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Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Sem Manelito Neto, Henrique Júnior reúne humildade e dedicação para tocar Grupo Samam
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Henrique Júnior: embrenhado no agronegócio, reconhecendo o irmão, mas com boa retaguarda

“Se dependesse de mim, não usaria a denominação superintendente. Não precisa isso e eu não preciso disso. Eu e Manelito Neto nem usávamos isso nas empresas. Eu continuarei me apresentando como diretor das empresas. Isso para mim é o suficiente, e está bom. Meu irmão Manelito era um administrador muito bom. Diria que ele era um grande administrador”.

Estas afirmações são feitas pelo empresário e administrador de empresas Henrique Brandão Menezes Júnior, 52 anos, um dos quatro filhos do empresário Henrique Brandão Menezes, 82 anos, mantenedor do Grupo Samam, de 93 anos, que gera cerca de 2.500 empregos diretos e está entre os 10 mais fortes grupos empresariais do Estado de Sergipe.

Mas, querendo ou não assumir a nomenclatura de superintendente, a fatalidade empurrou Henrique Júnior para este posto que cabia ao irmão Manelito Menezes Neto, falecido aos 56 anos no dia 12 de fevereiro deste ano vítima da Covid-19, e por quem Henrique Júnior não esconde a admiração e nem desconhece a importância que tinha nos negócios da família - que vão da venda de automóveis novos, pneus à indústria sucroalcooleira.

“Meu irmão Manelito tocou muitíssimo bem tudo o que fez em vida. Infelizmente, ele partiu em cima da hora da maturação da Indústria Taquari, porque o objetivo dele era o de chegar a moer um milhão de toneladas de cana por safra, e a perspectiva é a de chegarmos a essa marca daqui a dois anos”, diz Henrique Júnior.

Manelito Menezes fará dia 12 três meses de falecido: reconhecimento como bom administrador

A Indústria Taquari é uma das 14 empresas da família Brandão Menezes. Montada na década passada a partir do chassi da antiga Fazenda Taquari, em Capela, onde os Brandão Menezes lidavam com gado, ela hoje produz açúcar, etanol, aguardente e energia - com termelétrica queimando o bagaço da cana.

Esse era um território quase que exclusivamente de Manelito Neto, que respondia pela Superintendência do Grupo Samam inteiro, mas se dedicada efetiva e apaixonadamente aos assuntos da cana de açúcar, que hoje envolve 10 mil hectares de terra plantada, com sete mil deles diretamente da família e mais três mil de terceiros.

E ao assumir o comando geral do Grupo Samam em fevereiro, Henrique Júnior teve de cair de braçadas no negócio da cana que, aliás, apesar de novo, é majoritário na geração de empregos pela família, mas que não era a praia dele. “Dos 2.500 empregos que geramos, a Indústria Taquari responde por 1,5 mil – portanto, ela é absolutamente majoritária na nossa grade de geração de empregos”, admite Henrique Júnior.

“Eu que nunca pensei na ausência do meu irmão entre nós e nem em vir totalmente pro lado da indústria, recebi isso como uma coisa do destino. Mas devo dizer que não tenho dificuldades, porque, apesar da minha atividade urbana, fui criado como um pé no campo, embora mais para a pecuária, porque era do que cuidava a Fazenda Taquari antes de entrarmos para o mercado de cana de açúcar com a Indústria Taquari. Eu nunca tinha ido para a esfera da agricultura. Mas agora estou encarando tudo como um aprendizado, e às vezes passo a semana no campo. Geralmente fico três dias diretos na Indústria Taquari”, diz.

Henrique Brandão Menezes Júnior reconhece, comovido, que Manelito Neto botou “coração e alma” nos negócios da cana de açúcar. E muito lamenta que o irmão tenha partido exatamente na hora em que tudo estava se encaminhando para as plenas maturidade e viabilidade econômicas do negócio.

“Manelito passou por 10 safras semeando. Ele ficou moendo aí 250 mil, 300 mil, 350 mil, 400 mil toneladas, o que poderíamos chamar de safras miudinhas. Chegou às 616 toneladas no ano em que ele faleceu, e foi um super recorde. Vamos agora às 850 mil toneladas - estamos com o campo pronto para nos responder com essa previsão. E temos a projeção de um milhão de toneladas logo-logo. Eu sei que Manelito está lá em cima nos ajudando”, reconhece Henrique Júnior.

“Portanto, não posso deixar de reconhecer que a importância dele para a Indústria Taquari é soberana. A importância de Manelito para a indústria é de 100%. A montagem dela foi 100% da cabeça dele. Ele idealizou e tocou tudo. As 13 safras que nós já moemos passaram 100% pelo idealismo de Manelito. A partir deste mês de setembro, estaremos indo para a 14ª safra, com essa previsão das 850 mil toneladas. Nós moemos da safra deste ano, começada no ano passada, as 616 toneladas - e em tudo isso tem o DNA de Manelito Neto. Este ano já foi um recorde nosso”, complementa.

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O “novo superintendente” do Grupo Samam admite que a transição que ele faz para o campo, com o objetivo de preencher a vacância do irmão que partiu, não deve gerar prejuízos nem preocupações para os negócios de automóveis. Para Henrique Júnior, sua retaguarda está bem consolidada nessa esfera.

“Agora, pela fatalidade, vou ter de tocar tudo. Mas temos ajuda de familiares. Eu mesmo já tenho, de alguns anos, meus dois filhos, Hélio Dantas Neto e Rafael Menezes, trabalhando no grupo, e o genro de Manelito, Valfran Lima, casado com a primogênita dele, Marina Menezes, está atuando com a gente agora na indústria. Os meus já atuavam nas concessionárias e continuam nelas. As minhas novas demandas e atribuições exigiram que me afastasse um pouco da gerência das concessionárias”, diz Henrique Junior.

“Para a minha sorte, um desses meus filhos, o Hélio Dantas Neto, já estava bem seguro e adiantado na parte da administração das lojas. Ele é um rapaz de 28 anos e há três vem fazendo rodízio e substituindo todos os gerentes comerciais das lojas durante as férias deles. Isso em todos os setores: vendas, pós-vendas e peças. Sem contar que nosso pai ainda é uma fortaleza para o trabalho. Trabalha mais do que eu”, completa.

No segmento automóvel, o Grupo Samam representa as marcas Fiat, Jeep, Hyundai, Honda e Caoa. “Fiat e Jeep juntos são os carros-chefes, que compõem uma só empresa, a Samam. As duas juntas são o maior negócio nosso nesse setor”, avisa Henrique Junior. “Manelito e eu sempre fomos sócios. Ele tinha 50% e eu 50%, e nenhum mandava um no outro. Agora somos eu e as filhas dele”, diz. “No comando dos negócios éramos três e agora somos dois. Éramos eu, meu pai e Manelito. Infelizmente, com a saída de Manelito, ficamos eu e meu pai”, diz. Que sigam bem.

 

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