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Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

André Moura atenta contra ele mesmo tentando mudar de posto e patente
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André Moura: misturando peso de potes e rodilhas

Tudo o que o deputado federal André Moura, PSC, amealha de bom para si ao posar de quem traz muito para Sergipe na contribuição para uma suposta unidade da classe política, espalha e cisca politicamente ao deixar vazar que há 40 prefeitos sergipanos que não aceitariam o senador Eduardo Amorim, PSDB, como candidato ao Governo do Estado e que exigem o santo sacramento do nome dele para governador.

Pensar assim é pensar sem os pés no chão. Há nisso, uma desabrida imaturidade política de André Moura. Aliás, uma imaturidade que este parlamentar doura e balança em todos os atos e instantes de sua “carreira” de líder do Governo de Michel Temer e na condição de um aspirante avexado a mudar de posto e de patente política na estadual a qualquer preço.

Sem dúvidas, o modo de André Moura tocar seu berrante político é crivado de imprudências por todos os lados. Imprudências e riscos. E, com o perdão do lugar comum, quem toca o berrante com sopro muito destoante termina por espantar a boiada.

A imprudência de André Moura vaza de diversas frentes. Vaza da sua condição de líder de Michel Temer, um presidente que surfa em altos índices de impopularidades e que a qualquer rabanada pode açoitar o líder ribanceira abaixo.

A imprudência de André Moura vaza de sua escalada muito afoita na tentativa de mudar de andar da política estadual sem cumprir determinadas etapas, sem respeitar os parceiros, sem assentir zelo para com quem amealhou peso e força primeiro e lhe é par.

Veja que casos mais bizarros: André se acha tão senhor de si, que já demudou internamente antes mesmo de uma mudança na prática se materializar. Traduzindo: de deputado federal, pensou o Senado e antes mesmo que o Senado lhe acalentasse a asa, já idealiza o céu do Governo do Estado. E dele se fez hospedeiro.  

E aí, nesse caso, a imprudência não o permite levar em conta se no agrupamento em que faz política ele é o primeiro ou o derradeiro em preferência, seja para o Senado, seja para o Governo. E, na verdade, é o último. É o derradeiro - em ambos. E com garbosa rejeição. Mas o ego de André vê, enfileirados, 40 prefeitos dizendo: “lhe queremos e não a Eduardo Amorim”.

Um outra bizarrice patente na esfera andreniana: a visagem dos 40 prefeitos tida por ele, derruba, de antemão, logo a Eduardo Amorim e nem se fala no outro senador, o Antônio Carlos Valadares, que é o que tem aparecido, entre os três nomes da oposição, com os melhores índices de intenção de voto, seja para o Governo seja para uma reeleição.

A conclusão a que que se chega, enfim, é a de que André carece de uma reengenharia política no chassi pessoal. No modo de pensar e de agir. No modo de pensar e de conceber o futuro político. No modo de se inserir em grupo. Onde diabos andará, e o que pensará sobre essas peraltices, o pai dele, o ex-deputado Reinaldo Moura, que é um sujeito que pensa política um palmo além do nariz? 

Quando se olha para os problemas do interior de Sergipe, para as relações da política, para os tipos políticos envolvidos na gangorra, para os grupos a comporem, soa como se André estivesse empunhando uma vontade pessoal e colocando acima e sobre as demais figuras políticas. Como se não se lincasse a muitos. Um deslocado. Quem o quer governador? Quem o quer senador?

Mas não foi assim que Marcelo Déda se fez governador de Sergipe por duas vezes - ambas, inclusive, à margem de André; não foi assim com as duas de Albano Franco, nem com as três de João Alves Filho e nem com a única vez de Antônio Carlos Valadares que, apesar de o ter sido em 1986, tem uma intermitência duradoura sobre até hoje, no desdobro de três mandatos de senador.

E nem se diga aqui que o caso de André Moura é problema de idade. Coisa de jovens afoitos. Talvez seja problema de cultura política. De intransigência, intolerância e queres. Mesmo porque, André não é mais esse menino todo. Faz 46 anos no dia 23 - dois anos mais velho do que João Alves quando se fez governador em 1982; na mesma idade de Valadares quando chegou lá em 1986, e somente três anos mais moço do que o Déda eleito de 2006. Já décadas para mais habilidades.

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