Aparte
Opinião – Juscelino nasceu em Diamantina, e só!

[*] Rômulo Rodrigues

Ao ver Michel Temer desembarcar em Beirute, no Líbano, chefiando uma missão oficial do Brasil, só me veio à mente a letra do “Samba do Crioulo Doido” de Stanislaw Pontepreta.

O que está acontecendo no Brasil? 

Um pandemônio de imbecilidades, tentando roubar a cena de uma pandemia de irresponsabilidades, dá bem a dimensão do quanto a Casa Grande não aceita que a classe trabalhadora se organize e se veja com poder e representada, enquanto tudo permite aos seus representantes-raízes e aos que disfarçados de aliados dos trabalhadores façam e digam.

E o que fazem, seus representantes-raízes? Matam. Ameaçam matar, roubam, traficam cocaína, destroem o meio ambiente, atacam a cultura e vendem a soberania do país a troco de quaisquer 30 moedas.

E o que fazem os que se disfarçam de aliados dos trabalhadores, como plantas oportunistas, sugando a seiva da hospedeira e depois conspiram pela sua morte? É o que dá para sentir na ofensiva de algumas dessas plantas como na deselegância do deputado federal do PC do B de São Paulo e pré-candidato a prefeito da capital paulista, Orlando Silva, ao ofender desnecessariamente o PT e o ex-presidente Lula, que lhe projetaram até se engasgar com uma tapioca.

Na capital paulista, há uma pressão para a retirada da candidatura de Jilmar Tatto, do PT, para apoiar a chapa do PSOL, com Boulos e Erundina, tudo dentro da normalidade política, já que o PSOL de Recife desistiu da candidatura própria para apoiar Marília do PT.

Em Porto Alegre, onde o PT já governou com sucesso, o partido abdicou de lançar um dos seus vários quadros, para apoiar Manuela, indicando o vice. Na cidade do Rio de Janeiro, após o PT indicar a deputada federal Benedita da Silva como vice do também deputado federal Marcelo Freixo, do PSOL, este retirou a candidatura, o PT lançou Benedita para prefeita e o PSOL indicou outro candidato.

Estes exemplos, por si só, mostram que o PT não é o partido intransigente, hegemonista e difícil de fazer alianças, como dizem por aí. Que fique claro que não dá mais para fazer com o PDT, cujo líder maior, Ciro Gomes, tem como objetivo nos destruir. Nem com o PSB, depois dos escrachos do seu presidente Carlos Siqueira.

Com a democracia estraçalhada, torna-se estratégico que o PT tenha candidaturas próprias no maior número de capitais e grandes cidades, principalmente, e sem abrir mão de onde for possível.

Hegemonismo? Não! Necessidade de retorno ao Estado Democrático de Direito, que só o PT pode encarar o enfrentamento em todos os municípios do país. O Partido dos Trabalhadores sofre ataques desde sua fundação, há 40 anos, exatamente por ser da classe trabalhadora. A burguesia, que aparenta não ter ódio, terceiriza-o entre setores das classes dominadas e faz do PT o monstro que a opinião publicada quer tornar pública.

Os remédios receitados são tão antigos como Cibalena e Melhoral. Corrupção e violência e sempre, sempre associando as causas à política e jogando a culpa no PT. Exemplo clássico: desde a década de 1990 que a família Bolsonaro pratica delitos graves, todos sabem, acobertam e acham normal o senador ter comprado dois imóveis por R$ 630 mil com dinheiro vivo e no depoimento dizer que não lembra. A Lula bastou visitar um, sem comprar, para ser condenado sem prova alguma.

Mas voltando ao protagonismo local do PT. A candidatura de Márcio Macedo cumpre um papel estratégico para impedir que a união da direita com a extrema direita tome de assalto a nossa Capital, e vem se colocando com desenvoltura e vai surpreender e crescer muito. Só não pode cometer o erro de gastar munição atirando em alvos errados e não mirar no principal: o inimigo da democracia.

Quanto a Jackson Barreto, faz bem não esquecer seu passado histórico e na eleição de 1994, onde ajudou a resgatar Marcelo Déda do fundo do poço e projetou José Eduardo no panteão da política. De lá para cá, o PT voltou a subir a ladeira da glória.

[*] É militante político e sindicalista aposentado.