigo. Monitorando-me à distância. Ao dr. Edésio Andrade, médico em São Paulo, amigo-irmão desde a infância em Itabaiana, um humanista que já havia me acolhido numa crise de gota que me atingiu em São Paulo, em 2019 - a todos serei eternamente grato.

Claro que tenho um plano de saúde muito bom, que me faz um privilegiado no enfrentamento a essa doença, e é justamente por isso que absorvo a dor e o desespero dos que, diferentemente de mim, não têm um plano ou recursos para um tratamento mais diferenciado nessa hora. E tombam.

Por 20 e poucos dias, não fui alcançado pelo plano de vacinação, que deve chegar para mim até a próxima semana. Mas não quero politizar meu sofrimento e apontar o dedo para quem, de fato, abandonou os brasileiros à morte.

O que posso fazer agora, depois de minha agonia, do desespero, da instabilidade emocional que nos joga pra baixo a todo momento, das variações dos sinais vitais que nos dão sustos e nos fazem mergulhar no abismo, é dizer que temos de endurecer muito mais as medidas de isolamento.

Sei que parte da população não tem como se livrar do transporte coletivo lotado para ir buscar seu trocadinho e não passar fome. Mas além desses há multidões de irresponsáveis - jovens em sua maioria -, cuja atitude criminosa só comprova uma loucura coletiva e o desprezo pela vida que tomaram conta do nosso Brasil.

Na minha internação, vi jovens de 20 e poucos anos lutando pela vida, arfando mais que eu, com a respiração curta, entrando no oxigênio e prestes a serem entubados.

Duas, três semanas de paralisia total. Um mês que seja, nada disso chega perto do inferno de enfrentar essa doença traiçoeira. Obrigado a todos! Que Deus ilumine seus corações e mentes para que possamos, dos escombros, construir novas formas de vida e solidariedade.

[*] É jornalista, professor da UFS e presidente da Funcaju.

 

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