JLCultura
07 de Mai de 2022, 17h32
DÍVIDA PAGA
Poema Jozailto Lima/Ilustração Ronaldson
nada devo
à biografia de liberato.
de liberato
velho
de liberato
errante
de liberato
livre. nada.
paguei-lhe
lembrança por lembrança
com as moedas
sobradas da infância.
mas resta-me
um toco do seu luso
dialeto quase albino,
quase incapturável,
no compactado solo da memória.
sei que falava
de matas
sei que falava
de saguins
e que tinha uns olhos
entupidos de invernos
e réstias de primaveras.
e não por acaso
imantava-se sob o estirando nome liberdade.
(Do livro “Ainda os lobos”, editora Patuá, São Paulo, 2016).
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Maruze Oliveira Reis
Em tempos de inadimplência, pagar dívida com boa poesia é artigo de luxo.
Os leitores agradecem!
Noedson Valois
Lindo poema.
Recheado de metáforas.
Marcelo Adriano da Silva
Esse poema me trouxe muitas memórias.
Lilian Wanderley
Lindas e estranhas ou pouco usuais palavras para ditar coisas obscuras e essenciais