Aparte
Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Olimpíadas e feminismo: esporte pauta debate sobre equidade de gênero
Compartilhar

Esporte e equidade: quando andarão juntos?

Os jogos olímpicos de 2021 já estão sendo marcados pela participação recorde de mulheres - tanto em quantidade quanto em proporção -, e têm definido um caminho sem volta para a igualdade de gênero no esporte. 

Dos quase 11 mil atletas, 48,8% do total são mulheres, enquanto os homens representam 51,2%. A previsão é de que na próxima edição dos Jogos, em Paris, em 2024, as vagas sejam divididas pela metade, levando a uma participação ainda maior das equipes femininas.

O destaque se dá, claro, pelo fato de o Comitê Olímpico Internacional - COI - ter decidido diminuir as vagas masculinas e ampliado a oferta de modalidades para as mulheres, mas também - e principalmente - pelo comportamento delas no campeonato. 

A equipe alemã de ginástica, por exemplo, competiu com collants que cobrem as pernas, em vez do “tradicional” maiô mais curto, passando uma mensagem de repúdio à sexualização no esporte. Isso já tinha acontecido nos jogos, mas apenas por motivos religiosos, como no caso das jogadoras egípcias do vôlei de praia na Rio 2016. 

Já a seleção norueguesa de handebol de areia usou short em vez de biquíni no campeonato europeu e teve que pagar o equivalente a R$ 9,2 mil como punição. 

Enquanto as jogadoras são obrigadas a usar biquínis “com um ajuste justo e corte em um ângulo para cima em direção ao topo da perna”, seus colegas do time masculino jogam com folgadas camisetas e bermudas no handebol de praia — modalidade não olímpica.

A nadadora Alice Dearing, por sua vez, é a primeira nadadora negra a representar a Grã-Bretanha nos Jogos Olímpicos. Ela costuma usar uma touca que foi feita especialmente para ela, para cabelos afro. O que os organizadores da olimpíada fizeram? Proibiram o uso da touca porque ela "não acompanha o tamanho normal” da cabeça.

A competição em si já é estressante para todos os atletas, mas tudo isso deixa claro a carga desproporcional que as mulheres enfrentam ao competir. Se há mais de 50 anos elas foram para as ruas e queimaram sutiãs, quantos mais precisarão para deixarem de ser objetificadas em todos os lugares?

Até quando corpos femininos e suas roupas e cabelos ainda serão controlados? Até quando mulheres e homens terão tratamento e regras diferenciados, sempre com privilégios para o masculino? 

A resposta ainda é incerta, mas é fato que as atletas já preparam uma pequena revolução. Porque o feminismo pode - e deve - ser discutido e praticado em todas as esferas. 

 

Ω Quer receber gratuitamente as principais notícias do JLPolítica no seu WhatsApp? Clique aqui.

Deixe seu Comentário

*Campos obrigatórios.

Elito Hora Fontes Menezes
Essa tal de pauta na Olimpíada, para discutir ou direcionar equidade de gênero, da forma como exercitam, só serve para acirrar os ânimos dos aficcionados do exibicionismo e demonstrações de vitrinismos como se o assunto fosse exclusivamente dos domínios dos cientistas das razões sociais. Deveriam contribuir mais com práticas de respeito entre semelhantes como compromisso de uma boa base educacional, evitando o exagero via conceitos que além de nocivos que só servem para avivar os preconceitos e falsos entendimentos.