Politica & Negócios
Maria Tereza Andrade

É jornalista graduada desde 1995 e tem experiência em veículos de mídia em Sergipe e no Brasil.

Brasil busca poucos financiamentos externos para economia verde
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Economia verde e o setor de alimentos orgânicos (Fernando Frazão/Agência Brasil)

REGULAÇÃO

O presidente do Comitê para o Desenvolvimento Econômico, Produtividade e Pequenas Empresas do Parlamento do Equador, Claudio Esteban Albornoz, disse que a regulação é importante para incentivar os financiamentos de projetos ecologicamente sustentáveis.

Ele citou como exemplo a Lei de Eficiência Energética do Equador, que pretende diminuir o número de veículos movidos a combustíveis fósseis no país, ao mesmo tempo em que concede incentivos a fundos que financiem projetos e tecnologias de energia sustentável

“Há uma motivação econômica, levada pela preferência do consumidor a projetos com marca verde. Há uma oportunidade para que existam investimentos. Logo, creio que deva haver uma motivação legal pelas restrições sobre a oferta de bens e de serviços (como a limitação de carros com combustível fóssil). Esse é um tema que cabe à regulação”, comenta.

COMPROMISSOS

Após o encerramento dos debates, os países da América Latina e do Caribe aprovaram um documento conjunto com compromissos para impulsionar o desenvolvimento sustentável no continente. O texto final será publicado na próxima semana.

Fonte: Agência Brasil 

AGENDA 

A 1ª Conferência Ministerial Regional das Américas sobre Economia Verde ocorreu de 24 a 26, em Fortaleza, Ceará. Foi organizado pela World Green Economy Organization – WGEO - Organização Mundial da Economia Verde –, pelo Escritório de Cooperação Sul-Sul da Organização das Nações Unidas – UNOSSC -  e pelo Instituto Brasil África (Ibraf).

O evento teve apoio do Governo do Ceará e foi realizado em parceria com o Secretariado das Nações Unidas para Mudanças Climáticas – UNFCCC -, com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD - e com a International Solar Alliance - ISA.

Organizador brasileiro do evento, o presidente do Instituto Brasil África, João Bosco Monte, disse que a conferência forneceu importantes lições para o país. “O Brasil não pode abdicar de uma agenda construída ao longo do tempo”, defende.

“Aprendemos aqui que países que mantêm a disposição de continuar no diálogo estão no avanço. É um trabalho muito duro negociar uma agenda para o meio ambiente. As paixões não podem ser colocadas sobre os interesses individuais ou ideológicos das pessoas. A sustentabilidade, o meio ambiente, a diversidade estão na agenda de forma inexorável”, acredita João Bosco Monte.

João Bosco Monte: agenda ambiental é inexorável

“O Brasil precisa ter ação mais proativa na viabilização de projetos que não são financiados pela falta de recursos para que o debate sobre desenvolvimento sustentável ganhe profundidade e concretude”.

Essa avaliação é do diretor de Estudos, Relações Econômicas e Políticas Internacionais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea -, Ivan Oliveira. Para ele, é necessário mais engajamento do Brasil e das instituições multilaterais (bancos internacionais com capitais de diversos países) para destravar o financiamento a projetos sustentáveis no país.

Oliveira cita como exemplo o que ocorre como o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB na sigla em inglês). Criada em 2014 pelos países do Brics - grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -, a instituição, com sede na China, emprestou poucos recursos ao país até hoje.

“O Brasil hoje acessa menos recursos do que aportou para o NDB, que é um banco que tem algo a dizer em relação à economia verde. Porque foi criado com um perfil já de financiamento de infraestruturas e projetos sustentáveis. Está no DNA do banco a agenda de sustentabilidade”, disse.

Segundo o diretor do Ipea, a dificuldade na comprovação da viabilidade de projetos pode ser um fator que tem impedido o acesso do Brasil a financiamentos internacionais.

Oliveira cita o projeto do trem-bala entre o Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas, São Paulo, que reduziria o consumo de combustíveis fósseis, mas jamais saiu do papel porque a análise custo-benefício não compensou. Para ele, o principal desafio está dos dois lados: no aumento da viabilidade de projetos e no engajamento das instituições multilaterais.

Ivan Oliveira: ação mais proativa para viabilizar projetos
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