Poema Jozailto Lima / Ilustração Ronaldson
a willard lima rios
penso que não
via longe o tropel
da mula dele castanha.
cascos pra sempre
trincando sobre o lajedo.
marcha batida, distâncias
vencidas, destroçadas:
quanta potência
naquele motor animal.
e eu ouvia o pulsar do seu cheiro
- aquele olor paterno
forrado a ternura e zelo
em viagem abissal
de lonjura pertinha
que a infância espicha e delonga
- a casa do avô
logo ali na caatinga dos morrinhos,
doce oferenda de brenhas.
no cabeçote, ancho,
sob o fôlego paternal
e o calor da mula
o menino ia tragando horizontes
picotados no ir e vir
da marcha batida do animal.
Do livro “Viagem na Argila”,
edição do autor, gráfica J.Andrade,
Aracaju, Sergipe, 2012.