Aparte
Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Newton Porto leva a Alckmin retrato cru e sem retoques da política de Sergipe
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Geraldo Alckmin e Newton Porto num momento de visita popular a um restaurante em São Paulo, no domingo

O presidente nacional do PSDB, governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que possivelmente será o candidato à Presidência da República dos tucanos, está preocupado em coletar dados sobre a situação política, econômica e social do Estado de Sergipe com vistas a atuar melhor nas sucessões nacional e estadual deste ano.

Especificamente com esta finalidade, Geraldo Alckmin manteve duas longas conversas com o advogado, ex-homem de banco, militante tucano e ex-secretário de Estado de Sergipe Newton Porto no domingo e na segunda-feira passados. De Newton, Alckmin recebeu um arsenal de informes num retrato cru e sem retoques da cena política sergipana.

Tucano quase de primeira hora, Newton foi coordenador estadual da campanha de Geraldo Alckmin em Sergipe em 2006, quando ele disputou a eleição presidencial com Luiz Inácio Lula da Silva e perdeu de 60,83% a 39,17% no âmbito nacional, repetindo quase os mesmos índices por aqui - foram 60,16% para o petista e 39,84% para o tucano em Sergipe.

O retrato pintado por Newton Porto não foi dos mais bonitos. Foi frontal e despido de bom-mocismo. Ele disse a Alckmin que muito provavelmente o candidato ao Governo de Sergipe pelo seu PSDB será o senador Eduardo Amorim, informou das decisões de Mendonça Prado de deixar o DEM, de lançar-se candidato ao Governo pelo PPS e depois voltar ao DEM, sem poupar Alckmin dos informes da tragédia de Ana Alves, falou de Belivaldo Chagas e Antonio Carlos Valadares.

“Informei-lhe de que o nome de Mendonça Prado estava causando até uma certa surpresa, porque estava obtendo uma recepção que a gente não esperava”, ponderou Newton sobre o que dissera a Alckmin. Lembrou-lhe que o DEM sempre esteve lado a lado com o PSDB dele aqui. Newton deu uma informação curiosa a Alckmin sobre Belivaldo Chagas, o “candidato do Governo”. “O candidato do governador, embora seja um homem afável, bom e simpático, não tem força política”, disse ao interlocutor.

“Ele não tem carisma político. É um cara que todo mundo gosta, porque é atencioso com todos, é muito simples, um sujeito bonachão, mas sem aquela força política. Eu acho ele um ser humano maravilhoso, trata todo mundo bem. E disse a Alckmin o seguinte: “ele não tem força pessoal, mas existe por trás dele um homem que quando a gente pensa que está liquidado, ressurge das cinzas e elege um prefeito em uma semana, como o fez com Edvaldo Nogueira, que todo mundo apostava que perderia em Aracaju e é um camarada até sem presença cênica que traduza uma força interior como político””, disse Newton ao paulista.

Por via de Edvaldo Nogueira, o papo de Newton com Alckmin resvalou para os Valadares. Newton disse, inclusive, que esta ação de JB com Edvaldo Nogueira em 2016 se deu vencendo “uma família de quem pelo menos ninguém ouve falar nada de mal”. “Não existe nenhuma denúncia grave contra os Valadares. Nem pai, nem filho. Mas a gente sabe que o governador tem uma maneira muito popular de fazer política e virou o quadro, e pode até causar uma boa surpresa com o candidato a governador dele”, teria externado a Alckmin.

Mas segundo Newton, Geraldo Alckmin perguntou-lhe diretamente: “E Valadares?” “Eu lhe disse: “o Valadares é uma incógnita. A gente acha que ele está um pouco em cima do muro. Sabe que tanto ele quanto o filho têm força. Ele pessoalmente sabe que tem tradição política, porque é senador de três mandatos, fez um Governo que não machucou ninguém e nunca ninguém ouviu falar de alguma denúncia que o colocasse em situação ruim. Não sei se ele vai se alinhar a alguém para fortalecer mais o filho para o futuro ou se vai dar uma guinada e aceitar disputar um mandato majoritário de governador””, diz Newton que disse a Alckmin.

“Concluí dizendo ao Geraldo Alckmin que eu e muita gente sentíamos que o senador Eduardo Amorim está forte, mas não tão forte como nós imaginaríamos que poderia estar à esta altura do campeonato. Achávamos que quando chegasse a esta altura ele seria o nome que todo mundo quereria, mas existe por trás dele a companhia do irmão, disso daquilo e daquilo outro. Enfim, o Eduardo não se converteu naquele político de uma empatia arrebatadora. Foi isso mais ou menos o que eu passei para o Geraldo Alckmin”, disse Newton Porto a esta coluna Aparte.

Para além da geografia política e humana, segundo Newton, Geraldo Alckmin quis saber também muito dos aspectos econômicos e geofísicos do Estado. Teria lhe recebido com um mapa de Sergipe distendido sobre a mesa e perguntou sobre o que prepondera hoje na economia do Estado, foi informado da briga entre o milho e cana-de-açúcar, e procurou informes de onde começam e terminam o agreste, a caatinga e zona da mata.

Newton esteve com ele no domingo, 14, durante a missa de sétimo dia do major Carlos Benassi, 53 anos, seu assessor direto que morreu de câncer, e Alckmin pediu que permanecesse em São Paulo para a conversa do dia seguinte, a segunda. Esta não foi a primeira vez que os dois sentaram-se para conversar sobre política de Sergipe e do Brasil.

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