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Espaço dedicado ao compartilhamento de conteúdo literário, como de poesia, tanto publicada quanto inédita.

DÍVIDA PAGA
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Poema Jozailto Lima/Ilustração Ronaldson

nada devo 

à biografia de liberato.

 

de liberato 

velho

 

de liberato

errante

 

de liberato

livre. nada.

 

paguei-lhe 

lembrança por lembrança

com as moedas

sobradas da infância.

 

mas resta-me

um toco do seu luso

dialeto quase albino,

quase incapturável,

no compactado solo da memória.

 

sei que falava

de matas

sei que falava

de saguins

 

e que tinha uns olhos

entupidos de invernos

e réstias de primaveras.

 

e não por acaso

imantava-se sob o estirando nome liberdade.

 

(Do livro “Ainda os lobos”, editora Patuá, São Paulo, 2016).

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Maruze Oliveira Reis
Em tempos de inadimplência, pagar dívida com boa poesia é artigo de luxo. Os leitores agradecem!
Noedson Valois
Lindo poema. Recheado de metáforas.
Marcelo Adriano da Silva
Esse poema me trouxe muitas memórias.
Lilian Wanderley
Lindas e estranhas ou pouco usuais palavras para ditar coisas obscuras e essenciais