Aparte
Opinião - Origens de nossas agruras

[*] Rômulo Rodrigues

Foi de uma clareza chocante o agradecimento do secretário de Estado do governo Trump, Mike Pompeo, na hora da despedida dele e do chefe da Casa Branca a Bolsonaro por ter tirado o Brasil do bloco econômico Brics - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Foi um agradecimento típico do Amigo da Onça, personagem do humorista Péricles que ilustrava semanalmente uma página da revista O Cruzeiro, dos Diários Associados, há coisa de 60, 70 anos.

O poderoso secretário, com certeza, na hora do agradecimento estava pensando: fica otário, com a incumbência de explicar ao seu gado porque há uma inexplicável dificuldade de receberem os insumos da China, da Índia e da Rússia para fabricação de suas vacinas.

Para os que não sabem e para os que sabem e não dizem por serem canalhas, vai a explicação, para não ter que desenhar. Para reforçar seu escárnio contra o Brasil e o povo brasileiro, Donald Trump, horas antes de se apear do cargo de presidente dos Estados Unidos da América assinou o indulto de Steve Bannon, seu guru eleitoral e também responsável pela imensa produção robotizada para espalhar fake news e viabilizar a eleição de Bolsonaro na maior fraude acontecida em nosso país, que só o TSE e o STF fazem questão de não enxergar.

Entretanto, antes de Trump se eleger presidente a operação para destruir o Brasil e eliminar silenciosamente parte do seu povo já estava em andamento.

Os EUA desenvolveram e aplicam várias táticas de ocupação de países para usurpação de suas riquezas, muitas vezes invadindo, matando e destruindo.

No Brasil, tudo foi feito sem disparar um único tiro. Foi só conseguir o apoio total dos políticos corruptos, da mídia patronal hegemônica, de parte do Judiciário, do Ministério Público Federal e das Forças Armadas.

O descalabro econômico e sanitário que o país vivencia não é fruto de nenhuma incompetência, embora Bolsonaro, Paulo Guedes e Pazuello sejam comprovadamente incompetentes.

Na verdade, o que está em curso é um projeto de quebrar o Brasil para que ele não seja mais uma potência, esmagar sua soberania e praticar um genocídio, e isso já está ficando real.

Vejamos o que corroboram as palavras do secretário americano: os principais insumos das vacinas contra o Covid-19 são produções dos membros dos Brics Rússia, Índia e China.

Se o Brasil, mesmo com o golpe, ainda fosse respeitado por eles, não só teria vacina, como produziria insumos para o resto do mundo. Exemplo claro: Cuba, uma pequena ilha, irá produzir em 2021 100 milhões de vacinas Soberana-2.

Outra prova de nosso esfacelamento para enfrentar a crise sanitária: a Fafen-PR, estatal que foi sucateada e fechada por Bolsonaro, com capacidade de produzir 360 mil metros cúbicos de oxigênio por dia.

É preciso registrar que a escalada vem de alguns anos atrás. Em 9 de setembro de 2013, a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei do Pré-sal que destinava 75% dos royalties para a educação e 25% para a saúde através de um fundo soberano.

Em julho de 2014, logo após a copa do mundo, em Fortaleza, a presidente Dilma recepcionou os mandatários dos países participantes e foi consolidado o Brics e fundado o Banco Brics para investir em desenvolvimento a partir de demandas sociais.

A ameaça do Banco Brics de em curto prazo suplantar o dólar nas negociações dos preços da commodities foi a gota d’agua para acelerar o processo do golpe no Brasil com o aproveitamento da operação Lava Jato, tutelada pela CIA e pelo FBI. Este é o projeto que está sendo executado rigorosamente.

[*] É sindicalista aposentado e militante político.

 

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