JLCultura
14 de Mai de 2022, 09h55
ODE AOS MEUS SAPATOS (CHÃO DAS ILUSÕES)

Poema Jozailto Lima/Ilustração Ronaldson
meus sapatos me isolam
do cio da natureza. da festa fácil.
mesmo assim, marcho.
eriço desejos, e piso.
cravo pegadas
na carne da vida.
no dorso dos dias,
no chão das ilusões.
escalo topos. cavouco prazeres
com digitais inexatas
de quem vai deixar o antitraço
na linha do horizonte,
no chão da combustão.
marca nenhuma no tempo:
sequer os sapatos isolantes
do cio da natureza.
mesmo assim, terei marchado,
e aberto meus idos.
e cravado todos os nadas
na carne da vida.
(Do livro “Ainda os lobos”, editora Patuá, São Paulo, 2016).
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