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Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Talibã: ameaça a mulheres impacta a todas e à própria sociedade 
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Ameaça a mulheres afegãs deve ser encarada como ameaça a direito de todas

O ex-ministro sergipano Carlos Ayres Brito costuma dizer que o grau de civilidade de uma sociedade se mede pelo grau de liberdade da mulher. Essa frase pode resumir, de forma bem didática, o que está voltando a acontecer no Afeganistão, com a retomada do poder pelo Talibã.

A ideologia do grupo se baseia no salafismo, uma forma radical do islamismo. Uma vez no poder, o grupo impôs com rigor a lei da sharia, em parte contrária aos direitos humanos e especialmente severa com as mulheres e meninas: a partir dos dez anos, elas ficavam proibidas de frequentar a escola. As mulheres tinham que trajar burca, cobertas da cabeça aos pés.

Dirigir automóveis era punido com pena de morte, e elas só podiam sair em público escoltadas por um homem – em geral o marido ou um irmão. Televisão, música e salas de cinema foram banidos para todos os afegãos. Assassinos e adúlteros eram executados em público, furtos eram punidos com amputação.

Hoje, com a retomada do Talibã, a liberdade conquistada está sob ameaça. 

Tanto é verdade que, até 1989, antes do surgimento do grupo, as mulheres eram 70% dos professores do Afeganistão; 50% dos funcionários públicos e estudantes universitários e 15% integrantes do poder legislativo. As mulheres eram livres – mesmo com todas as limitações religiosas, mas isso já assunto para uma outra Coluna – e tinham direito ao voto.

E o que isso tem a ver com quem vive no Ocidente? Tudo! Porque auando se fala em perdas de direito, as consequências são sempre coletivas, ainda mais numa sociedade em que a regressão no modo de tratar as mulheres é um desejo iminente.

Como dizia Audre Lorde, ativista negra e feminista, “não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas”. Por isso, a Coluna Política & Mulher se solidariza com as afegãs e, mais do que nunca, se compromete a continuar disseminando a semente da igualdade de gênero, torcendo para que, um dia, seus frutos alcancem a todas. 

 

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