
Edson Rabelo: “O cuidar hoje é o reflexo principal das Farmácias Edson. É tudo que imagino e pratico”
“A farmácia contemporânea boa não pode só vender medicamentos. Ela tem que cuidar das pessoas”
4/11/2023-19hNinguém é grande sem causa. Sem que faça por onde. Sem um monte de filosofia no modo de ser, de ver as coisas, de existir e de praticar ações.
E neste contexto se encaixa com precisão exata o empresário Edson Rabelo, 60 anos, que fez do seu primeiro nome um vistoso e bem-sucedido sinônimo de farmácias em Sergipe.
Sempre que um sergipano pensa ou fala em Farmácias Edson, está falando dele e do modo particular desse Edson encarar a prestação de serviço na esfera do comércio de fármacos.
E não é de hoje que Edson Rabelo vem tecendo a teia da sua história de sucesso na prestação de serviços numa área muito sensível, que é essa da saúde pública e coletiva.
Ele era um moleque imberbe, de 23 anos, quando abriu a primeira farmácia há exatos 37 anos. Antes disso, ralou no chamado “chão da fábrica” desse setor.
Ou melhor, ralou no banheiro. “Eu entrei em serviços gerais, fui lavar banheiros e limpar a farmácia. Esse foi o meu primeiro emprego”, relembra Edson, todo seguro de si e do êxito da sua viagem até aqui.
Mas como foi mesmo que Edson botou um pé numa farmácia pela primeira vez, com possibilidade de emprego? “Antigamente não existia currículo. Era tudo na base indicação. Seu Carlinho, um amigo de minha mãe, pegou na minha mão, junto de minha mãe, me levou para a farmácia e avalizou: “Confie nesse menino e dê emprego para esse menino”. Eu com 15 anos”, rememora.
Depois de sete anos e já como um atendente de balcão, Edson Rabelo funda a sua primeira farmácia. Dali, conseguiu essa história de sucesso que já vai em 20 Farmácias Edson, 19 delas em Aracaju e apenas uma recentemente aberta na Barra dos Coqueiros.
Com a rede, Edson gera 250 empregos diretos, estima que uns 400 outros indiretos, fatura R$ 5 milhões por mês e ainda encontra tempo para investir no agronegócio, plantando milho e criando gado nelore em duas fazendas.
Mais do que isso: ele planeja expandir seu negócio para as maiores e principais cidades do interior de Sergipe. “Imagino umas dez lojas até 2030. Eu sempre empreendi e não vai haver mudança nisso”, diz.
“Eu tenho um projeto de estar presente nas maiores cidade do Estado de Sergipe com as Farmácias Edson. Teremos lojas em Nossa Senhora do Socorro, em Itabaiana, em Lagarto, em Propriá, em Tobias Barreto, em Estância e em São Cristóvão”, diz.
O que Edson quer levar para os sergipanos, com as 30 farmácias, é bem mais do que a venda ou repasse de remédios ou medicamentos. E é aí onde reside a diferença do seu filosofismo empresarial.
“A farmácia contemporânea boa não pode só vender medicamentos. Ela tem que cuidar das pessoas. E o cuidar hoje é o reflexo principal das Farmácias Edson. É tudo que eu imagino e pratico. Tudo que os nossos colaboradores fazem é cuidar do ser humano”, diz ele.
Edson Rabelo dos Santos nasceu no dia 20 de abril de 1963, em Santo Amaro das Brotas, Sergipe, e é filho de Otávio Francisco dos Santos e de Maria Helena Rabelo dos Santos.
Edson Rabelo é casado com Simone Viana Araújo Rabelo, que ele a tem como sócia, “empresária da área da farmácia”, com quem partilha a gestão dos negócios e com quem concebeu dois filhos - Rafael Araújo Rabelo, de 34 anos, e Gabriel Araújo Rabelo, 28 anos, dois bons suportes no grupo de farmácias.


Edson Rabelo tem apenas o ensino médio, mas é daqueles que trazem uma certa sabedoria natural muito ativada e acesa. É bom de prosa e nunca perde o prumo do diálogo. Não é sem causa que adora o povo de Itabaiana e suas expertises para a vida empreendedora.
“A primeira das Farmácias Edson nasce em 1º de maio de 1986, Dia do Trabalhador, comigo vindo de um período de sete anos de trabalhador de farmácias. Numa delas, fiz serviços gerais, lavei banheiro”, relembra.
A Entrevista com Edson Rabelo revela o que os analistas de mercado costumam chamar de “case de sucesso”, e por isso merece ser lida com olhos largos.
UMA FARMÁCIA QUE NASCE NO DIA DO TRABALHADOR
“A primeira das Farmácias Edson nasce em 1º de maio de 1986, Dia do Trabalhador, comigo vindo de um período de sete anos de trabalhador de farmácias. Numa delas, fiz serviços gerais, lavei banheiro”
JLPolítica & Negócio - Quando é que o senhor abre a primeira loja das Farmácias Edson?
Edson Rabelo - A primeira das Farmácias Edson nasce em 1º de maio de 1986, Dia do Trabalhador, comigo vindo de um período de sete anos de trabalhador de farmácias. Numa delas, fiz serviços gerais, lavei banheiro.JLPolítica & Negócio - É baseado em quê? Como é que o senhor chega à farmácia?
ER – Exatamente nesse meu primeiro emprego, que foi com 15 anos e já de carteira assinada e regido pela Consolidação das Leis Trabalhistas. Eu trabalhei dois anos em uma empresa, a Farmácia Mercúrio, depois fui para a Souza, onde trabalhei mais cinco anos. E depois disso daí eu fui empreender, porque era o meu destino.JLPolítica & Negócio - Essas passagens de sete anos nas duas lhe deram uma maturidade para o negócio.
ER - Me deram, sim. Me deram conhecimento para o negócio futuro.JLPolítica & Negócio - Por onde estão distribuídas as 20 lojas do Grupo Edson em Sergipe?
ER - Hoje as nossas farmácias estão da zona norte à zona sul de Aracaju. E agora, recentemente, abrimos uma na Grande Aracaju, na Barra dos Coqueiros - a primeira de uma série que pensamos para além da capital.

ONDE ESTÃO AS FARMÁCIAS EDSON
“Hoje as nossas farmácias estão da zona norte à zona sul de Aracaju. E agora, recentemente, abrimos uma na Grande Aracaju, na Barra dos Coqueiros - a primeira de uma série que pensamos para além da capital”
JLPolítica & Negócio – Então 19 das 20 estão na capital?
ER - Exatamente.JLPolítica & Negócio - Mas por que o senhor optou pela Barra dos Coqueiros como a primeira expansão?
ER – Porque eu acredito que a Barra dos Coqueiros vai ser um dos grandes municípios do Estado de Sergipe em breve? Porque o que ele tem de reservas imobiliárias e o que já tem de empreendimentos de moradia ali será um bom futuro para os moradores da Barra e para quem empreender por lá.JLPolítica & Negócio - A sua farmácia lá tem que porte? É média, pequena ou é grande?
ER - Nós consideramos farmácias médias.JLPolítica & Negócio - Qual é a sua maior loja?
ER - Hoje eu tenho praticamente dez lojas com o mesmo faturamento e o mesmo tamanho físico em metro quadrado, que variam na média de 120 metros quadrados a 150 metros quadrados.

DO PORTE DAS FARMÁCIAS EDSON
“Nós consideramos farmácias médias. Hoje eu tenho praticamente dez lojas com o mesmo faturamento e o mesmo tamanho físico em metro quadrado, que variam na média de 120 metros quadrados a 150 metros quadrados”
JLPolítica & Negócio - Qual o seu planejamento para até o começo da década de 2030?
ER - Eu sempre empreendi e não vai haver mudança nisso. Eu tenho um projeto de estar presente nas maiores cidade do Estado de Sergipe com a minha empresa, as Farmácias Edson. Teremos lojas em Nossa Senhora do Socorro, já temos na Barra dos Coqueiros, teremos em Itabaiana, em Lagarto, em Propriá, em Tobias Barreto, Estância e São Cristóvão. Vamos estar em toda a Grande Aracaju, com certeza, além desses outros municípios de que falei.JLPolítica & Negócio - Nesse seu planejamento, o senhor chega a imaginar quantas lojas?
ER - Imagino umas dez lojas até 2030.JLPolítica & Negócio - Mas nesse planejamento há algum interesse de expandir as Farmácias Edson para fora de Sergipe?
ER - Não.JLPolítica & Negócio - Por que não?
ER – Porque eu acredito no Estado de Sergipe e ainda tem muito potencial inexplorado por aqui.JLPolítica & Negócio - O senhor tem muito a expandir, ainda, internamente?
ER - Tenho muito a fazer aqui.

O ESPAÇO RESERVADO ÀS FARMÁCIAS PEQUENAS
“É muito grande, porque é importante ter um pequeno próximo das comunidades. Que é um serviço, certo. Hoje, a boa farmácia não apenas vende. A farmácia que só vender os medicamentos terá os dias contados”
JLPolítica & Negócio - Qual é o espaço da farmácia pequena e familiar na grade da distribuição de medicamentos no Brasil?
ER - É muito grande, porque é importante ter um pequeno próximo das comunidades. Que é um serviço, certo. Hoje, a boa farmácia não apenas vende. A farmácia que só vender os medicamentos terá os dias contados.JLPolítica & Negócio - Ela tem de fazer mais o quê?
ER - A farmácia contemporânea boa não pode só vender medicamentos. Ela tem que cuidar das pessoas. E o cuidar hoje é o reflexo principal das Farmácias Edson.JLPolítica & Negócio - A sua rede se afina com o cuidado de pessoas?
ER - É tudo que eu imagino e pratico. Tudo que os nossos colaboradores fazem é cuidar do ser humano. Veja os fatos: há anos, lá atrás, as pessoas faleciam com 50 anos ou 60 anos. Hoje a longevidade é muito grande. Chegamos aos 78 anos, aos 80 anos. Então essas pessoas precisam dos jovens e dos estabelecimentos comerciais, como o nosso, que não pensem somente no vende-vende, no ganha-ganha.JLPolítica & Negócio - O senhor considera as Farmácias Edson como populares ou não-populares?
ER - As Farmácias Edson são diferentes de tudo o que existe em farmácia em Aracaju. Primeiro, a gente tem um serviço do Governo Federal, que é a Farmácia Popular, com remédio gratuito. Nisso, nós somos referência em Aracaju e só fazemos crescer. Porque eu volto a dizer: quando se cuida, quando se dá o remédio gratuito ao consumidor você tem o respeito do consumidor.

O ESPAÇO RESERVADO ÀS FARMÁCIAS PEQUENAS
“É muito grande, porque é importante ter um pequeno próximo das comunidades. Que é um serviço, certo. Hoje, a boa farmácia não apenas vende. A farmácia que só vender os medicamentos terá os dias contados”
JLPolítica & Negócio - Qual é o conceito que o senhor acha que a comunidade aracajuana, onde o senhor está em quase 100%, tem das Farmácias Edson? Como é que a comunidade de Aracaju vê as Farmácias Edson?
ER - Vê bem. Pela qualidade, a comunidade não perde tempo, encontra tudo o que quer e, se não encontrar na Edson, a gente procura para ela. Ela não perde o tempo na Edson. Você vai na Edson que vai encontrar o que quer. Se não encontrar, eu resolvo o problema para a pessoa. Eu busco o remédio nas distribuidoras e entrego até o meio dia do outro dia. É a isso que eu chamo de cuidar.JLPolítica & Negócio - Então isso é uma extensão do cuidado de que o senhor fala?
ER - Com certeza absoluta. Para as pessoas, tempo hoje é a coisa mais primordial, além da saúde.JLPolítica & Negócio - O senhor tem problema em revelar faturamento do grupo? Mensal ou anual?
ER - Não tenho não. Hoje nós faturamos na média de R$ 5 milhões mensais.JLPolítica & Negócio - É possível fazer farmácia hoje em dia sem prestar a atenção na realidade do comércio online? Como é que se encontram as suas farmácias neste contexto?
ER - Não é possível já há algum tempo. O comércio online é uma realidade e ninguém vai conviver sem ele. Por quê? As pessoas ficam idosas e vão embora desse mundo e você tem que investir no jovem, na renovação. Você não encontra uma criança que não mexa hoje na rede social, que não mexa no online. Então eles não saem de casa para comprar, e quando saem eles já têm certeza do que querem, o preço e aonde vão encontrar. Para quê? Para não perder tempo.

O CUIDADO COM AS PESSOAS
“É tudo que eu imagino e pratico. Tudo que os nossos colaboradores fazem é cuidar do ser humano. Há anos, as pessoas faleciam com 50 anos ou 60 anos. Hoje a longevidade é muito grande. Chegamos aos 80 anos. Então essas pessoas precisam dos jovens e dos estabelecimentos comerciais, como o nosso, que não pensem somente no vende-vende”
JLPolítica & Negócio - O senhor lida com prédios próprios ou alugados?
ER - A maioria é alugado.JLPolítica & Negócio - Como o senhor e suas farmácias atravessaram as dificuldades da pandemia?
ER - Para falar a verdade, as Farmácias Edson nunca tiveram dificuldades nesses seus 37 anos. As Farmácias Edson não fazem leilão, não fazem pregão. As Farmácias Edson procuram parceiros e nesses 37 anos que estamos aqui na cidade de Aracaju comercializando e fazendo bons negócios, é porque cuidamos do parceiro.JLPolítica & Negócio - Quem são seus melhores parceiros?
ER - A comunidade é a maior parceira, mas as distribuidoras é que nos dão o suporte, então essas negociações com a distribuidora no ganha-ganha, dividindo, com a palavra na dificuldade eles estão sempre com a Edson.JLPolítica & Negócio - O senhor e suas farmácias geram quantos empregos diretos hoje?
ER - Empregos direto, geramos 250. Indiretos, aí vão de 400 a 450.

A COMUNIDADE DE ARACAJU VÊ BEM A EDSON
“Pela qualidade, a comunidade não perde tempo, encontra tudo o que quer e, se não encontrar na Edson, a gente procura para ela. Ela não perde o tempo na Edson. Você vai na Edson que vai encontrar o que quer. Se não encontrar, eu resolvo o problema para a pessoa. É a isso que eu chamo de cuidar”
JLPolítica & Negócio - Quando o senhor fala em 250 empregos, o senhor está contando os empregos rurais também?
ER - Não. Só das farmácias, do comércio.JLPolítica & Negócio - Mas é complicado existir e competir num mercado em que as redes de gigantes se impõem cada vez mais?
ER - Não. Eu acho que o pequeno precisa do grande. Porque se não existissem as grandes redes, a Edson tinha morrido. Por quê? Porque o grande todo dia oferece coisa diferente e você tem que acompanhar o grande. Nada se inventa. Você pode seguir uma pessoa que tem sucesso e seguir um caminho que já vem sendo gasto para isso.JLPolítica & Negócio - Então o senhor não tem receio da presença das grandes redes nacionais aqui ao seu lado?
ER - Não, porque eu trabalho em favor do bom serviço. O que eles não podem fazer, eu faço. E faço bem feito.JLPolítica & Negócio - Há risco de monopolização de preços por parte delas?
ER - Não. Não acredito.

NÃO HÁ SAÍDA SEM O COMÉRCIO ONLINE
“O comércio online é uma realidade e ninguém vai conviver sem ele. Por quê? As pessoas ficam idosas e vão embora desse mundo e você tem que investir no jovem, na renovação. Você não encontra uma criança que não mexa hoje na rede social”
JLPolítica & Negócio - O consumidor sergipano encontra nas Farmácias Edson preços compatíveis com os dessas farmácias nacionais de rede?
ER - Hoje existe um programa que não é das grandes redes. É do laboratório. Os laboratórios que dão boas condições e as grandes redes e a Edson se associam a eles. Então esse direito é do consumidor, dado pelo laboratório. Não são políticas das grandes redes. Na Edson, você encontra tudo isso e mais.JLPolítica & Negócio - Mas a grande rede não tem mais facilidade de compra e barganha para vender mais barato?
ER - Tem. Aí entra algum incentivo, que eles vão de Estado em Estado com algum Centro de Distribuição, e a gente, menor, não tem isso. Mas aí o que foi que eu fiz na cidade de Aracaju e no Estado de Sergipe? Nós temos uma rede de relacionamento com alguns concorrentes, mas amigos e, na hora de comprar, nós fazemos isso juntos para pegar o melhor preço, para combater eles e fazer o que eles fazem.JLPolítica & Negócio - Vocês teriam uma Central de Compra coletiva para determinados produtos?
ER - Não é uma Central. A gente chama alguns colegas - 10 a 20 -: “Pronto, vamos comprar nessa distribuidora”. E aí a gente vai nela e negocia os preços. E todo mundo direciona para as suas lojas, e todos saem ganhando.JLPolítica & Negócio - Tem algum outro grupo sergipano que tenha 20 farmácias, além de você?
ER - Que tenha 20 farmácias em Sergipe, não. Só nós temos.

SEM MEDO DAS GRANDES REDES
“Eu acho que o pequeno precisa do grande. Porque se não existissem as grandes redes, a Edson tinha morrido. Por quê? Porque o grande todo dia oferece coisa diferente e você tem que acompanhar o grande”
JLPolítica & Negócio - Mas tem gente que passa das 10?
ER - Aí tem. Posso citar: tem a FTB, aqui em Aracaju. Ela é sergipana. Tem a São Domingo, a Farmácia JB, de Estância, no sul do Estado. Tem a Mais Barato também, que tem na Bahia e em Sergipe. Tem um pé em Sergipe e outro na divisa vizinha.JLPolítica & Negócio - Mas nenhuma tem 20 lojas?
ER - Nenhuma tem 20 lojas.JLPolítica & Negócio – O senhor se orgulha de ter 20 lojas? É prazeroso ou dificultoso?
ER - É prazeroso. Dificultoso também, sim. Mas há o prazer e o reconhecimento de saber que o que você está fazendo, com gestão, tem seu benefício.JLPolítica & Negócio - Qual é a grande demanda, ou gargalo, do comércio farmacêutico hoje em dia?
ER - Hoje eu considero que o gargalo maior, vamos dizer assim, é uma lei muito antiga do Conselho Regional de Farmacêuticos. E essa lei diz o quê? Que durante o período de uma farmácia aberta tem que ter um profissional farmacêutico de plantão. Esse farmacêutico, que é um benefício para a população, eu sou um pouco não a favor. Por quê? Porque um engenheiro faz um prédio de 30 a 40 andares, e ali moram várias pessoas e ele não precisa ficar ali vigiando. O farmacêutico é um vigia. Assim, por que não um farmacêutico por loja? Por que ele não gira e faz a sua equipe ser corresponsável com ele?

OS PREÇOS SÃO REGULADOS PELOS LABORATÓRIOS
“Hoje existe um programa que não é das grandes redes. É do laboratório. Os laboratórios que dão boas condições e as grandes redes e a Edson se associam a eles. Então esse direito é do consumidor, dado pelo laboratório”
JLPolítica & Negócio - A preparação de mão de obra para esta atividade é dificultosa?
ER - Muito. E por quê? Porque o nosso negócio de farmácia cresceu muito e hoje não tem profissional preparado. O que eu faço? Eu trago muita gente de primeiro emprego e os mais antigos vão ensinando junto ao farmacêutico.JLPolítica & Negócio - Ou seja, o senhor prepara a sua própria mão de obra.
ER - Eu preparo minha mão de obra.JLPolítica & Negócio - O senhor tem um Centro de Distribuição?
ER - Não tenho. Não tive necessidade. Para o volume que eu tenho, não precisa.JLPolítica & Negócio - O que é que os consumidores devem levar em conta para acreditar numa farmácia ou numa rede delas?
ER - Vou falar pela Rede de Farmácias Edson: o consumidor vem aqui e vai encontrar tudo que ele quer e de procedência, por exemplo. Ele sabe de onde o medicamento saiu e aonde chegou. O percurso todo. É medicamento genuíno. Sai da indústria e eu rastreio todo até chegar aqui.

UNIDADE NA HORA DE COMPRAR
“Mas aí o que foi que eu fiz na cidade de Aracaju e no Estado de Sergipe? Nós temos uma rede de relacionamento com alguns concorrentes, mas amigos e, na hora de comprar, nós fazemos isso juntos para pegar o melhor preço, para combater eles e fazer o que eles fazem”
JLPolítica & Negócio - Seja original ou genérico, é genuíno?
ER - É genuíno. Outra coisa: aqui temos termômetros para dizer ao consumidor que aquele remédio vai fazer efeito. Vou dar exemplo: um remédio para dor de cabeça tem um tempo de passar essa dor. Se ele comprar na Edson, o tempo vai ser garantido. Nas outras, eu não sei.JLPolítica & Negócio - Data de validade é um problema grave na logística de medicamentos?
ER - Hoje a validade gira em torno de 12 meses a três anos. É preciso saber comprar. Um dos grandes gargalos para uma farmácia mediana como a minha é a logística. Tem que saber comprar.JLPolítica & Negócio - Talvez não só para a sua. Para todas.
ER - Sim, para todas. A logística é muito importante na hora de comprar.JLPolítica & Negócio - A política de remédios gratuitos pelo Governo Federal para determinadas doenças é algo que atrapalha ou ajuda na atividade empresarial de Farmácia?
ER - Ajuda demais. Ajuda porque o consumidor, em si ganha. Esse ganho é bem menor, mas o Governo Federal paga rigorosamente em dia.

NINGUÉM COM REDE DE 20 FARMÁCIAS
“Que tenha 20 farmácias em Sergipe, não. Só nós temos. (Mas 10) aí tem. Posso citar: tem a FTB, aqui em Aracaju. Ela é sergipana. Tem a São Domingo, a Farmácia JB, de Estância, no sul do Estado. Tem a Mais Barato também, que tem na Bahia e em Sergipe. Tem um pé em Sergipe e outro na divisa vizinha”
JLPolítica & Negócio - Aqui tem medicamento gratuito?
ER - Tem. E ganhamos pelo medicamento gratuito. Eu entrego gratuito a você, o Governo me paga com 30 a 60 dias. É melhor do que um cartão de crédito. E não tem juros.JLPolítica & Negócio - Há uma categoria de pessoas que se possa chamar de sem-remédio na vida brasileira?
ER - Do Real para cá, eu desconheço, porque remédio está muito barato e tem acesso nos postos de saúde e nas farmácias populares como a Edson. Gratuitos.JLPolítica & Negócio - O senhor considera remédio um insumo barato?
ER - Hoje, considero. Claro que nem todos. O que é que aumenta? São os lançamentos que a indústria faz. Esses aí os preços são elevados.JLPolítica & Negócio - Como é que está a indústria farmacêutica brasileira de hoje para aquela de quando o senhor começou há 37 anos?
ER - A indústria farmacêutica brasileira avançou demais, porque o acesso de medicamentos e faturamentos pela população é absurdamente grande. Você pode olhar a quantidade de farmácias que existem hoje no Brasil, em Sergipe. Cresceu demais. E para a gente, menor, antigamente não existiam distribuidoras. Se comprava diretamente do laboratório, e no laboratório de referência tinha um valor e você passava seis meses pagando esse produto. Com a distribuidora você pode comprar uma unidade e, com 24 horas depois, estar na sua casa. Essa logística implantada melhorou muito.

A ABUSIVA EXIGÊNCIA DE UM FARMACÊUTICO
“Considero que o gargalo maior é uma lei muito antiga do Conselho Regional de Farmacêuticos. E essa lei diz o quê? Que durante o período de uma farmácia aberta tem que ter um profissional farmacêutico de plantão. Esse farmacêutico, que é um benefício para a população, eu sou um pouco não a favor”
JLPolítica & Negócio - Remédio brasileiro é mais caro do que o remédio de outra partes do mundo?
ER - Eu não tenho esse conhecimento e esse comparativo com outros países.JLPolítica & Negócio - O senhor é a favor ou contra a ideia do Governo do Brasil de elevar as farmácias a pontos de laboratórios de análise clínica?
ER - Sou a favor. Porque tudo que se faz para atrair pessoas, para chegar próximo do consumidor, é bom. As clínicas estão centralizadas na zona sul e hoje há boa quantidade de farmácias na periferia, nos bairros periféricos, na zona norte. Com essas clínicas nas farmácias, elas e as farmácias vão dar um suporte e fazer todos os serviços básicos. Vão atender melhor o consumidor.JLPolítica & Negócio - O senhor defende a tese de que é uma forma, também, de a população estar mais perto das farmácias?
ER - Com certeza absoluta. Isso vai atrair também cliente para a farmácia.JLPolítica & Negócio - A margem de lucro do negócio farmacêutico é tabelada ou cada comerciante faz a sua parte?
ER - Não é tabelada. O medicamente em si tem o preço tabelado pelo Governo. Preço máximo e preço de fábrica. Só que aí a gente consegue algumas condições diferenciadas e repassa isso para o consumidor em condições melhores. Por isso que eu digo que hoje o medicamento está barato - todo mundo que vai na farmácia pede desconto. Você vai no shopping e não pede desconto. Você vai comprar uma roupa e não pede desconto. Mas você vai na farmácia e pede.

O QUE LEVA EM CONTA O CONSUMIDOR DA EDSON
“O consumidor vem aqui e vai encontrar tudo que ele quer e de procedência, por exemplo. Ele sabe de onde o medicamento saiu e aonde chegou. O percurso todo. É medicamento genuíno. Sai da indústria e eu rastreio todo até chegar aqui”
JLPolítica & Negócio - O senhor se imagina fazendo outra coisa?
ER - Não. Eu sou um apaixonado por servir. Eu sou apaixonado por esse ramo. Eu sou um abençoado e abençoo todos os dias a pessoa que me levou na primeira farmácia.JLPolítica & Negócio - Quem foi que lhe levou na primeira farmácia?
ER - Seu Carlinho, um amigo de minha mãe. Antigamente não existia currículo. Era tudo na base indicação. Esse senhor pegou na minha mão, junto de minha mãe, me levou para a farmácia e avalizou: “Confie nesse menino e dê emprego para esse menino”. Eu com 15 anos. Eu entrei em serviços gerais, fui lavar banheiros e limpar a farmácia. Esse foi o meu primeiro emprego.JLPolítica & Negócio - Qual é hoje o seu conceito de trabalho?
ER - O trabalho é algo que dignifica o homem.JLPolítica & Negócio - Anterior àquela primeira farmácia, o senhor tem a imagem de trabalho em que idade? Qual é a sua referência de quando se começa a trabalhar?
ER - Isso é muito complicado dizer a idade. Mas informalmente, iniciei aos 12 anos. Meu avô tinha um boteco que vendia cereais no Mercado Thales Ferraz, em Aracaju, e eu ia pra lá com ele. Havia uma senhora que fazia compras. O que eu fiz? Comprei um carrinho de mão e fazia carreto para aquela senhora cliente do meu avô. Eu estudava, mas às sextas, sábados e domingos, que eram os maiores dias de movimento, eu ia com ele.

POLÍTICA DOS GRATUITOS AJUDA OU ATRATALHA?
“Ajuda demais. Ajuda porque o consumidor, em si ganha. Esse ganho é bem menor, mas o Governo Federal paga rigorosamente em dia. Eu entrego gratuito a você, o Governo me paga com 30 a 60 dias. É melhor do que um cartão de crédito. E não tem juros”
JLPolítica & Negócio - O senhor já foi emparedado por algumas dessas redes gigantes querendo comprar sua rede?
ER - Eu sempre falo que aqui é uma empresa familiar. Mas interesse e conversa já teve. O desejo da minha parte, no entanto, é continuar, porque aqui é uma empresa familiar. Meus filhos vivem disso e vivem aqui dentro. Meus cunhados vivem desse negócio. Depois, eu confio demais no ramo e sei administrar e pelejar hoje com meus filhos e a mulher.JLPolítica & Negócio – Quem é, da família, que lhe ajuda a tocar o negócio?
ER - Hoje tem Rafael Rabelo e Gabriel Rabelo. Tem Alexandre, tem Fernando, que são meus cunhados. E minha esposa, também, Simone Rabelo.JLPolítica & Negócio - Mas o senhor não lida somente com farmácia. O senhor também atua no agronegócio?
ER – Sim. Há uns seis ou sete anos nós investimos também no agro. E, recentemente, no agro e na pecuária.JLPolítica & Negócio - O senhor faz o quê? Cria, engorda?
ER - Na cidade de Carira, nós plantamos milho. Temos uma propriedade lá e uma outra na região de Jeremoabo, onde lidamos com cria de bovinos nelore.

DE INDÚSTRIA QUE AVANÇOU
“A indústria farmacêutica brasileira avançou demais, porque o acesso de medicamentos e faturamentos pela população é absurdamente grande. Você pode olhar a quantidade de farmácias que existem hoje no Brasil, em Sergipe. Cresceu demais”
JLPolítica & Negócio - Mas ali é uma região muito apropriada para milho, não é?
ER - Tem milho e tem cria. E aonde está situado, na região de Jeremoabo, serve para os dois. Mas lá eu só crio.JLPolítica & Negócio - Dá uns dez empregos na zona rural?
ER - Dá. São dez empregos nas duas fazendas.