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Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Valadares Filho deve disputar Prefeitura ou se guardar para 2022?
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Valadares Filho: e agora, José?

Para começo de conversa, uma boa obviedade: na política, ninguém vive de quase. Como na vida. Os quase nascidos, não estão vivos. Ora, não nasceram.

Em três eleições majoritárias - duas para a Prefeitura de Aracaju e uma para o Governo de Sergipe -, Valadares Filho, PSB, quase foi prefeito e quase foi governador.

Aliás, quase não se aplica bem à disputa de governador, na qual ele foi massacrado literalmente, sem espaço para um quase. No segundo turno, perdeu para Belivaldo Chagas por vexaminosos 308.523 votos de diferença - 679.051 a 370.161.

Mas nas três eleições majoritárias de que tomou parte - 2012, 2016 e 2018 -, Valadares Filho pôs no mealheiro eleitoral 618.528 votos - isso medindo os coeficientes das votações dos segundos turnos de 2016 e 2018 e não dos primeiros.

Sim, é um cabedal muito auspicioso de confiança dos sergipanos na pessoa dele ou nas circunstâncias que ele representou naqueles três momentos.

Mas voltemos ao quase: não foram, em nenhuma das três oportunidades, votações suficientes para ele superar os obstáculos e se eleger prefeito da capital ou governador do Estado.

Em 2012, Valadares Filho obteve 113.932 votos dos aracajuanos, mas insuficientes para alcançar João Alves Filho que, do alto de 159.668 votos desses mesmos aracajuanos, roeu a corda e levou a Prefeitura para a si em primeiro turno.

Ali, Valadares Filho era o queridinho do PSB, do PT, do PCdoB - enfim, de um grande bloco que ainda hoje manda na Prefeitura e no Governo de Sergipe, do qual ele se fez um desterrado.  

Em 2016, na disputa de novo por Aracaju e em 2018, pela do Governo do Estado, Valadares Filho vai às urnas peitando essa tradição da qual, ao lado do pai Antonio Carlos Valadares, sempre fez parte.

Em 2016, perde no segundo turno para Edvaldo Nogueira, então PCdoB, por 11.836 votos de diferença. Foram 146.271 contra 134.435.

Nesta brincadeira do quase chegar lá, Valadares Filho terminou botando a perder um porto seguro que lhe rendeu 12 anos de Congresso Nacional: os mandatos de deputado federal obtidos em 2006 – com 85.450 votos -, em 2010 - com 95.680 – e em 2014 -, com 68.199.

Está óbvio que hoje ele é um ex-deputado federal. E um ex vale tanto quanto um quase. Uma nova eleição está batendo às portas de Valadares Filho. E agora, José? Será que ele tem cavalo preto no qual fuja a galope?

Em síntese: Valadares filho deve ir para essa quarta tentativa eleitoral? Tem condições de se eleger ou será candidato a acumular um quarto quase? Ele deve preservar-se agora e tentar atalhar seu mandato de deputado federal lá em 2022?

Qual seria o preço para uma quarta derrota majoritária dele numa disputa em 2020? Quais são as condições de aliancismo que se lhe ofertam nesta hora?

Pelo que se lê no tablado do sucessão de Aracaju, as condições de aliança para ele são as piores possíveis. Como cebola, Valadares Filho e seu PSB vêm perdendo aliados em camadas fortes.

Não é mais do clã de Jackson Barreto, nem de Belivaldo Chagas, nem de Edvaldo Nogueira. Não come mais no mesmo cocho de Eduardo Amorim e de André Moura, como fora em 2016 na sucessão municipal da capital.

Perdeu até enormes referenciais do seu próprio PSB, como o deputado Luciano Pimentel, o vereador de Aracaju, Lucas Aribé, o prefeito de Propriá, Iokanaan Santana. E o pai, o então senador Antonio Carlos Valadares, está nocauteado e enganchado nas cordas do ringue.

O senador Alessandro Vieira, que em 2018 lhe apoiou no segundo turno, correu para armar sua própria tenda política com a candidatura de Danielle Garcia. Aliás, numa quase inversão de valores político-eleitorais, Alessandro anda cutucando Valadares Filho para que apoie Danielle.

O discurso de Valadares Filho é o de que está pré-candidato a prefeito - o pai até diz que ou ele tem candidatura ou é a morte do PSB em definitivo em Sergipe. Mas as condições materiais não parecem validar o seu discurso.

Possivelmente Valadares Filho nutra temor pela síndrome do quase. Mas, e se não for agora, ele será um quase deputado federal em 2022? O que fica, para fim de conversa, é a reiteração da boa obviedade: na política, ninguém vive de quase.

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