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Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Eduardo Amorim, a promessa que vai murchando na véspera
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Eduardo Amorim, a promessa que vai murchando na véspera

A véspera das boas coisas costuma acender expectativas. Mesmo a do peru, que não sabe que vai morrer e ainda ocorre de ficar mais alegrezinho quando lhe dão uma pinga para que a carne lhe fique mole, um pouco mais afofada, depois do abate.

Virar governador de um Estado deveria servir de grande encanto para quem está às vésperas de uma disputa para isso. Mais ainda para quem há quatro anos andou babatando esta possibilidade. Para quem chegou quase perto, como é o caso do senador Eduardo Amorim, PSDB.

Mas o que se vê neste senador é uma promessa que vai murchando. E murchando exatamente na véspera, quando o botão que quer virar flor sempre engrossa o bulbo, até explodir em pétalas.

Para manter o mesmo nível da força desta imagem, o senador Eduardo Amorim hoje funciona como uma flor que faz esforço para voltar a ser botão. Como na canção do Chico, age como quem quer “voltar à escuridão do ventre”.

Em qualquer roda de conversa política que se participe em Sergipe, e onde haja pessoas isentas perante o assunto, o fastio de Eduardo Amorim em face da possibilidade de ser governador pela eleição do ano que vem ilumina as falas com uma força que quase cega os interlocutores.

E há muita vasta razão nisso. A 13 meses da eleição, portanto quase fora da véspera, o que os sergipanos têm em cena é um Eduardo Amorim paradão. Atávico.

Um Eduardo Amorim que não consegue dizer com a mínima convicção que quer engatar uma nova disputa por uma nova eleição de Governo.

O que os sergipanos têm ao alcance da imaginação é um político inseguro, claudicante, com aparência e atitude de quem está disposto a anular três históricos muito positivos da sua curta carreira, simbolizados pela assombrosa cifra de 1.157.046 votos.

Isso mesmo: um milhão, cento e cinquenta e sete mil e quarenta seis votos em apenas três eleições – deputado federal em 2006 (115.446), senador em 2010 (625.959) e governador em 2014 (415.641).

A um político jovem como Eduardo, e com este espólio todo, não é dado o direito de se acocorar, pálido, e exibir a indefinição como porta estandarte. Mas cada um constrói seus símbolos, monumentos, histórias e chances.

Parodiando o poeta português José Régio, em “Cântico negro”, ninguém puxa o outro pelo colarinho e diz “vem por aqui”. Ninguém ajusta na cabeça do outro o chapéu que só o outro sabe como lhe cai bem.

Todos os gestos de Eduardo Amorim parecem encarnar dois versos do mesmo poema desse português: “Não, não vou por aí! Só vou por onde / Me levam meus próprios passos…”. E os passos dele parecem querer o caminho de volta ao Senado.

Mas se não tomar cuidado, lhe faltarão passadas até para isso. Porque o senso comum tem um quê de trágico e perverso, e não apresenta a menor tolerância com os fracos.

 

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