Aparte
Opinião - O desafio de manter a dignidade na política

[*] Rômulo Rodrigues

Um comentário eivado de imbecilidade postado pelo ex-jogador de futebol e senador da República pelo Rio de Janeiro, Romário Faria, acendeu a luz do risco que é a propaganda e difusão diária pelos veículos de comunicação da classe dominante, sobre a queimação da política.

Em qualquer telenovela da Globo, como as que estão sendo reapresentadas, fica bem claro, em diálogos fortuitos, o desprezo pela política e os políticos, botando todos no mesmo balaio.

Como, quer queiram ou não, os já idiotizados, a emissora mais poderosa do país tem a cara, o sotaque e a malandragem do carioca, que elegeu Romário deputado federal e senador com 63,43% dos votos em eleição solteira, e tipos da marca de Wilson Witzel e Roberto Jeferson, toda e qualquer comparação pejorativa da sociedade é sempre baseada num personagem ou fato político que depois da eleição e reeleição da presidenta Dilma Rousseff explicita o grande conteúdo de misoginia acumulado nos subconsciente das camadas pequeno-burguesa e burguesa ascendente.

A declaração de Romário, eleito numa coligação com o PT, de que o Governo Bolsonaro é melhor que os de Lula e Dilma revela muito do caráter dele, que tenta com isso driblar os milhões de dívidas em impostos sonegados.

A falta de honestidade é menor que a de caráter, por ele ter uma filha com Síndrome de Down que, na concepção de Bolsonaro, não pode se misturar com as outras crianças para não nivelar por baixo.

Por sua vez, Ciro Gomes, no desespero de não ultrapassar um dígito nas pesquisas, retoma com virulência os ataques ao PT, Lula e Dilma, apostando que sua tática eleitoral vai carrear os votos do ódio ao PT.

A presidenta Dilma, do alto de sua dignidade, foi cirúrgica: “Lamento ter, em algum momento, dado a Ciro Gomes a minha amizade”.

O ódio de Ciro e Romário ao PT tem sua origem, agora revelada, na tese de um dos ganhadores do Prêmio Nobel de Economia, que defende que elevar o valor do salário mínimo não acarreta desemprego. É que nos governos do PT, o salário mínimo do Brasil teve aumento real de 76% acima da inflação.

A origem do antagonismo está estampada no noticiário jornalístico sobre o encontro do Movimento PT, realizado em 13 de outubro de 1979, onde foi discutido o esboço do que seria o estatuto do partido, em grandes debates.

No dia seguinte, a manchete de um jornal patronal foi: “Frango, polenta e divisão. Muito grupo num só partido”. Ali estava diagnosticado que o PT teria que ser combatido sem trégua, minuto a minuto, todas as horas, todos os dias.

Se carrega divergências explicitadas desde a reunião que acaba de completar 42 anos e convive com elas internamente, por que sufocar as que carrega num embrião de uma federação que viceja desde 1994?

Ano que vem será realizada a mais importante eleição majoritária da história da República. Em cada município, em cada estado, a luta entre os dois projetos em disputa vai ser renhida.

Em cada palmo de terra, em cada pedaço de chão, os candidatos dos blocos que não apoiarem Lula para presidente da República vão ter que comer o pão que o diabo amassou.

Principalmente, os que estiverem vinculado nacionalmente a Ciro Gomes e Romário Faria, porta-estandartes do bolsonarismo, com mais de 600 mil vidas perdidas, além dos bolsonaristas raízes.

A dignidade e a coerência estarão do lado do povo e isso já está incorporado por segmentos populares que viveram uma vida melhor e hoje disputam ossos e pés de galinha. Escolham seu lado, senhores!

[*] É sindicalista aposentado e militante político.

 

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