Inácio Krauss: “Projetos pessoais e interesses privados são abominados na OAB”

Entrevista

Jozailto Lima

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Inácio Krauss: “Projetos pessoais e interesses privados são abominados na OAB”

13 de novembro de 2021
“Temos hoje uma OAB ainda mais forte, e mais plural, onde todos têm vez e voz”

Uma OAB que não se entregou às dificuldades circunstanciais de uma pandemia que aviltou abertamente todos valores e atividades humanas.

Uma OAB que não desbotou em seu papel dual de defender as prerrogativas dos advogados advogadas e a sociedade frente ao tempo político obscuro que cinge a vida nacional brasileira nos últimos.

É esta OAB que o advogado Inácio Krauss, presidente da secional de Sergipe, acredita ter entregue à sociedade e sobretudo à advocacia sergipana nos últimos três anos em que a preside.

E é por acreditar nesse expresso riscado que Inácio Krauss está em campanha e vai às urnas na próxima terça-feira, 16 de novembro, tentando carimbar um novo passaporte para mais três anos de gestão à frente dessa que é uma das entidades mais vistosas da vida civil e classista brasileira.

Em torno da candidatura dele, com a Chapa 1, e da de Danniel Alves Costa, com a Chapa 2, gravitam cerca de 7,5 mil advogados sergipanos habilitados ao voto, de um contingente de pouco mais de 14 mil deles existentes no Estado.

Calculista, Krauss acredita que conseguirá esse carimbo favorável à permanência - ou à continuidade. Mas é cuidadoso e evita bravatas relativas aos resultados.

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Tudo isso, segundo Inácio Krauss, porque a OAB, para ele, paira acima de quaisquer caprichos pessoais ou veleidades. “A OAB, para mim e para as advogadas e advogados que integram a Chapa 1, é sacerdócio”, diz.

“É entrega e é devoção. Nossa missão é fortalecer a Ordem, a advocacia. Projetos pessoais e interesses privados são abominados e denunciados. Eis o diferencial do nosso grupo, e me sinto muito feliz e plenamente realizado por isso”, diz.

Inácio José Krauss de Menezes nasceu no dia 7 de maio de 1974 na cidade de Aracaju. Ele é filho de Ângela Maria Krauss de Menezes e de Geraldo José Nabuco de Menezes.

Inácio José Krauss é casado com Dina Faro Barretto de Menezes, uma odontóloga, com quem tem dois filhos - Inácio Krauss Faro Barretto de Menezes e Gabriel Krauss Faro Barretto de Menezes.

Inácio Krauss formou-se em Direito por uma universidade sergipana em 1999 e tem especialização em Direito e Processo Civil.

“Nunca na nossa história a OAB falhou na missão de defender a sociedade, nem mesmo em momentos de exceção. Aliás, eu diria que foi nesses momentos que ela se mostrou mais presente. Somos uma instituição dual, voltada à pauta corporativa e às questões constitucionais”, diz ele.

A Entrevista com Inácio Krauss é muito esclarecedora do modo como ele vê o direito, os operadores dele, como toca a OAB e do porquê pede para permanecer por mais um mandato. Por tudo isso, vale a leitura.

Inácio Krauss presta contas de uma gestão sob pandemia e aposta que fez muito por muitos
DA PANDEMIA E DA REINVENÇÃO DA OAB
“A pandemia paralisou o planeta, acelerou o processo adaptativo e forçou uma completa alteração nos rumos inicialmente planejados. Havia metas estabelecidas que tiveram que ser suspensas ou adaptadas. Todos, e as instituições também, tivemos que nos reinventar, não seria diferente com a gestão da OAB”


JLPolítica - Se o senhor está candidato à reeleição, por óbvio acha que sua gestão merece ser repetida. Como o senhor justificaria esse suposto merecimento?
Inácio Krauss -
Durante esta gestão, passamos pelo momento mais crítico jamais vivido pela advocacia. Antes mesmo da pandemia, a classe já buscava se adaptar às mudanças tecnológicas e ao acirramento da concorrência no mercado jurídico. A pandemia paralisou o planeta, acelerou o processo adaptativo e forçou uma completa alteração nos rumos inicialmente planejados. Havia metas estabelecidas que tiveram que ser suspensas ou adaptadas à nova realidade. Todos nós, e as instituições também, tivemos que nos reinventar, não seria diferente com a gestão da OAB.

JLPolítica - Em que direção se deu a mudança de foco?
IK -
Apesar das dificuldades, vencemos! A atenção passou a ser outra: focamos mais no ser humano, no cuidado profissional de advogadas e advogados, para que continuassem a exercer suas atividades, sobretudo, junto às pessoas mais vulneráveis. As crises nos mostram caminhos e estou convicto que escolhemos o rumo certo. O resultado é que temos hoje uma OAB ainda mais forte, com portas sempre abertas para a advocacia e a sociedade, uma OAB mais plural, mais inclusiva e participativa. Uma OAB onde todos têm vez e voz. Onde a advocacia, esteja no interior ou na capital, encontra seu porto seguro e uma mão sempre acolhedora e vigilante.

JLPolítica - O que fazer com a atenuação da pandemia?
IK -
Agora, com o retorno gradativo à “normalidade”, chegamos ao momento de revisar e retomar planos, implementar novos projetos, consolidar as experiências, as lições. Enfim, fazer ainda mais e melhor, em condições mais favoráveis, e por isso aceitei a convocação do grupo, endossada pela avaliação da advocacia, para o desafio de concorrer à reeleição. Friso, portanto, que esta não foi uma decisão pessoal, e sim coletiva.

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DA AÇÃO SOCIAL DA OAB NA CRISE
“Fizemos muito diante de condições tão adversas! Não por acaso, logo no começo da crise, com escritórios fechados e prazos suspensos, suspendemos a cobrança de anuidades, instituímos um auxílio financeiro aos inscritos em situação de vulnerabilidade, além de manter em funcionamento todos os serviços ofertados pela Caase”


JLPolítica - O que foi que a sua gestão prometeu lá em 2018 que não teve condições de entregar até agora?
IK -
Fizemos muito diante de condições tão adversas! Como você sabe, o mundo parou diante da pandemia. Não por acaso, logo no começo da crise, com os escritórios fechados e os prazos suspensos, suspendemos a cobrança de anuidades, instituímos um auxílio financeiro aos inscritos em situação de vulnerabilidade, além de manter em funcionamento todos os serviços ofertados pela Caixa de Assistência, entre os quais o da vacinação gratuita contra a gripe para a advocacia e seus dependentes. De igual modo, criamos, com absoluto sucesso, a Central de Alvarás para intermediar a expedição e cumprimento céleres e desburocratizados dos alvarás judiciais e RPVs junto ao tribunal e bancos, a fim de assegurar aos colegas o recebimento dos honorários durante a pandemia. Também disponibilizamos diversos cursos gratuitos através da Escola Superior de Advocacia, entre outras ações como o serviço de apoio psicológico online, para ajudar na adaptação dos colegas ao isolamento social, e o programa Anuidade Zero, que a classe pode utilizar para reduzir e até zerar a anuidade, sem esquecer que encerraremos dezembro cobrando uma anuidade mais baixa do que quando assumimos. Também cito que para reabrir os escritórios e possibilitar ao advogado o exercício profissional, encaminhamos ao governo estadual um pedido para que a advocacia fosse incluída como atividade essencial, no que fomos prontamente atendidos. Assim, por decreto, foi liberado o funcionamento de escritórios, com todas as salvaguardas necessárias, enquanto outros serviços, como os odontológicos, por exemplo, permaneceram fechados. A classe exige e merece esse tipo de ação, e essas ações não são nenhum favor, mas exigiram dedicação, coragem e experiência.

JLPolítica - É injusto apostar num possível cansaço ou enfado da advocacia sergipana perante o modo de o senhor e de Henri Clay Andrade tocar a OAB nos últimos anos?
IK -
Estou concluindo o meu primeiro mandato à frente da OAB, depois de ter sido presidente da Caase e vice-presidente no mandato anterior, presidido pelo advogado Henri Clay Andrade. Temos um grupo forte, renovado, majoritariamente jovem e com mulheres e homens dividindo espaço igualitariamente - isso desde 2016. Hoje, a nossa chapa tem mais de 65% de renovação. Temos muitos serviços prestados à advocacia e a nossa história é de respeito aos valores da instituição e da advocacia, sem descuidar do importante papel de defesa da sociedade, que sempre esteve entre as prioridades. O esforço e a dedicação em defesa da classe durante a pandemia nos qualificaram. A OAB não parou. Os funcionários estavam em home office, mas a Diretoria trabalhou presencialmente, em tempo quase integral. As comissões fizeram um esforço enorme, presencial, inclusive, para atender às demandas da classe e da sociedade. Aliás, aqui agradeço pelo empenho dessas advogadas e advogados que, mesmo arriscando a própria saúde, não mediram esforços para manter a Ordem firme, vigilante e acolhedora. Somos um grupo plural, diverso. Um grupo coeso e que conhece a instituição, sem distinção de qualquer ordem, seja cor por questões de cor da pele, identidade de gênero, religião. Defendemos a diversidade, e nisso somos vanguarda no Brasil.

JLPolítica - A campanha de Henri Clay em 2015 e sua em 2018 usaram a prerrogativa da advocacia como tema. Ainda hoje justifica usá-la como plataforma?
IK - 
A defesa das prerrogativas e de honorários dignos são questões perenes, inalienáveis. São bandeiras de luta. Defender o pleno exercício da profissão, travando um combate duro sempre que isso se fizer necessário, e lutar contra o aviltamento da remuneração pelos serviços advocatícios estão no nosso sangue como premissas. Como causa maior. São, a priori, a razão de ser e existir da própria OAB como instituição democrática. Portanto, seja durante uma campanha eleitoral da classe ou não, essas duas bandeiras estarão sempre hasteadas em nossa luta pela advocacia e pela sociedade. E particularmente, a minha inspiração para tanto, para dar sequência a esse esforço e torná-lo uma realidade de fato e de direito, vem da luta de grandes advogadas e advogados que, historicamente, estiveram à frente das mais importantes e cruciais causas da classe e da sociedade. São, para mim, espelho! A OAB e o presidente da Ordem têm lado - o lado da advocacia, sempre.

Danniel Alves Costa: o oponente ativo que a Chapa 1 tentou desativar do radar
CONDUÇÃO DA OAB SOB VISÃO PLURAL
“Somos um grupo plural, diverso. Um grupo coeso e que conhece a instituição, sem distinção de qualquer ordem, seja cor por questões de cor da pele, identidade de gênero, religião. Defendemos a diversidade, e nisso somos vanguarda no Brasil”


JLPolítica - Em que as prerrogativas do advogado e da advocacia sergipana são aviltadas? E o que fizeram as gestões da OAB que já não aboliram isso?
IK - 
Prerrogativas são instrumentos democráticos da cidadania, garantidores do exercício altivo, desembaraçado e destemido da advocacia. Daí, a conclusão lógica de que tais prerrogativas não são nossas e sim do cidadão que precisa ter seus direitos defendidos em condições equânimes, justas e paritárias. Assim como a criminalidade, a violação de prerrogativas - que agora também é crime de abuso de autoridade -, sempre existirá, e nesse contexto, cabe-nos estar sempre antenados, atentos e vigilantes, prontos para agir ao menor sinal de ameaça. Portanto, é uma luta constante de combate e enfrentamento, mas, sobretudo, de conscientização de colegas, dos cidadãos e das autoridades acerca da importância e da necessidade de valorização das nossas prerrogativas e da dignidade da advocacia. Todos nós, advogados e advogadas, temos o dever de defender nossas prerrogativas e, para tanto, posso assegurar que sempre poderão contar com o braço firme da OAB na dianteira dessa luta.

JLPolítica - Como é que a OAB de Sergipe se colocou diante tempo trevoso de afronta aos direitos humanos ultimamente no Estado e no Brasil?
IK -
Fico bem à vontade para tratar desse tema, pois esse grupo traz um legado histórico na defesa intransigente dos direitos humanos. Infelizmente, vivemos tempos estranhos. Não lembro de outro período recente em que a luta pelos direitos humanos fosse tão necessária e urgente. Nossa batalha diuturna, em comissões e no Conselho da OAB, decorre de nossa missão constitucional de defesa da sociedade, daí que se inserem neste contexto a luta contra a violência à mulher e às crianças, a luta pela igualdade de gênero, a luta pela igualdade e respeito racial e religioso, a luta em respeito e pela valorização da pessoa com deficiência, aos LGBTQIA+, aos abandonados pelo poder público… enfim, também pela primazia de nossa vocação, pela advocacia, por honorários dignos, pelo respeito às prerrogativas - afinal a advocacia é feita de pessoas, de seres humanos. É por tudo isso que fazemos a defesa intransigente dos direitos humanos, em torno de um contexto universal, de todos e por todos. Defender direitos humanos é defender o respeito à liberdade e à vida digna. É defender a advocacia, afinal nós advogados e advogadas também somos humanos e temos direitos.

JLPolítica - Por que a advocacia dativa continua ainda sendo um problema, e ao sê-lo não é mais uma manifestação de depauperização da mão de obra dos advogados?
IK - 
A advocacia dativa existe para suprir uma omissão do poder público, que não disponibiliza à sociedade defensores públicos suficientes para atender às demandas judiciais das classes menos favorecidas. Nesse contexto, é preciso ter em mente que a valorização da advocacia dativa é dever de Estado. Sem ela, o Poder Judiciário simplesmente trava e não tem como entregar a jurisdição - afinal, sem advogado não há justiça. Portanto, o problema da advocacia dativa passa, sim, por uma questão política de governo. Mas nesse campo, fizemos muito. Acabamos com as filas indignas que expunham colegas a situações constrangedoras, democratizamos e aprimoramos digitalmente a inscrição dos dativos nas comarcas, lutamos no Tribunal de Justiça contra a imposição de uma tabela aviltante para tarifação do pagamento de honorários, e obtivemos êxito. Nesse particular, vamos continuar a exigir o cumprimento da lei federal que nos delega a atribuição de implementar a nossa tabela de honorários advocatícios, o que essa gestão também já entregou atualizada. Além disso, atuamos firmemente através da Comissão de Combate ao Aviltamento de Honorários – que, inclusive, se tornou referência nacional –, disponibilizando aos colegas modelos de recursos para impugnação e reforma de decisões judiciais aviltantes. Mas isso tudo só é possível porque a nossa inspiração é a advocacia. É a defesa da classe.

A campanha de Inácio foi marcada pelo envolvimento de grandes grupos - aqui, em Lagarto, na Regional Centro-Sul da OAB
EVOLUÇÃO DAS COISAS SOB O DIGITAL
“A advocacia digital requer uma atuação diferenciada de advogados e advogadas. Hoje, a OAB/SE opera vários serviços através da internet, com mais de 90% deles disponíveis remotamente. Hoje, a advocacia recebe em pouquíssimos dias aquilo que, há seis anos, levava meses para receber”


JLPolítica - Mas o que foi feito pela OAB/SE em favor dos advogados, sobretudo dos mais jovens e menos encaixados no mercado, durante esta pandemia?
IK - 
Entre as prioridades da gestão, está a questão da jovem advocacia, a fim de prepará-la para os desafios do futuro, no médio e no longo prazo. Os profissionais do Direito já estavam aderindo às mudanças tecnológicas no ambiente profissional antes mesmo de a pandemia literalmente paralisar o planeta. Logo no início, a classe enfrentou dificuldades porque se viu de uma hora para outra obrigada a viabilizar o ferramental exigido pelo Judiciário para as atividades remotas, mas conseguiu se adaptar. A nossa gestão promoveu ações facilitadoras, de inclusão digital e apoio técnico, especialmente para quem está em início de carreira. Essas mudanças vieram para ficar. Devemos saber usar a tecnologia, associada ao estudo permanente, como ferramenta para melhorar o ambiente de trabalho e também para reduzir custos operacionais e distâncias. Nossa missão tem sido transformar tudo isso em realidade, através de seminários e cursos especiais. Na conferência realizada em agosto, o tema foi inovação, no sentido de ser o nosso maior desafio. Devemos estar preparados para os novos tempos e, em razão disso, o próximo mandato estará focado ainda mais na inovação e nos novos conceitos de gestão, para a inserção da classe no direito digital.

JLPolítica - A OAB Digital, tão prometida, é cumprida em que percentual sob a sua gestão?
IK -
Como eu disse, a inovação tem sido nossa grande missão, e é prioritária. Hoje, a OAB/SE opera vários serviços através da internet, com mais de 90% deles estando disponíveis remotamente. Reduzimos drasticamente o tempo de inscrição, registro de sociedade e expedição de certidões. Hoje, a advocacia recebe em pouquíssimos dias aquilo que, há seis anos, levava meses para receber. A digitalização de uma entidade é um processo complexo, que segue cronogramas, e não se faz com bravatas e discursos, mas com muito trabalho e dedicação. Portanto, tenho a tranquilidade de assegurar aqui, sem alardes, que estamos bem avançados nesse processo para a entrega real de uma OAB digital. Realizamos investimentos e treinamentos e ainda faremos mais. Estamos diante de uma realidade inexorável: a advocacia digital estará 100% na vida profissional mais breve do que se pensa, sobremodo com o avanço da Justiça em termos tecnológicos, e estamos no limiar de ter a nossa instituição operando totalmente através da internet. Por outro lado, e eis a questão, a advocacia digital requer uma atuação diferenciada de advogados e advogadas. A abordagem e os serviços prestados em ambientes digitais, com o uso da tecnologia para atendimentos remotos, trazem consigo realidades como o gerenciamento de escritórios virtuais, regras próprias de marketing e conceitos éticos distintos. Ao longo dos anos, a advocacia evoluiu rapidamente em todo o mundo. De certa forma, podemos dizer que somos privilegiados, pois a nossa profissão tem prevalecido a cada nova era que surge, e segue sendo importante para a sociedade. O foco deste próximo mandato é garantir que a evolução tecnológica beneficie a toda a advocacia, e não apenas às grandes bancas e escritórios de maior porte e renome.

JLPolítica - A ovação à jovem advocacia não seria uma maneira de abandonar a advocacia sênior?
IK -
Não. Numa família, sem descuidar dos outros entes, a atenção maior é sempre com os filhos mais novos, sobretudo os menos experientes, que estão dando os primeiros passos. Nesse caso, é preciso dar-lhes a mão. A OAB funciona de forma semelhante. Porém, desde sempre, os nossos olhares estão voltados para todos. A advocacia sênior foi destinatária de atenção especial, com atuação dedicada dos membros da Comissão Especial Sênior, que promoveu ações específicas e efetivas de capacitação profissional, integração, acolhimento, cultura, congraçamento, saúde, esporte e lazer. Neste tocante, a nossa gestão também estabeleceu outros marcos importantes, como a interiorização da OAB, com salas da advocacia disponíveis em vários municípios, dotadas do ferramental de um escritório funcional. A advocacia do interior é tratada com a mesma deferência dada à da capital. Os cursos de formação em áreas específicas, como marketing digital, estão disponibilizados para toda a advocacia, sem distinção. Da mesma forma, a classe tem aceso a uma gama de serviços. Em resumo, respeito e o cuidado com advocacia sênior sempre existiu e continuará a existir. E isso não é favor nenhum.

Em Nossa Senhora da Glória, advocacia recebe campanha de IK de braços largos
MAIS ADVOGADAS QUE ADVOGADOS NO BRASIL
“No geral, o número de advogadas já é maior que o número de advogados no Brasil. Nas seccionais de Sergipe, da Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Rondônia, Rio Grande do Sul e São Paulo as mulheres são maioria. Isso nos orgulha muito, sobretudo pelo fato de, já em 2016, voluntariamente, praticarmos a inédita paridade de gêneros em nossas chapas”


JLPolítica - Proporcional e estatisticamente, o que representa a mulher na atividade advocatícia sergipana?
IK -
No geral, o número de advogadas já é maior que o número de advogados no Brasil. Os dados constam no quadro da advocacia mantido pelo Conselho Federal da OAB, que apresenta números totais e por Estado. Nas seccionais de Sergipe, da Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Rondônia, Rio Grande do Sul e São Paulo as mulheres são maioria. E isso nos orgulha muito, sobretudo pelo fato de, já em 2016, voluntariamente, praticarmos a inédita paridade de gêneros em nossas chapas, que hoje passou a ser obrigatório no sistema OAB a partir de nossa seccional. Portanto, nasceu aqui, deste grupo, e hoje faz parte da realidade de todas as seccionais no aís. Eu costumo dizer que jamais faríamos uma gestão tão exitosa e realizadora sem a força e a coragem das colegas abnegadas e dedicadas à advocacia. São verdadeiras guerreiras, pessoas que merecem nossa homenagem e aplausos. O que seria da humanidade sem a presença da mulher? A resposta pode ser vista, em termos de resultados positivos, nas vitórias obtidas neste mandato. A pandemia é um exemplo: a OAB não parou e o trabalho das colegas foi fundamental para que a classe fosse plenamente assistida.

JLPolítica - Ela está mais exposta à dificuldade de inserção e operosidade do que o advogado homem?
IK -
Veja, na jovem advocacia, com menos de três anos de Ordem, as mulheres já são a maioria, representando 64% dos inscritos na OAB. O provimento 164/2015, com o Plano Nacional da Mulher Advogada, instituiu as premissas para o crescimento da participação da mulher advogada e garantia de direitos. Os números demonstram que as mulheres são uma força cada vez mais representativa da advocacia e, obviamente, surge a necessidade de mudança em uma instituição que sempre foi predominantemente masculina, a fim de termos a presença da mulher advogada plenamente consolidada, tanto na OAB quanto na sociedade. Mas essa gestão não se limitou a garantir a paridade de gênero na ocupação dos espaços políticos. De modo voluntário, estimulamos a efetiva participação feminina nos campos decisórios, o que torna a instituição mais forte.

JLPolítica - Mas entre elas há remuneração desigual, como há na economia de um modo geral?
IK -
Embora as mulheres estejam conquistando cada vez mais espaço no mercado do direito, há ainda impasses e desafios que devem ser enfrentados e solucionados. Apesar de a OAB combater a remuneração desigual das profissionais por meio de comissões especializadas, ainda há espaço para avançarmos. Nossa gestão promoveu debates e ações relativos à igualdade de gênero, valorizando o trabalho desenvolvido pelas mulheres advogadas e o papel que devem ter na Ordem e na sociedade. Cada vez mais, as mulheres vêm conquistando seu espaço no mercado e desafiando os obstáculos na área da advocacia, e isso para nós é sinal de vitória, um marco. Porém, como disse, há muito por fazer ainda.

Elas são e podem: advogadas mulheres sergipanas determinam ritmo da Chapa 1 desde 2016 e viraram padrão de referência nacional
OAB E VIGÍLIA ÀS LIBERDADES POLÍTICAS
“Nunca na nossa história a OAB falhou na missão de defender a sociedade, nem mesmo em momentos de exceção. Aliás, eu diria que foi nesses momentos que ela se mostrou mais presente. Somos uma instituição dual, voltada à pauta corporativa e às questões constitucionais”


JLPolítica - O que foi que o senhor prometeu em favor dos valores da mensalidade da OAB que não cumpriu?
IK -
No que toca à anuidade, o trato dessa gestão é bem cuidadoso. Sabemos das dificuldades enfrentadas pelos colegas, dificuldade essa que foi drasticamente potencializada pelas consequências nefastas da pandemia, ao tempo em que temos plena consciência de que esta verba é o único sustentáculo financeiro de toda essa gama de serviços ofertados pela OAB, sem a qual a instituição não conseguiria cumprir os seus compromissos. Portanto, nesse campo, não deixamos de cumprir nada do que prometemos. Aliás, fomos além das promessas: reduzimos o valor da anuidade, e durante a pandemia suspendemos seu pagamento, isentamos em alguns casos de vulnerabilidade comprovada, implementamos o programa anuidade zero, enfim, cumprimos tudo e fizemos ainda mais. Fica aqui o compromisso de ainda avançar, pois isso também fortalece a classe.

JLPolítica - O senhor acha que aquele papel supostamente aguerrido da OAB junto à sociedade civil se diluiu, fraquejou, ou continua o mesmo?
IK - 
Nunca na nossa história a OAB falhou na missão de defender a sociedade, nem mesmo em momentos de exceção. Aliás, eu diria que foi nesses momentos que ela se mostrou mais presente. Somos uma instituição dual, voltada à pauta corporativa e às questões constitucionais.  Contudo, é na questão social que mais nos destacamos. A nossa história fala por si.

JLPolítica - O senhor não acha que o pagamento de honorários à advocacia sergipana tem sido degradado ultimamente, sendo isso que antecede o período de pandemia? O que fazer para mudar?
IK -
Somos referência nacional nesse campo específico, com a atuação firme da Comissão de Combate ao Aviltamento de Honorários. A nossa atuação nesse campo é marcada pelo combate processual e administrativo dessas decisões e também pela conscientização das autoridades para a necessidade de respeitar os honorários dignos. Essa atuação firme e combativa só é possível em razão de a nossa inspiração diária advir da própria advocacia, de seus exemplos mais significativos, de seus grandes líderes e mentores, de suas lutas e glórias históricas e cotidianas.

Em Propriá, IK apresentou propostas e desconsiderou as provocações da Chapa 2
CAMPANHA QUE NÃO BEBEU PROVOCAÇÕES
“Fizemos uma campanha de paz e união, pautada em fatos concretos e nas ações realizadas nestes quase três anos de gestão, apesar das dificuldades, e baseada também em propostas factíveis. Cabe agora à advocacia avaliar, mas tenho absoluta confiança nessa avaliação, pois conhecemos a advocacia e ela conhece o nosso grupo”


JLPolítica - O senhor se surpreendeu com a força acusatória do candidato Danniel Alves Costa à sua gestão e à sua candidatura?
IK -
Conforme lhe disse numa outra entrevista à sua Coluna Aparte, eu tenho falado aos colegas com quem converso que os valores que nos unem como classe, que são muito bem consolidados, valores como a verdade e o combate às fake news, não podem ser atirados ao lixo por causa de uma disputa eleitoral. Disso não abrimos mão, em respeito aos colegas, à sociedade e à história de nossa instituição. Fizemos uma campanha de paz e união, pautada em fatos concretos e nas ações realizadas nestes quase três anos de gestão, apesar das dificuldades, e baseada também em propostas factíveis. Cabe agora à advocacia avaliar, mas tenho absoluta confiança nessa avaliação, pois conhecemos a advocacia e ela conhece o nosso grupo.

JLPolítica - Foi proposital que a sua campanha não mordesse a isca das provocações dele? E, em sendo assim, o senhor não acha que o fortaleceu?
IK -
Fizemos, como disse, uma campanha de paz e união, em prol dessa OAB ainda mais plural, inclusiva e participativa de que falo. Eu me movo por ações concretas. Pelo respeito e pela dignidade da advocacia e não por bravatas e discursos vazios.

JLPolítica - Em síntese, o que representa a OAB para o senhor?
IK -
A OAB, para mim e para as advogadas e advogados que integram a Chapa 1, é sacerdócio. É entrega e é devoção. Nossa missão é fortalecer a Ordem, a advocacia. Projetos pessoais e interesses privados são abominados e denunciados. Eis o diferencial do nosso grupo, e me sinto muito feliz e plenamente realizado por isso.

Um olha nós aqui: campanha de IK apertou o click da união e preferiu a esperança com a dissolução da pandemia
OAB X SACERDÓCIO, ENTREGA E DEVOÇÃO
“A OAB, para mim e para as advogadas e advogados que integram a Chapa 1, é sacerdócio. É entrega e é devoção. Nossa missão é fortalecer a Ordem, a advocacia. Projetos pessoais e interesses privados são abominados e denunciados. Eis o diferencial do nosso grupo”


JLPolítica - O grupo de Danniel Costa faz apologia ao novidadeiro, tratando a chapa dele como se fosse a invenção da roda. Qual o seu conceito sobre isso?
IK -
Temos pautado a nossa campanha em fatos concretos e nas ações realizadas nestes quase três anos de gestão, apesar das dificuldades. Temos grupo, história e serviços prestados que podem facilmente ser checados, o que nos credenciaram para a realização de uma campanha baseada em propostas factíveis e na preservação de conquistas importantes para a advocacia, como pluralidade, inclusão, acolhimento, participação. Eu respondo pela Chapa 1 - OAB de Tod@s.

JLPolítica - Efetivamente, quantos advogados sergipanos existem hoje, quantos estão associados à OAB e qual a expectativa de comparecimento deles nesta terça-feira, 16?
IK -
Hoje somos pouco mais de 14 mil, com um contingente de cerca de 7,5 mil aptos a votar. A expectativa é a de que no dia 16 façamos uma verdadeira festa da democracia, com comparecimento da classe para depositar seu voto de confiança, com absoluto respeito a todos, o que aliás é o mote desse grupo, afinal, queremos uma OAB para toda a advocacia. Aproveito o espaço para pedir o voto de confiança dos colegas na Chapa 1, que reúne na justa medida o equilíbrio entre a segurança da experiência e a energia forte da juventude, sem esquecer a dedicação e a vontade de trabalhar pela classe e pela sociedade.

JLPolítica - Sua expectativa, obviamente, é de vitória no pleito. Mas se arriscaria a um palpite de diferença?
IK -
Eleição não combina com palpite. Eleição é fruto de trabalho e só se ganha na urna.

Os bambambãs da Chapa 1: todos por todos e o resto não é sobra
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