Belivaldo Chagas: “Não sei se estou sendo duro.  Creio que extremamente sincero”

Entrevista

Jozailto Lima

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Belivaldo Chagas: “Não sei se estou sendo duro. Creio que extremamente sincero”

Publicado em  28 de abril de  2018, 20:00h

“Não temos tempo a perder”

Resolutivo. Ou, pelo menos, com tendência franca à busca de resoluções dos graves problemas do Estado. Preocupado em fazer uma boa e convincente limonada com os poucos limões de que dispõe.

Não está sentado sobre o formigueiro das queixas e das lamúrias, acenando para a perenidade das dificuldades, levantando a crise como um crachá protetivo.

Em três por quatro, esse é o retrato de Belivaldo Chagas, PSD, govenador efetivo de Sergipe, captado em seus 20 dias de gestão. Ele assumiu o comando do Estado no dia 7 de abril, um sábado, e no dia 9, a segunda, caiu em campo. E, como diria os colunistas sociais, causou. Tem causado.

Nesse tempo, cunhou na carne da gestão um estilo e um modo que em síntese apontam para o seguinte: quero mais serviços em favor das pessoas, seja na saúde, na segurança, na recuperação das estradas, numa folha de pagamento menos mitigada por atrozes atrasos e na disponibilidade constante do primeiro escalão para o trabalho até meia noite.

“O que é que o senhor diria para os que acham que o seu discurso está sendo muito duro, na jugular dos seus auxiliares?”, pergunta-lhe o JLPolítica. “Não sei se estou sendo duro. Eu quero crer que estou sendo extremamente sincero. A população do Estado está na expectativa de um discurso sincero. E discurso sincero eu tenho. Eu diria que esse é o meu estilo”, responde ele.

“Tenho saído daqui (do Palácio Adélia Franco) por volta das 22h, 23h, e acho que isso é um estilo próprio de ser. Isso tem feito com que o próprio assessor, auxiliar, entenda que tem que estar apostos o tempo todo, e principalmente na forma de me responder quando é questionado, de me prestar informação quando solicito, estabelecendo prazo e pedindo agilidade. Porque não temos tempo a perder”, diz ele.

Tudo indica, portanto, que o “não temos tempo a perder” não é uma mera frase de efeito de Belivaldo Chagas. É um mantra. Uma quase profissão de fé de quem tem em mãos um Estado meio de pernas por ar, cheio de problemas a serem resolvidos, vazio de recursos e menos de meses pro tiro de misericórdia.

É daí que Belivaldo tira a conclusão de que os serviços hoje são uma necessidade superior às obras. “A obra é importante, ajuda no desenvolvimento. Mas a prestação de serviço tem que ser constante e eficiente. Não dá para você em determinado momento priorizar uma determinada obra no campo da saúde, sem que você se preocupe em atender e diminuir o tempo de resposta lá na ponta que vai atender diretamente a população mais carente”, diz ele.

Seu desejo de recuperar as estradas sergipanas, a maior parte delas em bagaçada plena, inclui o sonho da liberação dos R$ 560 milhões do empréstimo do Finisa. Mas o “resolutivo” Belivaldo Chagas não quer morrer de véspera em face de uma não liberação desses recursos. “Eu espero que o Finisa aconteça, mas se não acontecer não vou deixar de estar empreendendo ações no sentido de que a gente resolva parte do que está previsto pelos recursos do Finisa”, diz.

Nesta primeira semana de maio Belivaldo Chagas deve estar recebendo das mãos do secretário da Fazenda, Ademário Alves, um amplo plano de reordenação geral das finanças públicas. Nele, algo que tente regularizar a folha de pagamento de pessoal, o grande calcanhar de Aquiles.

São R$ 360 milhões por mês. “Já estamos trabalhando com o objetivo de fazer com que a nossa arrecadação tenha um incremento, as nossas despesas diminuam, e a gente consiga fazer com que a folha de pagamento venha com prazo mais curto sem que voltemos a trabalhar com a possibilidade parcelamento dela”, diz.

Nesta entrevista, Belivaldo fala de política. Diz que vê perspectivas de sucesso na candidatura de Jackson Barreto ao Senado, afirma que a partir do meio de maio começa a dar mais atenção à sua pré-candidatura de governador, avisa que não se vê indo à sucessão sem a parceria com o PT e faz uma ironia com o outrora velho aliado, o senador Antonio Carlos Valadares, que disse que ele “é um homem sério. Agora, não tem voto, não tem popularidade e sua sensibilidade política é limitada”. “Eu acho que com essa declaração Valadares se tornou um excelente cabo eleitoral de Belivaldo Chagas. Até mesmo porque o que a população mais está precisando é de pessoas sérias”, disse.

UM RITMO PRÓPRIO E DIFERENTE DE SER
“Estamos dialogando com a equipe como um todo, mostrando que tenho um ritmo próprio e diferente de ser, o que faz com que todos entendam que não temos mais que ter horário de trabalho”

Há quem aposte que Eliane Aquino será sua candidata a vice
Com o neto Miguel, filho da advogada Priscila Felizola

SEM NECESSIDADE DE REFORMA DE SECRETARIADO
“Se mexe demais na máquina como um todo, corre o risco de desacelerar. Nesse momento não seria bom. Então, como costumo dizer, se preciso for, vamos sair trocando o pneu com o carro andando”

JLPolítica - Em 20 dias de Governo, já deu para imprimir o seu ritmo de gestão?
Belivaldo Chagas - 
Sim. Estamos dentro do previsto, dialogando com a equipe como um todo, mostrando que eu tenho um ritmo próprio e diferente de ser, o que faz, por exemplo, com que todos entendam que não temos mais que ter horário de trabalho, porque é fácil você estipular o horário de chegada, mas jamais de saída. A qualquer momento, eu posso precisar convocar um dos nossos auxiliares. Tenho saído daqui por volta das 22h, 23h, e acho que isso é um estilo próprio de ser. Isso tem feito com que o próprio assessor, auxiliar, entenda que ele tem que estar apostos o tempo todo, e também principalmente na forma de me responder quando é questionado, de me prestar informação quando solicito, estabelecendo prazo e pedindo agilidade. Porque não temos tempo a perder.

JLPolítica - Foram revogadas aquelas determinações de o Estado funcionar apenas até 13 horas de cada dia?
BC – 
Uma coisa é a Secretaria funcionando. Outra coisa é o secretário, é o presidente. Ele tem que estar apostos o tempo todo.

JLPolítica - Pelo que se percebe, o senhor quer um governo de ação e serviço sobre as pessoas e suas carências, e menos obreiro. Há contradição nisso?
BC – 
Não. A obra é importante, ajuda no desenvolvimento. Mas a prestação de serviço tem que ser constante e eficiente. Não dá para você em determinado momento priorizar uma determinada obra no campo da saúde, sem que você se preocupe em atender e diminuir o tempo de resposta lá na ponta que vai atender diretamente a população mais carente.  

Foi vice de seu conterrâneo Déda. E, como ele, vai tentar ser duas vezes governador

O CHOQUE DO QUE VIU NO HUSE
“O que mais me chocou foi deparar-me com aquela quantidade de pessoas esperando em alas ou corredores do Huse, sem saber que dia seria atendido, de que forma será resolvido seu problema”

JLPolítica - As mudanças nas cinco secretarias - Casa Civil, Educação, Fazenda, Turismo e Assistência Social -, já são suficiente para quem quer imprimir o novo ritmo?
BC –
 Não há preocupação com quantidade. Não há preocupação com quem fica e com quem sai. Não há preocupação com a pessoa. Há preocupação com o estilo e com o ritmo que cada um deverá empreender em função do ritmo que eu tenho.

JLPolítica - O senhor tem tempo e pretende fazer uma ampla reforma do secretariado?
BC – 
Eu acho que não seria o momento, porque temos, na nossa maneira de pensar, a preocupação de fazer com que não pare a máquina. E, se mexe demais na máquina como um todo, corre o risco de desacelerar. Desacelerar nesse momento não seria bom. Então, como costumo dizer, se preciso for, vamos sair trocando o pneu com o carro andando. Então, isso não implica você ter que fazer uma alteração brusca, pesada. Acho que imprimindo um ritmo com secretarias importantes, levando em consideração a atuação do secretário, desde que ele atenda a expectativa de quem está no Governo, dá para tocar com ele sem nenhum problema.

JLPolítica - O que mais lhe chocou na prestação do serviço público na área da Saúde?
BC – 
Confesso que o que mais me chocou foi deparar-me com aquela quantidade de pessoas esperando em alas ou corredores do Huse, sem saber que dia será atendido, de que forma seria resolvido seu problema. Você não pode entender como normal um paciente chegar no Huse, passar de 60 a 90 dias sem saber quando terá sua cirurgia realizada. Claro que isso preocupa, mas a gente precisa procurar a solução para esse problema que não depende única e exclusivamente do Huse. Ou única e exclusivamente do Estado. É preciso que a gente tenha uma ação conjunta em sintonia para que tudo funcione bem.

Entre os desafios de alcançar o segundo mandato, vencer a rejeição do antecessor

GARANTIA PARA SECRETÁRIO NENHUM
“Ninguém tem garantia para nada. A garantia é a de que se faça o que tem que ser feito. Cumpra-se o que tem que ser cumprido. Agilize a prestação de serviço, melhore o atendimento à população, e ponto”

JLPolítica - Virá da Saúde a maior exigência de serviço sobre pessoas e menos obras?
BC - Virá da máquina como um todo, mas, em especial, da saúde nesse momento, porque eu acho que as obras que tinham que ser colocadas já o foram. Já estão em determinado ritmo para sua conclusão. Portanto, para mim, o que importa agora é dar um basta nas obras e acelerar a prestação de serviços, diminuindo assim o tempo de resposta.

JLPolítica – Que impacto causa sobre o senhor a pressão de aliados e opositores para que afaste o secretário de Saúde, Almeida Lima?
BC – Impacto nenhum. Não tenho problema com pressão. Tomo meu remédio todos os dias, então estou extremamente bem.

JLPolítica – O senhor disse na posse do novo superintendente do Huse que não tem problema com ninguém. Que quer que o serviço funcione. Isso é garantia de que o Almeida permanece na equipe?
BC - Ninguém tem garantia para nada. A garantia é a de que se faça o que tem que ser feito. Cumpra-se o que tem que ser cumprido. Agilize a prestação de serviço, melhore o atendimento à população, e ponto.

Vai precisar vencer seus antigos padrinhos. Agora, adversários de sua caminhada

ALMEIDA E A CANDIDATURA DE BRENO A DEPUTADO
“O que eu espero é que o secretário não esteja se utilizando do cargo para beneficiar a candidatura de quem quer que seja. Menos ainda a do seu genro”

JLPolítica - Incomoda-lhe o fato de Almeida Lima ter um genro candidato a deputado estadual?
BC – 
Em nenhum momento tive essa preocupação. O que eu espero é que o secretário não esteja se utilizando do cargo para beneficiar a candidatura de quem quer que seja. Menos ainda a do seu genro.

JLPolítica – E há indícios de que ele está usando a máquina pública da Saúde em favor dessa pré-candidatura?
BC – 
A gente vê, ouve informação, mas de forma concreta nada chega até a mim.

JLPolítica - Sergipe lidera a taxa nacional de assassinato por grupo de cada 100 mil habitantes. Seu Governo de oito meses teria tempo de modificar este quadro?
BC – 
Vamos trabalhar com esse objetivo. Para tanto, convocamos 50 policiais civis, estamos priorizando os departamentos de investigação, de homicídios e de narcóticos. Mais recentemente, além do concurso que será realizado para policial militar, estivemos em Itabaiana, município que infelizmente tem apresentado índices de homicídios um tanto altos, e lá tivemos uma ação de praticamente dobrar o efetivo policial com a presença da Força Nacional. São mais 35 homens. Tínhamos quatro viaturas diariamente. Agora passamos para oito e, com isso, a gente entende que pode ser ampliada tanto a prestação de serviço da forma preventiva quanto repressiva também.

Também vai enfrentar antigos adversários

A NOVIDADE DE ADEMÁRIO ALVES
“Estou extremamente satisfeito com a atuação dele até o momento. Tem dedicado mais de 10 horas por dia de trabalho, para entender e identificar problemas e apontar as soluções no que diz respeito à sua pasta”

JLPolítica – Nas suas primeiras conversas com João Eloy, o senhor sentiu que ele está propenso a corresponder às mudanças?
BC 
– Sim. Trata-se de um profissional que tem uma excelente equipe, que conhece a área. Mas que, para tanto, precisa do apoio do Governo do Estado e também do Governo Federal. De uma ação conjunta envolvendo todos os entes da Federação, de todos os segmentos da sociedade, porque ninguém vai fazer segurança sozinho.

JLPolítica - Diante da complexidade das finanças de Sergipe, o senhor considera ter feito a melhor escolha com a nomeação do jovem e desconhecido Ademário Alves de Jesus secretário de Estado da Fazenda?
BC – 
Estou extremamente satisfeito com a atuação de Ademário Alves até o presente momento. Ele tem dedicado mais de 10 horas por dia de trabalho, para exatamente entender e identificar os problemas, as causas e apontar as soluções no que diz respeito à sua pasta. Ele tem, inclusive, sinalizado para ações positivas a respeito de incrementar a arrecadação. Tem sugerido. Aí, faremos uma ação conjunta com equipe econômica como todo, envolvendo especialmente a Secretaria de Planejamento, para podermos avançar nas medidas de economia. 

JLPolítica – O senhor mede seu Governo com a liberação do empréstimo do Finisa e sem o Finisa? O senhor para pra analisar como seria um e outro?
BC – 
Eu espero que o Finisa aconteça, mas se não acontecer não vou deixar de estar empreendendo ações no sentido de que a gente resolva parte do que está previsto pelos recursos dele. Claro que teremos dificuldade no que diz respeito à recuperação e reconstrução das nossas rodovias, porque aí você está envolvendo recursos de entre R$ 200 a R$ 240 milhões. Não tenho recurso para realizar essa obra sem o Finisa. Mas, enquanto o Finisa não vier, vamos buscar uma linha dentro do próprio Governo, com recursos do próprio Governo, com recursos da Cide, com recursos, enfim, que arrecadarmos normalmente para que a gente acelere pelo menos a operação tapa-buraco.

Chegou com fé no seu Governo e na sua reeleição

COM OU SEM FINISA, SOLUÇÃO PARA AS ESTRADAS
“Espero que o Finisa aconteça, mas se não acontecer não vou deixar de estar empreendendo ações no sentido de que a gente resolva parte do que está previsto pelos recursos dele. Claro que teremos dificuldade”

JLPolítica - O senhor tem tido qualquer tipo de interlocução com Jackson Barreto agora na planície?
BC – 
Não. Interlocução política, nenhuma. Porque fiz questão de estabelecer o seguinte: assumi efetivamente o Governo a partir do dia 9, já que a posse deu no dia 7, um sábado. Eu tenho 20, 22 dias de gestão. Eu estabeleci que até o final desse mês de abril eu não trato de política. Eu não priorizo a política. Eu priorizo a gestão. Claro que, com o decorrer do dia, você recebe aqui prefeitos, deputados, enfim, políticos. E, entre um despacho, uma discussão administrativa e outra, discute-se política também. Mas a política em si no momento não é a prioridade.

JLPolítica – O que é que o senhor diria para os que acham que o seu discurso está sendo muito duro, na jugular dos seus auxiliares?
BC
– Eu diria que esse é o meu estilo. Portanto, como cada pessoa tem direito ao seu estilo, não sei se estou sendo duro. Eu quero crer que estou sendo extremamente sincero.

JLPolítica – O senhor repetiria aquelas ações verbais do dia 9 de abril, ao visitar o Huse e ver o Centro de Nefrologia parado?
BC –
 O tempo todo. Eu acho que foi um erro grave cometido pelo secretário Almeida Lima quando resolveu inaugurar ou dar por inaugurado uma unidade que não estava em funcionamento. É como se as pessoas não tivessem conhecimento em função desse erro grave que Almeida cometeu, talvez até com o intuito de querer agradar ao governador. Eu devo dizer o seguinte: não quero que ninguém, absolutamente ninguém, venha me agradar com mentiras.  

Centrado nos seus objetivos

DE UMA CERTA DUREZA POR ESTILO
“Eu diria que esse é o meu estilo. Portanto, como cada pessoa tem direito ao seu estilo, não sei se estou sendo duro. Eu quero crer que estou sendo extremamente sincero”

JLPolítica – O senhor acha que Darcy Tavares pode fazer que tipo de ação pelo Huse?
BC - 
Eu espero que ele faça a diferença, em função da experiência que ele tem. Darcy Tavares foi diretor-geral do Hospital Cirurgia, foi coordenador-geral do Hospital Regional de Propriá, esteva agora superintendente do Hospital Regional de Itabaiana. Tem experiência. Tem boa relação com todos que fazem a área médica. O que eu pedi é que faça com que todos sejam atendidos naquele setor sob uma humanização total e absoluta. Que atenda as pessoas também conversando com o coração, não apenas com a razão. Eu acho que essa atenção e esse carinho são extremamente importantes nesse momento para quem se encontra na situação que pude encontrar no Huse, como se estivesse com a sensação de abandono. Um carinho, às vezes, abre expectativas de que o problema será resolvido. 

JLPolítica – O senhor faz um bom gráfico da necessidade de realização de cirurgias regionalizadas, em Estância, em Itabaiana, em Glória, Lagarto. O senhor acha que isso pode ajudar ao Huse?
BC –
 Com certeza, porque com essas cirurgias nas demais unidades você desafoga o Huse. Claro: para tanto, falando em cirurgia, é preciso também que os demais poderes, como no campo municipal, procure fazer sua parte também. A Rede de Atenção Básica precisa funcionar, e ela é de responsabilidade dos municípios. Não do Estado. Acaba que o Huse fica recebendo tudo que lá chega, porque trabalha no sistema porta aberta. Então, você corre o risco de desocupar hoje uma ala e amanhã estar cheia de novo. Mas, se cada um fizer sua parte, isso vai ajudar com certeza.

JLPolítica – Num Estado de um orçamento de mais ou menos R$ 8 bilhões e a saúde levando R$ 1 bilhão disso, devia ter uma saúde melhor, governador?
BC – 
Sim. Mas o que acontece é o seguinte: quanto mais você aumenta a prestação de serviço, mais você precisa ter a necessidade de recurso. Eu acho que esse é o risco que a gente correu, e é importante que tenha feito, claro. O Estado abriu uma janela de oferta de serviço bom, mas, para tanto, é preciso que a gente observe que lá na ponta vai ter uma conta a pagar.  

Duro e enérgico: foi no Huse e o comparou a um campo de concentração

EXPECTATIVA DE DARCY TAVARES NO HUSE
Tem boa relação com todos que fazem a área médica. O que eu pedi é que faça com que todos sejam atendidos naquele setor sob uma humanização total e absoluta”

JLPolítica - O senhor disse que assumiu o governo sem se preocupar com uma candidatura à reeleição, mas a pré-candidatura do senhor é um fato. Quando é que vai dar atenção a isso?
BC – 
Somente a partir do mês de maio. Até lá, eu vou estar voltado à gestão. Até meados de maio, eu vou estar totalmente direcionado para a gestão. A partir daí, criarei um espaço para que, a partir das sextas-feiras e nos finais de semana eu possa me dedicar à questão política.

JLPolítica – O senhor reafirma a sua pretensão de disputar o Governo?
BC – 
Sim. A pré-candidatura está posta, mas não é uma pré-candidatura que pertença única e exclusivamente a Belivaldo Chagas. É uma proposta do agrupamento como um todo.  

JLPolítica - Não vai lhe ser muito custoso fazer um governo de emergência e construir uma candidatura ao governo?
BC – 
Não. Até mesmo porque você não faz a gestão sozinho e nem faz a campanha sozinho. Na campanha, especificamente, se você tiver a compreensão de que todos deverão estar trabalhando pelo projeto de forma unificada não há problema para que ela possa acontecer. A mesma coisa é a gestão: se todos entenderem o meu estilo, o meu ritmo, a partir do momento em que eu venha estabelecer regras, acho que elas serão seguidas sem nenhum problemas.

Apresentou seus nomes: colocou Josué Passos na Educação e aposta na revelação Ademário Alves na Sefaz

A POLÍTICA QUE VIRÁ A PARTIR DE MAIO
“Até meados de maio, vou estar totalmente direcionado para a gestão. A partir daí, criarei um espaço para que, a partir das sextas-feiras e nos finais de semana, eu possa me dedicar à questão política”

JLPolítica – Como o senhor vê determinadas condutas de agrupamentos como o de Fábio Henrique e pastor Heleno, que ficam dizendo que “eu posso estar ali, eu posso estar acolá”. Isso lhe preocupa, lhe tira do sério?
BC –
 Em hipótese alguma. Vejo isso com naturalidade. Cada um tem que procurar saber qual é o seu espaço. Eu apenas acho que esses dois grupos citados aí são de pessoas amigas, que tem tido espaço no Governo, portanto, não teriam do que reclamar. Mas é natural que cada um faça política com a calculadora nas mãos.

JLPolítica - “A meu ver, Belivaldo Chagas é um homem sério. Agora, não tem voto, não tem popularidade e sua sensibilidade política é limitada.” O que o senhor acha dessa concepção do senador Valadares a respeito da sua pessoa, dito ementrevista aqui neste Portal?
BC – 
Eu acho que com essa declaração Valadares se tornou um excelente cabo eleitoral de Belivaldo Chagas. Até mesmo porque o que a população mais está precisando é de pessoas sérias. E ele me colocou como pessoa séria, pelo que quero agradecer. Quanto à questão de voto, a gente vai buscar a compreensão da população, que essa eu sei que tem voto. Político não tem voto. Quem tem voto é o eleitor.

JLPolítica – E a alegação da sua insensibilidade política é real?
BC – 
Isso é questão de ótica própria de cada um. Se a visão dele é nesse sentido, também não tenho nenhuma preocupação e nem vou perder um dia de sono por causa disso.

Já apresentou um plano para a Segurança Pública

ESPAÇOS DE FÁBIO HENRIQUE E HELENO SILVA
“Cada um tem que procurar saber qual é o seu espaço. Apenas acho que esses dois grupos citados são de pessoas amigas, que tem tido espaço no Governo. Não teriam do que reclamar”

JLPolítica - Com quais possibilidades o senhor vê a pré-candidatura de Jackson Barreto ao Senado?
BC – 
Totais e absolutas. Eu acho que Jackson Barreto é um ser político que tem muito a oferecer ainda nesse campo e que Sergipe vai precisar da atuação dele como senador. Acho que ele ajudará e muito ao nosso projeto, porque o ser Jackson Barreto é um ser voltado para o povo. Voltado para a população. Ele tem cheiro do povo. Ele entende o povo e entende de povo. E, com certeza absoluta, vai ter a compreensão da população para torná-lo senador da República.

JLPolítica – Jackson Barreto está hibernando. O senhor acha que dessa hibernação vai sair alguma decisão mais explosiva e aguerrida da parte dele?
BC –
 É natural que após o cidadão estar à frente do Governo num período em torno de cinco anos e, de repente, ao deixa-lo, sinta-se na obrigação de dar uma descansada, de acompanhar as coisas um pouco mais de longe. De ouvir de fora, inclusive, o que a população pensa em relação ao Governo. Nesse momento, ele está do outro lado do balcão.

JLPolítica - Caso a sua candidatura ao Governo seja mesmo confirmada, o senhor se imagina na disputa sem uma parceria com o PT?
BC – 
Não imagino. Eu acho que o PT é extremamente importante e que deverá sim participar do nosso bloco. Eu não vejo de maneira alguma a mais remota possibilidade de a gente disputar essa eleição tendo o PT afastado, porque a gente tem uma relação que vem de há muito tempo.

Trouxe Darcy Tavares de Itabaiana para comandar o Huse

BELIVALDO E O HOMEM SÉRIO, SEGUNDO VALADARES
“Eu acho que com essa declaração Valadares se tornou um excelente cabo eleitoral de Belivaldo Chagas. Até mesmo porque o que a população mais está precisando é de pessoas sérias”

JLPolítica – De onde é que viria o outro senador e o possível candidato a vice do senhor?
BC – 
Do agrupamento. Não há necessidade de busca-los lá fora. Você tem hoje nomes bons dentro do PT tanto para vice-governador quanto para senador. Você tem nomes bons dentro do PRB, grupo do Pastor Heleno. Ele apresenta nomes bons para senador e para vice-governador. Como temos também em outros partidos da nossa coligação. O que importa é que temos nomes. O que nós não temos ainda é a pressa de fechar a chapa majoritária.

JLPolítica - O senhor diria, como Jackson Barreto, que os recursos do Proinveste não foram aplicados nos fins para os quais foram destinados?
BC – 
Veja: o ex-governador Jackson Barreto já teve a oportunidade de explicar o que ele quis dizer. Os recursos do Proinveste foram e estão sendo aplicados de forma correta.

JLPolítica - Uma vez sem Lula na disputa, o senhor se vê inserido em qual contexto na disputa à sucessão presidencial?
BC – 
Confesso que ainda não parei para pensar nisso. Confesso que esse quadro em relação à sucessão nacional ainda está muito distante do que deverá ser a realidade. Hoje, a população, num bom percentual, vive em função do que aconteceu com Lula, buscando melhor compreender essa situação. Há outros nomes que estão se apresentado à sociedade, mas não podemos dizer que temos um nome que poderá atrair esse desejo, vontade para partir para uma campanha. Acho que ainda está muito distante.

Mostrou flexão à esquerda: recebeu o MST no seu gabinete

JACKSON BARRETO TEM MUITO A OFERECER A SERGIPE
“Eu acho que Jackson Barreto é um ser político que tem muito a oferecer ainda nesse campo e que Sergipe vai precisar da atuação dele como senador. Acho que ele ajudará e muito ao nosso projeto”

JLPolítica - Com esta rejeição profunda à classe política, a sua experiência de mais de 30 anos na área aponta para uma diferenciação profunda no comportamento do eleitor ao ponto de exigir mudanças no discurso e na prática de quem disputa mandato?
BC – 
Olha, eu tenho a experiência de 30 anos na política, fala-se muito em renovação, fala-se muito no novo, mas nós vivemos num período em que a experiência conta, assim como conta aquela seriedade dita pelo senador Valadares sobre mim. A seriedade e a experiência são dois ingredientes extremamente importantes. Eu acho que podem dizer o que quiserem de mim, mas não me colocarão na cota de irresponsável, e sim na do cidadão que foi sincero, correto. Portanto, num momento como esse, a experiência pesa. Um mandato é de quatro anos, podendo ser reeleito ou não. Indiscutivelmente, o cidadão que não tem experiência nenhuma nos campos administrativo e da gestão, assumir um Governo não tem como ele não perca, entre aspas, no mínimo, um ano para compreender o funcionamento da máquina. É a diferença em relação a Belivaldo e os outros. Eu já conheço o funcionamento da máquina. Eu já sei onde está o defeito da máquina. Eu sei o que precisa ser feito para que a máquina funcione de forma azeitada. O que me falta são apenas as condições. Vamos buscar essas condições, principalmente no campo financeiro em função da crise que passamos na economia. Mas, por exemplo, a partir do momento que as coisas começam a se ajustar, já estamos trabalhando, inclusive, com o objetivo de fazer com que a nossa arrecadação tenha um incremento, as nossas despesas diminuam, e a gente consiga, e esse é o nosso foco, fazer com que a folha de pagamento venha com prazo mais curto sem que voltemos a trabalhar com a possibilidade parcelamento dela.

JLPolítica – Então, não vai exigir mudança do discurso da prática? Não precisa mudar muito seu discurso e sua prática?
BC – 
Não. Vou continuar sendo o mesmo Belivaldo que já vem trabalhando nesses 30 anos.

JLPolítica - De origem simples de Simão Dias, o senhor imaginou estar um dia na condição de governador do seu Estado e ainda na iminência de disputar uma reeleição?
BC – 
Não. Com toda sinceridade não, até mesmo porque, em função da minha origem, confesso que eu nunca imaginei sequer entrar para o campo da política. Simplesmente aconteceu e continua acontecendo. Num determinado momento, achei que havia interrompido, de uma vez por todas, quando deixei de ser candidato à reeleição de vice-governador ao lado de Déda em 2010. De repente, após ter passado um período de 16 anos consecutivos como deputado, mais quatro anos como vice-governador, 20 anos, aí você interrompe por quatro anos, fica difícil imaginar que você vai retornar. E aconteceu que retornei à condição de vice-governador e, por causa disso, hoje eu estou aqui.

Defende a presença do PT em seu projeto eleitoral e partido tem Rogério Carvalho como pré-candidato ao Senado

NÃO IMAGINA IR À ELEIÇÃO SEM O PT
“O PT é extremamente importante e deverá participar do nosso bloco. Não vejo de maneira alguma a mais remota possibilidade de a gente disputar a eleição tendo o PT afastado. A gente tem uma relação que vem de há muito”

JLPolítica – Qual a explicação, governador, para o fato de que Simão Dias produzir tantos governadores?
BC – 
É difícil a gente explicar. Diz a lenda que lá existiu um reservatório de água conhecido como Tanque Novo e, eu quero crer que, quem bebeu da água desse tanque poderá se tornar governador. Quem não bebeu vai ter que ir para outro município encontrar a fórmula.

JLPolítica – Se o senhor e Valadares Filho forem candidatos e forem para o segundo turno, vai virar uma eleição municipal, uma eleição de arraial?
BC – 
Não. Eu acho que dá para conviver bem com a questão simãodiense, a população podendo escolher um candidato e outro. Mas devo lhe afiançar o seguinte: em Simão Dias hoje quem tem ação de presença, quem tem gesto, quem tem se dedicado à população do lugar, com todo respeito, é a figura do cidadão Belivaldo Chagas. Os Valadares têm aparecido em Simão Dias muito mais nos períodos de festa do que para tentar resolver ou acompanhar mais de perto as questões relacionadas ao município. Eu tenho certeza absoluta de que, se isso viesse a acontecer (um segundo turno), a população saberia escolher aquele que está mais perto dela. E quem está mais perto da população de Simão Dias é Belivaldo Chagas.

JLPolítica – O senhor teria discurso mais duro a proferir contra eles numa eleição de segundo turno, além desse da distância?
BC –
 Não. A população do Estado, assim como a de Simão Dias, não está atrás de discurso duro. Está na expectativa de um discurso sincero. E discurso sincero eu tenho. 

Vai tentar ser governador pela segunda vez via PSD dos Mitidieri

OPINIÃO - “Não é pelo cargo que se conhece o homem, mas pela coerência na sua trajetória”

[*] Priscila Felizola

Senhor presidente, senhoras e senhores deputados, autoridades, familiares, povo de Sergipe.

Hoje começa mais um desafio para meu pai, Belivaldo Chagas: Governar o nosso tão querido Estado de Sergipe.

Quis o destino que ele não fosse eleito vereador do município de Simão Dias, sua terra natal, porque lhe estavam reservadas outras tarefas...

Formado em Direito pela Universidade Tiradentes, defensor público, Belivaldo Chagas foi eleito deputado estadual por quatro mandatos consecutivos, em seguida eleito duas vezes para o cargo de vice-governador, sendo a primeira com o saudoso governador Marcelo Déda - a quem auxiliou inclusive no exercício da chefia da Secretaria de Estado da Educação, e posteriormente com o amigo Jackson Barreto.

Os mandatos alcançados são expressão e fruto da defesa de ideais, da capacidade incansável de trabalho, da contínua disposição de aprendizagem, da parceria, da lealdade, dedicação, da sensibilidade e da manutenção da palavra dada, atributos do homem Belivaldo Chagas.

No exercício desses mandatos, de intensa atividade legislativa e executiva, o político Belivaldo pautou-se sempre nos mesmos atributos do homem Belivaldo: honradez/dignidade e experiência.

Mas pra quem pensa que a chegada até aqui foi fácil, nós, familiares e amigos, sabemos que não foi bem assim. Exigiu muitos sacrifícios, principalmente da família. O tempo é a coisa mais preciosa que o homem tem, e muitas vezes ele escolheu cuidar do povo.

Belivaldo, meu pai, teve que abrir mão de momentos com a família para estar lá, lutando com o povo e pelo povo, sempre em busca de melhorias. Muitas vezes, ali ao seu lado, o vi passar momentos tristes, cabisbaixo, por ter dito um não a alguém, por não ter conseguido resolver algo a contento, pois quem é próximo, sabe que esse é seu jeito de ser.

Durante sua caminhada, passou por diversas situações, vitórias, alguns percalços, e aqui lembro da eleição de 1994, quando precisou recuperar o mandato que lhe foi conferido pelo povo mediante comprovação da existência de fraude na contagem de votos no município de Tobias Barreto, após batalha judicial que durou meses.

Ao longo dos meus 36 anos, venho acompanhando toda essa atividade política, onde a participação ativa em suas campanhas possibilitou conhecê-lo ainda mais em razão do convívio contínuo, pois não é pelo cargo que se conhece o homem, mas pela coerência na sua trajetória.

Belivaldo, como homem e político, segue, a meu ver, o exemplo do primeiro ministro britânico Winston Churchill, ao conclamar o esforço de guerra na Câmara dos Deputados: “Não tenho nada a oferecer além de sangue, cansaço, lágrimas e suor.”

É fato que a política, para alguns, é tida como profissão. Mas para Belivaldo, meu pai, sempre foi ditada pelo coração, e creio que chegar hoje, no maior cargo político do seu Estado, enquanto para muitos seria uma recompensa e reconhecimento de tantos anos dedicados à política, para ele, é o cumprimento de um dever.

Belivaldo parece que ouviu Sêneca, importante advogado e filósofo do Império Romano: “Comandar não significa dominar, mas cumprir um dever.” Serão inúmeros e complexos os desafios, mas tenho certeza que serão superados e vencidos.

Para finalizar, gostaria de responder aqui a uma pergunta de meu filho, Miguel, que em recente conversa, ao ser informado de que seu avô assumiria o cargo de governador, e que iríamos participar desta solenidade de posse, na inocência dos seus cinco anos de idade, me questionou: - Mamãe, o que é ser governador?

Pensei..., e com emprego da ilustração de Borne, um escritor alemão, tentarei, aqui, explicar: - Governador, meu filho, é como o capitão de um navio. O navio é o Estado. O capitão controla as velas, que é o governo, e tempo é o mar.

Em mar sereno todos os navios são bons veleiros.” (Citação de William Shakespeare, Coriolano, Ato IV, Cena I). Mas apenas o navegador experiente sabe dos riscos tanto das grandes, quanto das pequenas ondas.

Para seu avô, Miguel, que hoje assume esse posto tão importante na sua vida, governador significará ser o patriarca dessa grande família que é o povo sergipano, que ele cuidará com o mesmo amor, zelo e responsabilidade que faz com a nossa família!

Pai, só temos a te desejar sorte, sucesso e sabedoria, e que Deus continue te abençoando, te guiando e te protegendo! Conte sempre com sua família que tanto te ama e te admira.

[*] É filha de Belivaldo Chagas e advogada.

Priscila Felizola: \"Belivaldo, meu pai, teve que abrir mão de momentos com a família para estar lá, lutando com o povo e pelo povo\"
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