O ex-deputado federal Márcio Macedo, vice-presidente nacional do PT, tem assumido posturas de um quase beato político quando entram em cena os destinos de Luiz Inácio Lula da Silva, a sua iminente interdição política futura e outros parangolés nesta esfera.
Bem ao espírito dos petistas afetados, sempre que se manifesta tendo Lula por foco de observação Márcio Macedo produz pérolas desengraçadas de parcialidades. Veja esta, da última terça-feira, dito por ele aqui nesta coluna Aparte.
“O único resultado justo para sair de lá (da quarta turma do Tribunal Regional Federal de Porto Alegre) em respeito à legislação brasileira e ao estado democrático de direito é a absolvição de Lula. Nós queremos que dê o respeito à democracia e ao estado democrático de direito. Não se pode condenar um homem sem crime”, disse ele.
No dia 8 de junho do ano passado, Márcio Macedo foi entrevistado domingueiro do JLPolítica e veja, leitor, de que modo ele responde à pergunta “do ponto de vista do presente, o PT descarta a possibilidade de Lula vir a ser preso?
“Achamos que se isso acontecesse, seria uma ruptura do processo democrático. Seria rasgar a Constituição e seria a maior injustiça que a Justiça poderia fazer. Não pode um guardião da justiça, um juiz, cometer um crime contra a Justiça. Lula é um homem inocente e não há nenhuma prova material contra ele. Então, achamos que uma prisão dele seria uma aberração para o Brasil e para mundo”.
Claro que este texto aqui não quer demover Márcio Macedo das suas convicções beáticas diante de uma Lula sujíssimo e antirrepublicano que ele vê como limpíssimo. E nem vai esperar que ele entre numa campanha falando mal do seu próprio partido, que cometeu um dos maiores estelionatos contra a consciência coletiva do Brasil e dos brasileiros.
Há que se levar em conta que este mesmo Márcio Macedo parcial, penso e torto, vai tentar cativar os sergipanos a lhe darem um segundo mandato de deputado federal - ele fora eleito em 2010 com 58.782 votos, o sétimo de oito, puxado pelo prestígio de Marcelo Déda. Mas a lógica parece acenar para a necessidade de Márcio ter uma interlocução com a sociedade sergipana pelo menos margeando uma autocrítica razoável.
No entanto, Márcio não parece preocupado com o que os sergipanos pensam do PT, de Lula e da barafunda toda que eles promoveram e promovem. Aliás, Márcio não vê barafunda alguma e, logo, não relativiza nada. O que lhe vale e lhe importa é saber se Lula está certo ou se está com razão.
“Eu acho que se Lula for candidato, (o PT) tem chance de fazer dois (federais em Sergipe). Não é simples numa eleição de oito, com cada partido vindo com um candidato só - apenas o PMDB e o PT talvez tenham mais de um. Não é um cenário simples. Mas se você pegar o cenário do PT, nós temos voto para fazer dois, dependendo da tática eleitoral que tivermos. Acho que um é certeza, e o outro é possível. Vou trabalhar para ser o primeiro”, diz. Este o “um é certeza e o outro é possível” é uma referência a ele a João Daniel.
Na contramão do ânimo de Márcio, o que os analistas mais céticos indicam é uma extrema dificuldade de o PT fazer um deputado federal este ano, quanto mais a de eleger dois - ele e João Daniel. Se Eliane Aquino entrar em cena, a coisa periga mais ainda, podendo não ser nenhum deles. Ainda dentro do ânimo que embala Márcio Macedo, ele bate forte os tambores do ufanismo.
“Estou muito feliz. Vou ser, em 2018, o leão que fui em 2010 e não o cordeiro que fui em 2014. Esses dias aqui em Aracaju estou me organizando. As pessoas que ajudei em 2016, com quem estive presente, candidatos a prefeitos que ganharam e que não ganharam, estamos conversando, fazendo o planejamento da campanha. Trabalhando os movimentos sociais, sindicais, populares. É uma fase de conversas e organização da campanha no Estado inteiro”, diz.
“Estou muito feliz com a receptividade, que está muito boa. Um clima muito mais favorável do que foi quando eu estava com mandato. Estou no meu melhor momento na política. Eu tenho certeza disso. Não sei como está o dia a dia dele (de Joao Daniel). Eu não tenho o desgaste que é natural do mandato por não ter como atender a todas as demandas. Estou muito leve, livre e solto. Estou bem. Muito otimista”, afirma.