JLCultura
21 de Set de 2023, 13h46
RESÍDUO

Poema Jozailto Lima/Ilustração Ronaldson
trazia lembranças de minas.
cheirava a café, cheirava a fumo
cheirava os filhos e suas reses
espargia o olhar sobre todas as coisas
que não via há dias e lhe parecia meses.
auscultava os trovões e os gafanhotos.
arrebanhava as nuvens e o vento.
e eu ali, pequeno no pasto imenso,
descobrindo nele a alegria da volta
o pai, eis ali
em pó e poeira das estradas
empestando o ar com seu retorno
e caía na caiçara
e retornava no fim do dia
olhos repletos de cinza
e de alegria.
o pai, a data não importa,
me ensinou a alegria da volta.
(Do livro “Retrato Diverso”, 1º lugar do Prêmio Santo Souza de Poesia, Secretaria de Estado da Cutura de Sergipe, 2004.)
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