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Deputados aprovam medidas de transparência e limitam emendas de relator a R$ 16 bi em 2022

Sessão do Congresso Nacional: senadores votarão a proposta em seguida / Marina Ramos/Câmara dos Deputados

Os deputados federais aprovaram, em sessão do Congresso Nacional, as medidas de transparência na apresentação, aprovação e execução de emendas de relator-geral do Orçamento, classificadas como RP9. Os senadores votarão a proposta em seguida.

O texto aprovado é o substitutivo do senador Marcelo Castro, MDB-PI, ao Projeto de Resolução do Congresso Nacional - PRN 4/21 -, que determina um teto para o valor das emendas de relator equivalente à soma das emendas impositivas individuais e de bancada.

Isso vai representar R$ 16,2 bilhões no ano que vem, valor próximo das emendas de relator deste ano, com uma dotação de R$ 16,8 bilhões.

A proposta foi aprovada na Câmara dos Deputados por 268 votos contra 31 e 1 abstenção. Fizeram obstrução os seguintes partidos: PT, PSB, PDT, Novo, PCdoB, PV e Psol.

TRANSPARÊNCIA - As indicações e as solicitações que fundamentaram as emendas RP9 serão publicadas individualmente e disponibilizadas em relatório em sítio eletrônico da Comissão Mista de Orçamento somente a partir de agora, e não retroativamente.

As indicações deverão ser compatíveis com o Plano Plurianual – PPA - e com a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO -, e estar de acordo com a legislação aplicável à política pública a ser atendida.

A votação é uma resposta à decisão do Supremo Tribunal Federal - STF - que suspendeu a execução das emendas de relator. O STF alega que é necessário dar publicidade e transparência à distribuição dos recursos com base em demandas de parlamentares.

Marcelo Castro entende que o relatório atende 100% a decisão do STF. “O passado não está na resolução. A resolução não tem poder para isso”, ponderou. O senador observou que o Ato Conjunto das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado 1/21 já decidiu, na sexta-feira, ser impossível estabelecer retroativamente um procedimento para registro das emendas.

O líder da oposição, deputado Alessandro Molon, PSB-RJ, afirma que o projeto não garante transparência para as emendas de relator, nem no passado nem no futuro. “Além da transparência, é necessário ter isonomia e critérios para distribuição dos recursos”, declarou.

O deputado Coronel Tadeu, PSL-SP, rebateu as acusações da oposição. “Secretos eram os bilhões de reais desviados das estatais, conforme descobriu a Operação Lava Jato”, disse ele.

LARANJINHAS - De acordo com o texto aprovado, o parecer preliminar do projeto de lei orçamentária deverá especificar o limite financeiro total, assim como o rol de políticas públicas passível de ser objeto de emendas.

O relator-geral poderá indicar a execução das programações a partir de solicitações recebidas de parlamentares, além de agentes públicos ou da sociedade civil.

O deputado Marcel Van Hattem, Novo-RS, criticou esse dispositivo, por temer que as indicações de agentes públicos ou da sociedade civil sejam utilizadas para ocultar sugestões de outros parlamentares. “Temos um “laranja” como relator do Orçamento. A decisão cria “laranjinhas” que poderão servir de indicação. É impossível identificar quem indicou o quê", afirmou.

OBRAS - Marcelo Castro alertou para a ameaça de paralisação de obras por causa da decisão do STF. Neste ano, foram empenhados R$ 9,3 bilhões em emendas de relator, sendo que quase a metade foi para Saúde.

Além disso, R$ 7,6 bilhões de emendas ainda não foram empenhados. As autoridades responsáveis têm até sexta-feira, 3, para indicar os montantes dos cronogramas de pagamento que serão utilizados ainda neste ano.

O deputado Giovani Cherini, PL-RS, reclamou dos recursos da oposição ao STF depois de perder decisões no Congresso. “A oposição está desesperada porque não sabe perder e não aprendeu que a democracia é da maioria”, afirmou.

O líder do Novo, deputado Paulo Ganime, RJ, afirmou que as emendas de relator tiram recursos de ministérios para fazer políticas públicas. “O Parlamento tem de participar da definição do Orçamento, mas estamos oficializando algo que é ilegal, imoral e inconstitucional”, disse. (Agência Câmara de Notícias).

 

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