Aparte
Opinião - Um prognóstico sobre a eleição para presidente da República

[*] Rômulo Rodrigues

A eleição presidencial de 2018 transformou-se num fenômeno cuja interpretação de muitos velhinhos foi um “juro que eu não esperava viver para uma coisa assim acontecer”.

O fato concreto é que aconteceu, e um indivíduo desqualificado, figura abominável e patética, com um histórico político desprezível, foi eleito presidente da República.

Mas como isso aconteceu? Não sei. Só sei que foi assim. Mas, como me sinto na obrigação de registrar minha incredulidade e, para tentar entender, recorro aos números. Passados quase quatro anos de proclamados os resultados, só nos resta ver o quadro geral.

Na eleição de 2018, o primeiro turno registrou 107 milhões de votos válidos em 13 candidatos a presidente da República, com os principais votados, Jair Bolsonaro, com mais de 49 milhões, 46,03%, e Fernando Haddad, com mais de 31 milhões, 29,28%. Ciro Gomes, mais de 13 milhões, 12,47%.

Na ocasião, foram registrados os seguintes números: do total de 147 milhões de eleitores, 117 milhões compareceram, numa abstenção de 29 milhões de eleitores.

Os votos válidos foram 107 milhões, o total de nulos foi de 7 milhões, 6,4%; votos brancos, 3 milhões, 2,65%; ou seja, votaram 79,67% e se abstiveram 20,33%.

Detalhe bastante significativo do primeiro turno de 2018: dos 133 milhões de eleitores, 26 milhões não votaram em nenhum candidato, número que superou a diferença de Bolsonaro para Haddad em 8 milhões de votos, o que pode caracterizar que tal contingente de eleitores é também responsável pela catástrofe deste governo contaminado por militares.

No segundo turno, houve uma queda de cerca de 3 milhões no número de votos válidos, caindo para 104 milhões os apurados, com ligeiros aumentos das abstenções, nulos e brancos.

Enquanto Jair Bolsonaro subiu de 49 milhões para 57 milhões, Fernando Haddad subiu de 31 milhões para 47 milhões, num crescimento de 16 milhões de votos. O dobro de Jair Bolsonaro.

Mais uma vez a soma de votos de eleitores que se abstiveram, votaram em branco ou anularam seus votos, que seriam suficientes para definir uma questão aparentemente fácil, a escolha entre um professor, doutor em filosofia e mestre em gestão pública, testado e aprovado em duas passagens laureadas de governanças públicas e um cara que fora expulso de sua corporação militar por prática de terrorismo, que exerceu sete mandatos de deputado federal sem apresentar e aprovar um único projeto de lei, nem dirigir uma única comissão do parlamento, que não participou de nenhum debate público, que defendia a tortura, o feminicídio, o preconceito racial e prometia mandar matar adversários políticos, se omitindo e jogando o país a ter como consequências de seus gestos as mortes de mais de 660 mil mortes por Covid-19, a ter de volta o desemprego, a inflação e a volta ao mapa da fome da ONU.

O desafio de 2022 é não permitir que aconteça outro desastre, e os números indicam que é possível, com projeções de pesquisas, que Lula tende a superar a marca dos 57 milhões de votos no primeiro turno.

Na região Sudeste, com 63 milhões de votos, os números indicam possibilidade de 24 milhões para Lula. São Paulo, 39%; Minas Gerais, 44%; Rio de Janeiro, 35% e Espírito Santo, 37%.

Na região Nordeste, com 40 milhões - a Bahia dá 63%; Pernambuco dá 54.3%; Rio Grande do Norte 57,8% e os demais Estados acima de 50%, a projeção é de 22 milhões de votos para Lula.

Nas regiões Sul, Norte e Centro Oeste, com mais de 44 milhões de eleitores, não tem como não garantirem o resultado prognosticado.

[*] É sindicalista aposentado e militante político.

 

 

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