José Wilson: “O turismo é a bola da vez. Quem perceber isso, vai ganhar todas. Mas será preciso ousar”

Entrevista

Jozailto Lima

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José Wilson: “O turismo é a bola da vez. Quem perceber isso, vai ganhar todas. Mas será preciso ousar”

9 de outubro de 2021
“Os que atuam no turismo só precisam investir mais em otimismo”

O empresário José Wilson dos Santos é, sob todos os aspectos, uma boa nova no panorama da economia sergipana, no tecido do empreendedorismo do Estado de Sergipe. 

Uma boa nova sobretudo no sentido positivista, de viés otimista. Com ele não há luzes embotadoras. Não que José Wilson dos Santos seja um neófito nas veredas ásperas do empreender.

Longe disso. Apesar de não ser tão sênior - ele tem apenas 59 anos -, esse rapaz sabe desde cedo onde dormem os segredos dos bons fazeres, das interferências transformadoras de vidas, de pessoas e de paisagens.

E foi assim que o nome dele durante 40 anos virou sinônimo de Ages, o famoso Centro Universitário nascido em Paripiranga, na Bahia, e que se espalhou pela Bahia e por Sergipe como uma erva boa, benéfica,  transformadora de vidas humanas e lucrativa para ele e para o grupo internacional que o sucedeu no comando dela a partir de 2019.

E é a partir da seiva - entenda seiva por grana - resultada da venda da Ages 2019 que o professor José Wilson dos Santos e suas ações se espraiam e se esparramam sobre o corpo da economia de Sergipe com uma visão muito pertinente do ato de investir no segmento do turismo.

Em 2019, ele arrematou da família Franco o controle de um dos mais novos e importantes hotéis de Sergipe, que era tocado sob a bandeira da Rede Radisson.

Eram 148 leitos. Wilson fez uma reforma geral que quase dobrou o hotel de importância, o consolidou como uma instituição hoteleira 5 estrelas e o rebatizou de Vidam - numa homenagem às suas duas filhas, Vitória e Dandara.

Viajante compulsivo - já visitou 86 países -, José Wilson sabia aonde lhe levariam seus passos de empreendedor ao abrir mão da Ages em 2019 com cerca de oito mil alunos. Exatamente o turismo, e também sabia que essa entrada seria majoritariamente por Sergipe.

Por isso, José Wilson adquiriu aqui, além do Vidam, a Ilha Mem de Sá, em Itaporanga D’Ajuda, e a Fazenda Escurial, em São Cristóvão. Na primeira, rebatizada por ele de Ilha do Sol, implantou o Vidam Náutico, e na segunda, o Vidam Fazenda Park. O que são ambos? Para saber, só lendo na Entrevista.

Por volta de 1971, aos nove anos, o guri Wilson já batia flanela e escova em sapatos de adultos de Paripiranga como engraxate para descolar uns tocados
José Wilson dos Santos nasce em Paripiranga, Bahia, no dia 4 de maio de 1962. “Tenho origem na fome e na exclusão plena”

José Wilson dos Santos nasceu no dia 4 de maio de 1962, em Paripiranga, na Bahia, parede-meia com Sergipe, separada apenas por nove quilômetros de distância de Simão Dias.

José Wilson é filho de Maria Batista Santos, uma mulher pobre, mas de fibra, com quem ele conheceu o chão das feiras livres com barracas para driblar a fome e a exclusão social.

“Minha mãe era uma agricultora e feirante. Vendemos muito tomate nas feiras de Paripiranga e de Simão Dias. Tenho origem na fome e na exclusão plena”, reconhece ele hoje, sem ressentimentos nem remorsos.

Por volta de 1971, aos nove anos e ainda um guri, portanto, o futuro empresário José Wilson já batia flanela e escova em botas e sapatos de gente adulta de Paripiranga como engraxate para descolar os primeiros tocados.

Solteiro, é pai de duas jovens - Vitória Melina e Dandara, de 22 anos e de 25 anos. Os três surfam muito bem num enorme discrição que os elide de exibicionismos.

Mas a relação de José Wilson com Sergipe é bem maior do que pressupõe essa proximidade física via Paripiranga e o chão de feira livre de Simão Dias.

Ele é um bacharel em Letras, com conclusão de curso em 1986, que foi feito exatamente pela Universidade Federal de Sergipe, quatro anos depois de já ter fundado a Ages.

Wilson tem especializações em Gestão Acadêmica e Universitária e mestrado em Administração e em Gestão de Sistemas Educacionais. Tem muito orgulho de tudo que fez pela Ages e do que ela significou para ele, mas não nutre nenhum tipo de saudade no sentido de retomar a participação em instituições ou atividades do ensino superior.

“Fazer sucesso é produzir aquilo que tenha relevância e aceitação da sociedade dentro de um contexto, pois há sucesso que não serve para nada. Precisa apenas ter mente aberta para aprender a aprender. A fazer com habilidades, rapidez e qualidade. A ser uma pessoa orientada por valores, saber conviver com as incertezas e transcender”, diz ele.

A Entrevista com José Wilson dos Santos vale muito, pelo rastro de observações positivas que produz e revela.

Mas é o mesmo José Wilson que dá vida e ancora uma instituição de educação superior que chega a oito mil alunos na Bahia e em Sergipe
O PORQUÊ DA OPÇÃO DE EMPREENDER EM SERGIPE
“Pela proximidade do Estado, pelo elevado nível de convivência com todos os segmentos econômicos, sobretudo pelo potencial e carência de projetos inovadores no turismo, mas principalmente por me identificar com a vida dos sergipanos”


JLPolítica - Por que o senhor centralizou boa parte do seus empreendimentos, sejam turísticos ou não, no Estado de Sergipe?
José Wilson dos Santos -
Pela proximidade do Estado, pelo elevado nível de convivência com todos os segmentos econômicos, sobretudo pelo potencial e carência de projetos inovadores no turismo, mas principalmente por me identificar com a vida dos sergipanos.

JLPolítica - Por que essa sua vocação para a esfera da hotelaria?
JWS -
Sou adepto da convivência humana. Gosto de gente. Receber as pessoas com hospitalidade me faz bem. No hotel, temos o compromisso de, além de não somente receber, hospedar, mas cuidar do outro por ser um atributo que me realiza.

JLPolítica - Além de Sergipe, onde mais José Wilson dos Santos é mantenedor de negócios no segmento de hotelaria?
JWS -
Hotel, mantemos apenas o Vidam, em Aracaju. Mas investimos em Vacation Home, em Orlando, nos Estados Unidos. 

Num evento portentoso em Paripiranga, José Wilson anuncia o a entrada da Ages no universo dos cursos de Medicina
VIAJANTE QUE SE ENTREGOU AO TURISMO COMO PROFISSÃO
“Depois da vocação para promoção do bem-estar humano, dando sempre sentido à vida, nos 86 países por onde passei pude visitar mais de 400 hotéis e de cada um deles, quando inovadores, trouxe uma ideia que está sendo colocada em prática no Vidam”


JLPolítica - O fato de gostar muito de viajar, sobretudo para fora do Brasil, foi definidor para o senhor cair nas águas da hotelaria?
JWS -
Sim. Depois da vocação para promoção do bem-estar humano, dando sempre sentido à vida, nos 86 países por onde passei pude visitar mais de 400 hotéis e de cada um deles, quando inovadores, trouxe uma ideia que está sendo colocada em prática no Vidam.

JLPolítica - Qual a origem da palavra Vidam, com a qual o senhor rebatizou o antigo Radisson de Aracaju?
JWS -
O Vidam nasceu para homenagear minhas filhas Vitória -Vi - e Dandara - Dam. Com o tempo, percebi que o uso de suas letras, num jogo simbólico e literário o “n” cederia espaço para o “m” de amor, e assim formaria a expressão Amor à vida, trazendo significado para a filosofia do empreendimento que resultou em Vidam: Tudo por amor à vida.

JLPolítica - Qual é a característica do Vidam Náutico?
JWS -
O Vidam Náutico está instalado na Ilha do Sol (ou Ilha Mem de Sá). Nasceu como extensão de lazer, esportes e recreação do Vidam Hotel, mas ainda no projeto assumiu identidade própria e hoje tem capacidade para receber mais de mil pessoas dia, eventos de pequeno, médio e grande porte, com opções de serviços de gastronomia, entretenimentos em geral, com ponto forte para os esportes náuticos, eco trilha, com piscinas para esportes e lazer, celebrações de casamentos, aniversários e eventos corporativos. 

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QUE FALTA PRA QUE A ILHA DO SOL (OU MEM DE SÁ) ACONTEÇA
“Falta apenas uma questão de conceito. Os baianos respeitam, amam e tem muito orgulho da Ilha de Itaparica. A Ilha do Sol precisa desse olhar de pertencimento dos sergipanos, falando e participando dos seus projetos, desde que agregue valores para a sergipanidade”


JLPolítica - O que falta para que os sergipanos e brasileiros tenham da Ilha do Sol (ou Ilha Mem de Sá)uma representatividade parecida com a que os baianos e brasileiros têm da IIha de Itaparica?
JWS -
Falta apenas uma questão de conceito. Os baianos respeitam, amam e tem muito orgulho da Ilha de Itaparica. A Ilha do Sol precisa desse olhar de pertencimento dos sergipanos, falando e participando dos seus projetos, desde que agregue valores para a sergipanidade.

JLPolítica - Qual é a característica do Vidam Escurial, em São Cristóvão? É verdade que ainda há por lá a cama em que Dom Pedro I se deitou na visita que fez a Sergipe?
JWS -
No Vidam Fazenda Park será instalado um projeto de ecoturismo e turismo rural com outros projetos que possam trazer entretenimento, oportunidades de negócios no segmento da agropecuária. Não há limites para a criatividade. Exemplo disso é a Montanha Por do Sol, espação privilegiado para degustação de vinhos, cachaças e café colonial ao final da tarde, entrando nas noites de lua cheia. Mas, sim, ainda temos a cama onde dormiu o D. Pedro e algumas roupas deixadas na fazenda.

JLPolítica - De onde, ou de que necessidade, lhe veio a galeria com nomes e fotos de figuras notáveis da história e da última do Nordeste no Vidam Aracaju?
JWS -
Vem do fato de que valorizo as raízes, a cultura e as pessoas, independentemente de onde são ou de onde visitam. Vejo no Nordeste mentes brilhantes que fizeram e deixaram história, serviram de inspiração para educação, economia, gestão pública, literatura, artes, ciências jurídicas, inclusive práticos, como o nosso Zé Peixe. Por isso escolhemos o Restaurante Raízes como um espaço nobre do Vidam Hotel, por onde todo hóspede passa, para instalar a Galeria de Celebridades Nordestinas com muito respeito à memória dos 18 homenageados.

De chapéu entre membros da família, José Wilson é um case de sucesso na superação das dificuldades de origem
ONDE SE GUARDA O POTENCIAL TURÍSTICO DE SERGIPE?
“Guarda-se na natureza viva e exuberante desde as águas dos rios à área das praias, e por ser pouco reconhecida. Gosto de enxergar o que ainda não foi visto. Isso impulsiona a produção de adrenalina, tornando os projetos realidade”


JLPolítica - Na sua visão de empreendedor da área, em que frestas se guarda o potencial turístico de Sergipe?
JWS -
Guarda-se na natureza viva e exuberante desde as águas dos rios à área das praias, e por ser pouco reconhecida. Gosto de enxergar o que ainda não foi visto. Isso impulsiona a produção de adrenalina, tornando os projetos realidade. Foi assim comigo ao fundar um Centro Acadêmico em uma cidade com sete mil habitantes e logo colocar oito mil alunos, transformando-se numa rede de escolas superiores da Bahia e de Sergipe. Assim também será a visibilidade do turismo, com a ajuda dos sergipanos, das autoridades aos cidadãos comuns, que deixarão de desprezar lixo na rua se ainda acontece.

JLPolítica - O senhor acha que o Estado e suas instituições estatais, enquanto entes catalisadores, trabalham bem o presente e o futuro do turismo sergipano, ou lhes falta um algo a mais?
JWS -
Vejo empenho e entusiasmo por parte de todos e iniciativas de melhorias. Entendo, no entanto, que precisamos de mais atos e ações com visão de futuro que devolverão para os cofres públicos todos os investimentos de forma natural. Sei que isso vai acontecer, considerando as ações emergenciais já em andamento nesse setor. Outro fato relevante nesse contexto está sendo o entusiasmo dos empresários do turismo, todos eles acreditando e mobilizados com os gestores públicos e com entendimentos eficazes. O turismo é a bola da vez. Quem perceber isso, vai ganhar todas, sem medo de ser feliz. Mas será preciso ousar.

JLPolítica - O que é que há na Grande Aracaju que possa caracterizar um turismo metropolitano?
JWS -
Há praias, culinária, segurança, beleza natural, acervo cultural, histórico e religioso. Mas há, principalmente, o nosso clima propício para o turismo náutico e de praias. Reconheço, sem dados científicos, que Aracaju é uma das cidades mais seguras para o turismo, considerando a atuação competente das policias, visível a olho nu nos equipamentos e presença militares. Sem negar os valores da Orla da Atalaia, cartão postal e referência para o Brasil, só precisamos dar vida com movimentos esportivos, culturais e com cuidados especiais. Entretanto, acredito muito que o futuro dezembro já será recebido com a nossa orla em clima de Natal, com as crianças, idosos e famílias, somados aos turistas, curtindo aquele ambiente que só nos tramite paz.

Vidam Aracaju: primeiro investimento de José Wilson em Sergipe e homenagem às duas vidas filhas, cujas iniciais formam o nome do hotel
NÃO VÊS TIMIDEZ NO ECOTURISMO E NO TURISMO RURAL?
“Sim, vejo, e é por isso que vamos investir nesse segmento com muita disposição. Mesmo sabendo que já temos projetos de potencial nos cânions do São Francisco e em toda sua extensão, com algumas fazendas, a exemplo da Rota do Engenho, porém quanto mais projetos, mais visibilidade terá o Estado”


JLPolítica - Nascida e fincada sob o signo das águas, o senhor não acha que a Grande Aracaju subestima as novas perspectivas para o turismo náutico?
JWS -
Não acho. Pelo contrário, é preciso saber usar esses recursos naturais transformando em potencial. Depende de projetos inteligentes.

JLPolítica - E do resto do Estado, a esperar só resta algo de Canindé de São Francisco?
JWS -
Também não. Todo o Estado de Sergipe tem histórias e recursos em abundância. Precisamos de empresários corajosos, críticos e comprometidos para criação de novos projetos. 

JLPolítica - O senhor não vê uma certa timidez nas ações do ecoturismo e do turismo rural em Sergipe?
JWS -
Sim, vejo, e é por isso que vamos investir nesse segmento com muita disposição. Mesmo sabendo que já temos projetos de potencial nos cânions do São Francisco e em toda sua extensão, com algumas fazendas, a exemplo da Rota do Engenho, porém quanto mais projetos, mais visibilidade terá o Estado.

Fusquinha 1979: lembranças de uma vida que começava mudar de perfil na Paripiranga dos anos 80
UM CALENDÁRIO DE EVENTOS SEMANAL QUE GERE DESTINOS
“Penso que o ecoturismo poderá potencializar o Estado. O turismo de negócios também está assumindo corpo com a volta do Centro de Convenções de Sergipe, sem falar no entretenimento que já tem marca registrada, como o nosso São João e o Pré-Caju, que está por ser retomado. O Estado precisa ter um calendário de eventos semanal para gerar os destinos”


JLPolítica - Como justificar, então, a morte do Eco Parque e Fazenda Boa Luz?
JWS -
Não tenho dados e nunca me interessei em pesquisar o assunto, pois sou focado no futuro e sobre ele tenho conhecimento que a Boa Luz está voltando com toda força. E precisa da força dos sergipanos.

JLPolítica - O que é no Estado de Sergipe que o senhor caracterizaria de “destinos turísticos de maior aceitação pelos turistas?”
JWS -
Tudo que tenha relação com água e história, trazendo experiências para o turista. As praias, o São Francisco, o Vaza Barris, onde está o Vidam Náutico Clube & Praias. Também uma boa estrutura hoteleira atrai o turista. Sem eles, nada acontecerá.

JLPolítica - Quem é o visitante clássico de Sergipe, e qual é o tipo que ainda está por ser descoberto?
JWS -
No Vidam Hotel, recebemos o turista que busca sofisticação e natureza. Penso que o ecoturismo poderá potencializar o Estado. O turismo de negócios também está assumindo corpo com a volta do Centro de Convenções de Sergipe, sem falar no entretenimento que já tem marca registrada, como o nosso São João e o Pré-Caju, que está por ser retomado. O Estado precisa ter um calendário de eventos semanal para gerar os destinos.

José Wilson e as filhas Vitória e Dandara: uma vida sob o signo da discrição, com ostentação zero
“É PRECISO TER CONHECIMENTO, MAS TAMBÉM SABER FAZER”
“Tenho o desejo de formar uma escola para formar mão de obra específica para o turismo, trazendo de volta os egressos de cursos superiores de graduação e até aqueles que não frequentaram um curso superior para aprender a apreender, a fazer, a ser, a conviver e a transcender. Vivemos na era do conhecimento validado pelas competências”


JLPolítica - O que é o Projeto de Formação para Ocupação?
JWS -
Tenho o desejo de formar uma escola para formar mão de obra específica para o turismo, trazendo de volta os egressos de cursos superiores de graduação e até aqueles que não frequentaram um curso superior para aprender a apreender, a fazer, a ser, a conviver e a transcender. Vivemos na era do conhecimento validado pelas competências. Ou seja, o profissional precisa ter o conhecimento, mas também saber fazer. As escolas superiores foram muito teóricas quando deixaram de lado as habilidades, refletindo negativamente na vida das empresas que sofrem pela carência de mão de obra qualificada. A escola de habilidades com formação para a ocupação será mais um case de sucesso do Vidam.

JLPolítica - Além da duplicação do Vidam de Aracaju, o senhor projeta novos investimentos para os próximos anos?
JWS -
Preciso concluir o que foi iniciado para reiniciar novos projetos. Já não tenho pressa e tudo precisa acontecer no tempo certo. Gosto de curtir as obras em todas as etapas até entregá-las a sociedade. 

JLPolítica - Como Sergipe e sua capital poderiam ser contemplados no reflexo econômico do turismo de luxo?
JWS -
O turismo de luxo tanto deixa reflexos positivos para a economia quanto leva uma boa imagem do Estado, pois tem um perfil de crítica muito bem elaborado contribuindo para a melhorias das condições dos serviços. Aderimos a esse segmento por acreditar que podemos atrair turistas com esse perfil. Mas não tem sido fácil fazer uma entrega satisfatória, aos meus olhos.

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“Vejo-o cada um fazendo o que pode. Os que atuam no turismo só precisam investir mais em otimismo. Pensar e fazer o possível que, de repente, vão perceber que o que parecia impossível acontecerá. Assim eu penso. Até me chamam de sonhador e louco. Mas eu gosto desses dois adjetivos”


JLPolítica - Qual é a sua tradução do Famtour como um espaço de network?
JWS -
Para mim, isso foi um encontro das mentes pensantes sobre o turismo. Profissionais, empresários e autoridades que conhecem bem o setor, suas potencialidades e fragilidades interagiram conosco quando também conchegarem toda estrutura do Vidam Turismo Metropolitano de Aracaju, num clima de entusiasmo, otimismo e muita festa nunca visto por mim. Como aprendemos sempre com quem sabe mais, o Famtour foi um espaço privilegiado de aprendizagem.

JLPolítica - O senhor acha que o trade turístico sergipano emprega bem ou está a dever algo?
JWS -
Sim. Vejo-o cada um fazendo o que pode. Os que atuam no turismo só precisam investir mais em otimismo. Pensar e fazer o possível que, de repente, vão perceber que o que parecia impossível acontecerá. Assim eu penso. Até me chamam de sonhador e louco. Mas eu gosto desses dois adjetivos.

JLPolítica - Se o senhor tivesse a chancela do poder público, o que faria fisicamente da e pela Orla da Atalaia?
JWS - 
Antes, preciso dizer que não gostaria de ter essa chancela. Não tenho competência e nem perfil para atravessar os percursos que trilham os políticos. Só sei que, no tocante à sua pergunta sobre a orla, falta tão pouco que não se percebe. A Orla da Atalaia só precisa de vida. Tudo foi pensado com inspiração na modernidade e bem-estar do turista. Ela é o corporação de Aracaju.

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“Sempre estou presente e contribuindo quando qualquer uma delas propõe debates relevantes. No contrário, silencio e respeito, independentemente da entidade. Não tenho perfil de embate. Sou da linha da escuta, da análise e da reflexão”


JLPolítica - O senhor dá a mesma atenção às entidades de classe do turismo, como a ABIH-SE e Abrasel, que concede ao Lide?
JWS -
Sempre estou presente e contribuindo quando qualquer uma delas propõe debates relevantes. No contrário, silencio e respeito, independentemente da entidade. Não tenho perfil de embate. Sou da linha da escuta, da análise e da reflexão.

JLPolítica - Qual é a origem primeva de José Wilson dos Santos? Quem foram, ou são, e o que fizeram, ou fazem, os seus pais?
JWS -
Minha mãe era uma agricultora e feirante. Vendemos muito tomate nas feiras de Paripiranga e de Simão Dias. Tenho origem na fome e na exclusão plena. 

JLPolítica - Até enquanto esteve sob o comando do senhor, a Ages graduou quantas pessoas?
JWS -
Assinei 6.102 diplomas de graduação em licenciaturas, vários cursos da saúde, bacharéis em Direito, Administração Engenharia Civil, psicólogos e, de por último, credenciei duas Faculdades de Medicina, concorrendo com as grades IES do Brasil.

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A CONCEPÇÃO DO ENSINO SUPERIOR QUE SERVE
“A escola é excessivamente reprodutora dos saberes, por isso formadora de profissionais e pessoas acomodadas. A Ages, no meu tempo, perseguia o propósito de formar mentes capazes de formular perguntas inteligentes e para isso eram necessárias as metodologias ativas, praticadas pelas melhores instituições do mundo”


JLPolítica - Quando o senhor a repassou, a Ages estava com quantos alunos e tinha unidades físicas em quantas cidades baianas e sergipanas?
JWS -
Dispunha de próximo de 8 mil alunos, com campi em sete cidades e conceito máximo na aflição do Ministério da Educação.

JLPolítica - De quantos cursos ela era constituída em suas diversas bases?
JWS -
De 26 cursos de humanas, exatas, inclusive ciências da saúde.

JLPolítica - Qual é a concepção que o senhor tem do ensino superior enquanto modelador de destinos e futuros de pessoas?
JWS -
Já relatei há pouco aqui nesta Entrevista que a escola é excessivamente reprodutora dos saberes, por isso formadora de profissionais e pessoas acomodadas. A Ages, no meu tempo, perseguia o propósito de formar mentes capazes de formular perguntas inteligentes e para isso eram necessárias as metodologias ativas, praticadas pelas melhores instituições do mundo. Trabalhávamos com métodos ativos, entre eles o PBL. Foi um sucesso. Ainda hoje tenho orgulho dos nossos alunos egressos da Ages, pelo perfil empreendedor deles. São proativos e, por isso, quase todos atuantes no mercado de trabalho. E nos cursos de saúde humanizados.

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“Vejo que as escolas estão fugindo do ideal. Por isso encerrei meu ciclo na educação quando conquistei dois cursos de Medicina, o maior desejo das escolas superiores, pela receita que elas geram. A Medicina trouxe muito dinheiro, mas estava tirando a minha paz, pois sabia que não formaria o profissional humanizado, com responsabilidade social e empreendedor que defendo, por ser necessário à sociedade do futuro”


JLPolítica - Hoje, olhando de fora, o senhor tem uma outra noção de educação superior, diferentemente da que tinha quando comandava a Ages?
JWS -
Não. Penso igual. Apenas vejo que as escolas estão fugindo do ideal. Por isso encerrei meu ciclo na educação quando conquistei dois cursos de Medicina, o maior desejo das escolas superiores, pela receita que elas geram. Entretanto, a Medicina trouxe muito dinheiro, mas estava tirando a minha paz, pois sabia que não formaria o profissional humanizado, com responsabilidade social e empreendedor que defendo, por ser necessário à sociedade do futuro.

JLPolítica - O senhor sente falta da Ages, das rotinas dela e dos seus resultados?
JWS -
Não. Nenhuma. Apenas sou realizado, pois sei que deixei gente boa para dar continuidade ao meu propósito de educador. E, enquanto estive à frente da escola, persegui a missão de formar gente boa para a vida, para as empresas e para a sociedade.

JLPolítica - O contrato de repasse ao novo grupo mantenedor lhe impõe um período de quarentena para atuar de novo na área de educação?
JWS - 
Não, e jamais faria isso. Se fosse para continuar à frente de uma atividade educacional, não repassaria a Ages, pois o negócio era e continua sendo muito lucrativo. O que me incomodava era ter que fazer educação pelo lucro. Em nenhum negócio os números devem ser colocados à frente da missão do empreendimento.

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DO QUE É NECESSÁRIO PARA SE FAZER SUCESSO?
“Precisa apenas ter mente aberta para aprender a aprender. A fazer com habilidades, rapidez e qualidade. A ser uma pessoa orientada por valores, saber conviver com as incertezas e transcender. Ou seja, ir além do que o mundo estiver fazendo. Por isso reafirmo que o sucesso não será para todos. Só será possível para os desbravadores”


JLPolítica - Como o senhor caracteriza o ato de empreender no Brasil nos anos 20 deste século 21. É de risco médio ou alto?
JWS -
É de risco altíssimo. Poucos permanecerão vivos, inclusive eu, se não souberem conviver com o mundo disruptivo. Muitos vão depender dos benefícios do governo, semelhantemente ao que ocorreu agora durante a pandemia.

JLPolítica - Há uma receita individual, ou mesmo coletiva, José Wilson, pra uma pessoa fazer sucesso na vida enquanto empreendedor?
JWS -
Precisa apenas ter mente aberta para aprender a aprender. A fazer com habilidades, rapidez e qualidade. A ser uma pessoa orientada por valores, saber conviver com as incertezas e transcender. Ou seja, ir além do que o mundo estiver fazendo. Por isso reafirmo que o sucesso não será para todos. Só será possível para os desbravadores. 

JLPolítica - E qual é mesmo, para o senhor, a tradução de “fazer sucesso”?
JWS -
Fazer sucesso é produzir aquilo que tenha relevância e aceitação da sociedade dentro de um contexto, pois há sucesso que não serve para nada, mas tem um público apreciador, com o perfil do empreendedor. A diferença entre as modalidades de sociedade está na relevância. O popular passa rápido, porém há conteúdos que se eternizam pelo significado atribuído a eles pela sociedade. Exemplo da caneta Bic. Tem muitos modelos para ela, tem o conceito que até o momento o tempo e a concorrência não apagaram. Diferentemente do mercado da música.

JLPolítica - Enquanto educador, o senhor sempre foi dado a leituras, ou se define mediando nessa área?
JWS -
Somos orientados por teorias e pensamentos dos sábios. Sem elas, a prática se torna obsoleta, frágil e medíocre. Como educador, sempre fui orientado por três grandes educadores, seguidos por outros. No turismo, pesquiso tudo sobre hospedagem de luxo e entretenimento. Agora mesmo, estou escrevendo as respostas a esta Entrevista dentro de um avião, com destino ao México, em busca de novas experiências.

 


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