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Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Dar mais 120 dias de sobrevida à Fafen pode não salvá-la, mas traz esperança
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Jackson Barreto marcou presença forte na reunião, e ganhou mais uns dias (Foto: Roque Sá)

De 30 de junho para 30 de outubro há, sem dúvida, a dilatação de uma esperança em nome da sobrevivência, ou da salvação, da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados - Fafen - em suas unidades de Sergipe e Bahia. 

São 120 dias para se achar uma solução sem dor. São 120 dias que tiram - ou botam - o tema do calor da pauta eleitoral que vai tomar de Sergipe nestes próximos dias até exatamente outubro. O 30 de junho era a data que a Petrobras dera para encerrar de vez as atividades da planta da Fafen nestes dois Estados. Ou fazê-la hibernar.

Na tarde desta terça-feira, numa reunião em Brasília com Pedro Parente, presidente da Petrobras, e representantes dos dois Estados, o governador de Sergipe, Jackson Barreto, acenou com os 120 dias a mais de dilatação como um último suspiro.

Foi de pronto atendido - apesar de sombrias ressalvas de Pedro Parente. Na verdade, o projeto que vem do Governo Federal para “hibernar” - que verbozinho mais eufemístico - a Fafen a partir de junho não agradou a nenhum mortal deste Estado. Nem aos da Bahia.
 
“Gostaria de dizer que para nós, sergipanos, essa notícia é um golpe profundo na economia. No momento em que o Estado avança com um investimento de R$ 5 bilhões na construção da termoelétrica, para que a gente dê oportunidade para futuras gerações, a Fafen, que nasceu em 1982, que deu ao Estado vários investimentos, pretende encerrar as atividades”, reagiu Jackson Barreto. 

“Nós precisamos da Fafen. Nossa proposta é de mais 120 dias para estudar alternativas sobre o funcionamento da unidade”, completou ele. E para não ficar apenas no discurso “apelativo”, o governador sugeriu condições concretas de contrapartida da própria Petrobras nesta hora difícil.

“Nós sabemos que o que mais incide na Fafen é o valor do gás, que é de responsabilidade da Petrobras, e que cobra um preço exorbitante. Vamos discutir o preço do gás natural, a tarifa de energia elétrica, a tarifa de água”, sugeriu ele. 

“Faço um apelo para que possamos rediscutir esse caminho com a bancada, com os representantes da Bahia. Quando se fala em R$ 600 milhões de prejuízo, na verdade não chega a R$ 200 milhões, porque nesse valor se inclui até ações judiciais”, comparou Jackson. 

“A Petrobras e a Fafen têm compromisso social. Não quero nunca que a Fafen seja prejuízo. Quero que ela seja importante para Laranjeiras, para Sergipe e para a Petrobras, mas sabemos que hibernar significa sucatear”, comparou JB. Ele lembrou que em Laranjeiras a fábrica gera 272 empregos diretos e mantém uma importante cadeia de misturadoras e serviços.

Pedro Parente aceitou a proposta de Jackson Barreto de ter mais 120 dias a partir de 30 de junho para estudar alternativas e explicou que o processo de hibernação das unidades da Fafen em Sergipe e na Bahia faz parte do plano de medidas de contenção de despesas da empresa, anunciado desde 2016. “Não podemos subsidiar, mas estamos dispostos a conversar”, disse Parente. 

“Sabemos que temos que cumprir nossa responsabilidade social. No entanto, essa responsabilidade social não pode imprimir prejuízo à empresa. Atendendo à solicitação do governador de Sergipe, daremos 120 dias a partir de 30 de junho para que os Estados e a indústria se engajem para encontrar soluções”, reforçou Parente. Este gesto pode não salvar a Fafen, mas traz uma esperança.

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