Poema Jozailto Lima/Ilustração Ronaldson
queria uma mulher azul.
azul azulzinha. azulanil.
que estancasse chuva de canivete
que chovesse filhos azuis
em minha porta de luz:
menininhos azuis azuis,
bem mais gabrieizinhos, bem mais murilinhos.
queria uma mulher azul
que inseminasse seus óvulos azuis
que abolisse a cor das demais cores
e que eclodisse paisagens e gentes azuis
em minha horta de alcaçuz:
catarininhas, florinhas e bruninhas azuis.
ah como eu queria uma mulher azul
numa rede azul
num ir e vir azul ceará
de coitos bem azuis
de reprodução azul
em minha horta de alcaçuz.
queria porque queria uma mulher azul.
que não fosse azul
de um azul de céu
nem azul de um azul de mar.
quero um azul de mulher azul.
quem souber em que horta há, favor sinalizar:
quero uma mulher azul, azulzinha de além ar.
estou farto de todas as demais cores.
quero uma mulher só azul.
pode ser grande, pequena. mas a quero azul.
azul da cor de uma mulher azul.
azul e serena. serena de não existir,
como o além do azul do azul.
Do livro “Viagem na Argila”, edição do autor, gráfica J.Andrade, Aracaju, Sergipe, 2012.