Economia verde e o setor de alimentos orgânicos (Fernando Frazão/Agência Brasil)
REGULAÇÃO
O presidente do Comitê para o Desenvolvimento Econômico, Produtividade e Pequenas Empresas do Parlamento do Equador, Claudio Esteban Albornoz, disse que a regulação é importante para incentivar os financiamentos de projetos ecologicamente sustentáveis.
Ele citou como exemplo a Lei de Eficiência Energética do Equador, que pretende diminuir o número de veículos movidos a combustíveis fósseis no país, ao mesmo tempo em que concede incentivos a fundos que financiem projetos e tecnologias de energia sustentável
“Há uma motivação econômica, levada pela preferência do consumidor a projetos com marca verde. Há uma oportunidade para que existam investimentos. Logo, creio que deva haver uma motivação legal pelas restrições sobre a oferta de bens e de serviços (como a limitação de carros com combustível fóssil). Esse é um tema que cabe à regulação”, comenta.
COMPROMISSOS
Após o encerramento dos debates, os países da América Latina e do Caribe aprovaram um documento conjunto com compromissos para impulsionar o desenvolvimento sustentável no continente. O texto final será publicado na próxima semana.
Fonte: Agência Brasil
AGENDA
A 1ª Conferência Ministerial Regional das Américas sobre Economia Verde ocorreu de 24 a 26, em Fortaleza, Ceará. Foi organizado pela World Green Economy Organization – WGEO - Organização Mundial da Economia Verde –, pelo Escritório de Cooperação Sul-Sul da Organização das Nações Unidas – UNOSSC - e pelo Instituto Brasil África (Ibraf).
O evento teve apoio do Governo do Ceará e foi realizado em parceria com o Secretariado das Nações Unidas para Mudanças Climáticas – UNFCCC -, com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD - e com a International Solar Alliance - ISA.
Organizador brasileiro do evento, o presidente do Instituto Brasil África, João Bosco Monte, disse que a conferência forneceu importantes lições para o país. “O Brasil não pode abdicar de uma agenda construída ao longo do tempo”, defende.
“Aprendemos aqui que países que mantêm a disposição de continuar no diálogo estão no avanço. É um trabalho muito duro negociar uma agenda para o meio ambiente. As paixões não podem ser colocadas sobre os interesses individuais ou ideológicos das pessoas. A sustentabilidade, o meio ambiente, a diversidade estão na agenda de forma inexorável”, acredita João Bosco Monte.
“O Brasil precisa ter ação mais proativa na viabilização de projetos que não são financiados pela falta de recursos para que o debate sobre desenvolvimento sustentável ganhe profundidade e concretude”.
Essa avaliação é do diretor de Estudos, Relações Econômicas e Políticas Internacionais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea -, Ivan Oliveira. Para ele, é necessário mais engajamento do Brasil e das instituições multilaterais (bancos internacionais com capitais de diversos países) para destravar o financiamento a projetos sustentáveis no país.
Oliveira cita como exemplo o que ocorre como o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB na sigla em inglês). Criada em 2014 pelos países do Brics - grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -, a instituição, com sede na China, emprestou poucos recursos ao país até hoje.
“O Brasil hoje acessa menos recursos do que aportou para o NDB, que é um banco que tem algo a dizer em relação à economia verde. Porque foi criado com um perfil já de financiamento de infraestruturas e projetos sustentáveis. Está no DNA do banco a agenda de sustentabilidade”, disse.
Segundo o diretor do Ipea, a dificuldade na comprovação da viabilidade de projetos pode ser um fator que tem impedido o acesso do Brasil a financiamentos internacionais.
Oliveira cita o projeto do trem-bala entre o Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas, São Paulo, que reduziria o consumo de combustíveis fósseis, mas jamais saiu do papel porque a análise custo-benefício não compensou. Para ele, o principal desafio está dos dois lados: no aumento da viabilidade de projetos e no engajamento das instituições multilaterais.