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ESTRANHO VISITANTE
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Poema Jozailto Lima/Ilustração Ronaldson

alguém está de pé
na minha soleira,
e é madrugada alta na vida
que não sei se é minha.
 
traz cheiro de orvalho,
tônus de cumplicidade
e a notável impressão
de não me ser um estranho.
 
mas não me lembro de jamais
tê-lo visto, e antes que o dia
amanheça não saberemos quem somos.
 
terno, me espreita e pressinto,
também, que não se lembra
de ter me visto antes de estar de pé
à minha soleira nesta madrugada que,
suponho, seja alta nessas duas vidas.
 
com cheiro de orvalho,
azáfama de séculos,
e ar de quem não veio
mesmo a dizer quem era,
retorceu sob a caixa
dos meus umbrais e se foi
como quem não tivesse
a menor preocupação
de ter sido um estranho.
 
mas me serviu de consolo ao fato
de que também não sei quem sou.
 
Do livro “Viagem na Argila”, edição do autor, gráfica J.Andrade, Aracaju, Sergipe, 2012

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Rollemberg
Não conhecia esta sua face mística. O poema contudo e primoroso
Josevânia Sobrinho
Que maravilha de poesia! Parabéns!
Maruze Oliveira Reis
Só a poesia é capaz de entregar o mistério encarnado em palavras , para o nosso espanto renascido ! Belo poema ! A tela revela a face do mistério- excelente ilustração- Bravo!
Noedson Valois
O amigo Joza goza de aguçada sensibilidade poética. Parabéns!