Politica & Negócios
Maria Tereza Andrade

É jornalista graduada desde 1995 e tem experiência em veículos de mídia em Sergipe e no Brasil.

Gilson do Carro de Bois: a excelência de um negócio que está no prazer em bem-servir
Compartilhar

Gilson Antônio Dias: um brinde à vida

Para completar, o Carro de Bois tem um aconchegante ambiente, que contribui - e muito - como essa prazerosa experiência gastronômica. Num espaço total de 500 metros quadrados, distribuído em dois salões climatizados, o restaurante oferece 110 mesas - 55 em cada espaço. Tem segurança e estacionamento próprios. A equipe é composta, ao todo, de 20 profissionais - a maioria deles com anos de casa.   

A elegante decoração - rústica com toques de modernidade - teve a colaboração da esposa, a arquiteta Débora Dias, com quem tem uma filha, a pequena Débora Dias, 11 anos. Gilson ainda tem outra filha, Grazielle Dias, 23 anos, fruto do casamento anterior, e que mora e estuda  no Rio.

A família, aliás, é uma companhia indispensável para o empresário, não só nas empreitadas profissionais, mas nos momentos de lazer que vivencia. E o que lhe dá prazer, além do seu Carro de Bois? “Viagem, boa comida, bom vinho e minha família”, responde, sem pestanejar, Gilson Dias.

Da mesma maneira firme, esse sergipano lá do povoado Santo Antônio, que rompeu barreiras sociais, fortaleceu-se nas dificuldades e construiu uma vida de realizações pessoais e profissionais, responde sobre o segredo da sua trajetória empresarial vitoriosa: “Gostar daquilo que faz, ter uma equipe qualifica e ter prazer em bem servir”, define Gilson Antônio Dias. Taí uma receita que pode se estender à vida. Um brinde, e bom apetite (pela vida). 

Das dificuldades iniciais, o empresário destaca a resistência encontrada com as mudanças que queria implementar. “Não foi fácil. No começo, tive problemas de aceitação das propostas que trouxe, mas consegui superar os empecilhos e seguir firme com o que pretendia. Sempre tive como objetivo transformar o Carro de Bois num ponto de encontro dos sergipanos, numa referência nacional, com serviço qualificado, boa comida, bons vinhos e, principalmente, bom atendimento”, explica Gilson Dias.

“Nunca digo que não temos um prato, por exemplo. Se o cliente quiser uma omelete, faremos. Procuro conhecer quem nos visita, saber do que gosta, qual a sua preferência, o que espera. De que adianta oferecer um corte de carne, se a pessoa prefere um marisco? São detalhes que eu faço questão de saber, de ficar atento, para poder atender melhor o cliente e fazer com que volte sempre”, argumenta Gilson.  

De fato, o atendimento personalizado é um dos destaques do Carro de Bois. Somado ao diversificado e primoroso cardápio, a receita é infalível. São mais de 40 pratos, elaborados com toques da culinária regional, como o uso da banana da terra, e o requinte dos cortes das carnes - um diferencial do restaurante. A carta de vinhos - um das especialidades de Gilson, aliás, - é um atrativo a mais.

Outro detalhe que às vezes passa despercebido: o Carro de Bois abre de segunda a segunda. “Das 12 às 16h e das 19h até o último cliente. Só fechamos nos dias 24 e 31 de dezembro, o que este ano já mudaremos - vamos fazer a ceia de Natal no dia 24”, anuncia Gilson.

17 anos depois, Gilson Dias ainda faz questão de recepcionar seus clientes à porta do Carro de Bois: bem-vindos

Lá, trabalhou, sofreu com a saudade - “teve uma época em que morava numa pensão, tinha uma cama para dormir, mas preferia dormir num colchão no chão na casa de parentes só para ficar com eles” -, batalhou, aprendeu e foi trilhando caminhos profissionais cada vez mais altos - e, desde o início, ligados à gastronomia.

O primeiro emprego foi numa casa de carnes. Depois começou a trabalhar em restaurantes, muitos deles tradicionais, como La Cocagne e Padogue - onde Gilson conheceu Marluce Dias da Silva, à época diretora da loja de departamento Mesbla e que mais tarde se tornou a principal executiva da TV Globo, entre 1998 e 2002, quando assumiu a Diretoria-Geral da televisão.

Quando Marluce Dias e o marido dela, o consultor Eurico Carvalho da Cunha, decidiram abrir um restaurante, o Petit Lieu Restaurant, Gilson foi convidado para gerenciar essa nova empreitada. E no Rio de Janeiro. Lá foi ele, empreender e, com certeza, viver uma experiência determinante na sua trajetória de vida.  

“Tive a oportunidade de aprender muito com eles. Especialmente, com Eurico Carvalho. Com o jeito de ele conduzir os negócios, de se superar. Como era cego, se tinha dúvida, perguntava a cada um sobre o mesmo assunto para tirar as suas conclusões e tomar determinadas decisões. Eles chegaram a ter 21 restaurantes - eu atuava na parte operacional do salão”, revela Gilson.

Toda essa experiência pessoal e profissional levou Gilson do Carro de Bois à expertise com que conduz o seu próprio negócio hoje, localizado em Atalaia, tradicional bairro de Aracaju. O restaurante foi adquirido numa das viagens de férias à capital sergipana e levou um tempo, quase um ano, para o processo concretizar.

Ambiente aconchegante, qualidade, cardápio primoroso: receita de sucesso

E pensa que ele liga? Nada. Sente é orgulho da trajetória vitoriosa que começou lá no povoado Santo Antônio, em Lagarto, onde ainda hoje mora parte da família.

Filho de pequenos produtores de fumo, com seis irmãos, Gilson tinha a vida pré-determinada, como acontecia, especialmente àquela época, aos nascidos na zona rural numa classe social menos privilegiada: viver da agricultura familiar.

E assim foi, por um bom tempo. Entre a lida com a terra e com os “bicos” a que se entregava para ajudar no orçamento, o jovem lagartense tinha um sonho: o de estudar.

“Estudar era meu sonho. Queria muito me formar. Terminei o científico, gostaria de ter continuado, mas não deu. A vida me levou para outros caminhos”, diz Gilson.

“Mas essa época e essa determinação em estudar me trazem boas recordações: lembro-me que a primeira vez que vim a Aracaju foi por causa da escola, num desfile cívico na Avenida Barão de Maruim. Era um mundo diferente para mim, distante daquele em que vivia. Foi uma experiência que me marcou”, revive Gilson.

Esse outro caminho ao qual o empresário se refere foi a entrada precoce no mundo do trabalho - e em São Paulo. Agarrando a oportunidade aberta por conhecidos que foram embora para esse “Sul” do Sudeste, Gilson embarcou, prestes a completar 18 anos, com um tio, para a capital paulista.

Do povoado Santo Antônio, em Lagarto, ao Petit Lieu, no Rio de Janeiro, passando por São Paulo: boas lembranças

Quando assumiu o Restaurante Carro de Bois, lá no início dos anos 2000, o lagartense Gilson Antônio Dias tinha a certeza de que o seu negócio não trilharia pelo caminho do modismo, mas pelo da tradição.

Era dessa maneira que conduziria o seu espaço: com elegância, prazer e, sobretudo, oferecendo um serviço de qualidade - característica que considera fundamental para o sucesso em qualquer ramo empresarial.

Passados quase 17 anos - exatamente em 9 de dezembro de 2003 o restaurante chegou em definitivo à gestão de Gilson -, o empresário atingiu o propósito inicial: entre adequações estruturais, de pessoal e de sabores, o Carro de Bois está definitivamente incorporado à cultura sergipana.

Distanciou-se dos modismos, firmou-se como referência da tradição gastronômica no Estado e revelou a importância do serviço qualificado para o sucesso de um empreendimento - sim, o atendimento personalizado e o jeito educado, acolhedor e atento de Gilson fazem a diferença.

É aquele exemplo típico de que “é a mão do confeiteiro que faz a massa crescer”. Neste caso, é de tal forma incorporada a personalidade do dono ao negócio - ou vice e versa, talvez -, que Gilson Dias passou a ser Gilson do Carro de Bois.

Carro de Bois está definitivamente incorporado à cultura gastronômica sergipana
Deixe seu Comentário

*Campos obrigatórios.