Junior Chagas: “Avanço foi muito significativo em Poço Redondo, mas falta muito a ser feito”

Entrevista

Jozailto Lima

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Junior Chagas: “Avanço foi muito significativo em Poço Redondo, mas falta muito a ser feito”

15 de janeiro de 2022
“Médio e alto sertão têm mais de 150 mil eleitores, suficientes para eleger quatro representantes na Alese e dois na Câmara”

O município de Poço Redondo, que detém a 11ª maior população do Estado de Sergipe, que é o 18º maior colégio eleitoral sergipano, com 20.599 votantes nas eleições de 2020 e detém uma das maiores extensões territoriais, com 1.212 quilômetros quadrados, guarda algumas contradições perigosas e difíceis para quem o administra.

Uma delas é quase inexplicável. Atravessado pelo Rio São Francisco, Poço Redondo ressente de falta de água potável na maioria expressiva dos seus 236 povoados e até na sede. Chega a atingir a 80%. Isso pode ser uma síntese do que se passa com a região.

Mas, em virtude do tamanho físico, este não é único o problema de Poço Redondo. As estradas vicinais, que são muitas e compridas, vivem sempre em situação difícil e precária. E há apenas duas patróis para atender a essas demandas – uma delas, pifada.

Mas, ao mesmo tempo, o município tem um prefeito prestativo e atento a estas contradições. Eleito em 2016 e reeleito em 2020, Junior Chagas, Republicanos, encara as complexidades de Poço Redondo com boa capacidade resolutiva.

Para começo de conversa, Junior Chagas não vê dificuldade de diagnosticar o que tem nas mãos e nem se omite na busca de resoluções para os problemas.

“Há uma grande deficiência no fornecimento de água potável para a população de Poço Redondo e podemos chegar a essa conclusão por diversas razões”, diz o prefeito.

“Destaco duas: primeiro, que 70% da nossa população residem na zona rural e, destes 70%, 80% não possuem água encanada. Isso é grave. O segundo fator que deve ser levado em consideração é a deficiência pública na distribuição de água potável, pois há uma falta constante dela nas redes da Deso”, reforça Chagas.

Tudo isso é uma questão histórica, que vem de longe e que atravessa gestões e gestões. Mas agrava quando algum gestor perde a mão da condução e deixa desandar mais.

“Eu recebi o município de Poço Redondo em 2017 com uma dívida faraônica junto à Receita Federal decorrente da falta de repasse ao INSS e esse débito vem causando sempre um grande prejuízo à gestão, visto que constantemente estamos sofrendo sequestros nas contas do Fundo de Participação do Município”, diz o prefeito.

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Mas as intervenções nestes cinco anos de gestão de Junior Chagas não se deram somente sobre as questões hídricas. A gestão dele fez uma incursão ativa sobre os problemas da saúde, da educação e de assistência social em equilíbrio.

Em virtude disso, a comunidade de Poço Redondo, do Alto Sertão, de parte do Agreste e de outras regiões de Sergipe tem cantado a pedra de uma candidatura de Junior Chagas a deputado estadual este ano.

Junior Chagas não diz sim nem não. Com o bom olhar de que dispõe sobre as atribuições da política - ele acha que ela existe para solucionar questões públicas -, o prefeito de Poço Redondo se admite apenas atento aos movimentos em torno dele, do seu significado político e sobretudo da importância de o sertão se fazer representado no plano estadual. 

“Até hoje não lancei uma pré-candidatura a deputado estadual ou a deputado federal e muito menos planejei concorrer a um novo mandato agora em 2022. De concreto, eu assumi uma responsabilidade ao me candidatar a prefeito de Poço Redondo. Portanto, na hora certa tomarei a decisão”, afirma Junior.

Mas diz mais: “O médio e o alto sertão sergipanos possuem mais de 150 mil eleitores, o que é suficiente para eleger, no mínimo, quatro representantes na Alese e dois representantes na Câmara Federal. Não é justo que uma região tão rica, tão importante, não tenha um nome que efetivamente represente aquele povo. Para representar tem que conviver e sentir o calor de seu povo, não perder a essência dos costumes, e conhecer a cultura e o sofrimento pelos quais passam seus irmãos”, diz.  

Ademilson Chagas Júnior, que faz política com o nome Junior Chagas, nasceu no dia 28 de setembro de 1970, em Itabaiana. Filho de Ademilson Chagas e de Euza Alves Chagas.

Junior Chagas é solteiro e é pai de Manoel Fábio dos Santos Chagas, 35 anos, Taciane Conceição Campos Chagas, 32, João Augusto Araújo Chagas, 30, Lara Thaissa Pereira Cruz Chagas, 22, e Kauê Renan Silva Chagas, 13.

Ele tem formação acadêmica de Técnico em Agropecuária pela Escola Agrotécnica de Bambui, em Minas Gerais, é bacharel em Direito por uma universidade particular sergipana desde 1998 e foi professor no município de Carira. Antes de ser prefeito, não havia disputado eleição.

“Recebi o município sem ambulâncias, sem carros próprios. Ou seja, sem estrutura, e por isso tivemos que comprar e iniciar um trabalho de estruturação. O avanço foi significativo em Poço Redondo, mas falta muito a ser feito e o trabalho precisa continuar”.

A Entrevista com Junior Chagas vale o tempo da leitura.

Junior Chagas, de cara com o problema mais crucial de Poço Redondo: distribuição de água potável via carro pipa
DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA: O MAIOR PROBLEMA
“O município de Poço Redondo sempre sofreu com a falta de água, tanto para consumo humano quanto para o consumo animal. Logo no início do meu mandato eu passei a distribuir água para a população através de uma ação que atende a todos indistintamente”


JLPolítica - Qual é o balanço que o senhor faz como gestor de Poço Redondo nos últimos cinco anos?
Junior Chagas - O município de Poço Redondo sempre sofreu com a falta de água, tanto para consumo humano quanto para o consumo animal. Logo no início do meu mandato eu passei a distribuir água para a população através de uma ação que atende a todos indistintamente.

JLPolítica  Pelo tamanho do município, possivelmente deva exigir muitos caminhões?
JC -
Inicialmente nós colocamos 10 caminhões pipas, depois 20 e em momentos de maior pico já chegaram a um total de 40 carros prestando esse serviço. Essa foi uma transformação, uma mudança que beneficiou e continua beneficiando o povo de Poço Redondo, especialmente porque a partir disto a população pôde ter acesso a água potável, mas também para os animais e fez com que o pequeno agricultor pudesse economizar e parasse de vender o seu carneiro, bezerro, garrote ou um boi para pagar as despesas com água. Isso também tornou possível o melhoramento da subsistência, dos alimentos na mesa do pequeno agricultor, fazendo circular também mais recursos no município. Então, essa foi uma grandiosa ação que merece referência e destaque nesse balanço geral dos cinco anos.

JLPolítica - Quais as complexidades administrativas de um município como Poço Redondo na comparação com outros de porte médio de Sergipe?
JC -
As dificuldades decorrem da extensão territorial, cuja população é bem distribuída territorialmente, fazendo com que haja um número elevado de estradas vicinais as quais devem estar sendo observadas pela administração pública.

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“Eu recebi o município de Poço Redondo em 2017 com uma dívida faraônica junto à Receita Federal decorrente da falta de repasse ao INSS e esse débito vem causando sempre um grande prejuízo à gestão, visto que constantemente estamos sofrendo sequestros nas contas do Fundo de Participação do Município”


JLPolítica - Qual é o orçamento anual previsto para ele para este 2022 e foi possível realizar o que foi previsto em 2020 para 2021?
JC - O orçamento previsto para 2022 é de R$ 90 milhões. Apesar das dificuldades, conseguimos sim realizar grande parte do que foi previsto e planejado para os orçamentos dos anos 2020 e 2021.

JLPolítica - Em que condições administrativas o senhor recebeu o Governo Municipal das mãos de Roberto Araújo em 2017?
JC -
Eu recebi o município de Poço Redondo em 2017 com uma dívida faraônica junto à Receita Federal decorrente da falta de repasse ao INSS e esse débito vem causando sempre um grande prejuízo à gestão, visto que constantemente estamos sofrendo sequestros nas contas do Fundo de Participação do Município. Foram ajuizadas diversas ações trabalhistas em 2017 e 2018 de funcionários contratados que prestaram serviços ao município em gestões anteriores e que não receberem, causando assim grandes prejuízos à administração.

JLPolítica - O município deve?
JC -
Em consequência de tudo isso, atualmente Poço Redondo possui um débito extremamente elevado. No que se refere à educação, nós recebemos o município de Poço Redondo com a ausência de prestação de contas dos recursos escolares, por isso ficamos impossibilitados de receber recursos de merenda escolar no ano de 2017 e em parte de 2018, em consequência da falta de prestação ou da prestação incorreta de contas das unidades escolares municipais. Tudo isso ocasionou grande prejuízo para os estudantes, professores, para a administração e para o desenvolvimento da educação. Devo dizer também que recebi o município sem ambulâncias, sem carros próprios. Ou seja, sem estrutura, e por isso tivemos que comprar e iniciar um trabalho de estruturação do município. Nós conseguimos um avanço muito significativo de Poço Redondo, todos esses foram grandes passos, uma grande mudança que conseguimos executar, mas ainda falta muito a ser feito e o trabalho precisa continuar.

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DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA: O MAIOR PROBLEMA II
“Há uma grande deficiência no fornecimento de água potável para a população de Poço Redondo e podemos chegar a essa conclusão por diversas razões. Destaco duas: primeiro, que 70% da nossa população residem na zona rural e, destes 70%, 80% não possuem água encanada. Isso é grave. O segundo fator é a deficiência pública na distribuição, pois há uma falta constante dela nas redes da Deso”


JLPolítica - De zero a 10, qual é o grau de deficiência de suprimento de água potável na grade dos serviços públicos de Poço Redondo?

JC - Há uma grande deficiência no fornecimento de água potável para a população de Poço Redondo e podemos chegar a essa conclusão por diversas razões. Destaco duas: primeiro, que 70% da nossa população residem na zona rural e, destes 70%, 80% não possuem água encanada. Isso é grave. O segundo fator que deve ser levado em consideração é a deficiência pública na distribuição de água potável, pois há uma falta constante dela nas redes da Deso.

 

JLPolítica - Qual é ônus gerado para o município com o uso de carros pipas?

JC - Os nossos gastos com carros pipas sofrem alterações constantemente. Ou seja, nos meses que chove, há uma grande redução nas despesas. Mas como a maioria dos meses são secos, gastamos cerca de R$ 2 milhões por ano de recursos próprios.

 

JLPolítica - O senhor considera positivo o tipo de serviço que a Deso presta ao seu município?

JC - Sim, é positivo. Porém, o serviço é falho, conforme demonstrei há pouco. Ficamos com sete, 15, 20 e até 30 dias sem água e também tem localidades que estão há cerca de seis meses sem água potável nas torneiras. Alguém pode até achar que é exagero, ou que não é verdade. Mas é essa a realidade atual de Poço Redondo.

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POR UMA ADUTORA PRÓPRIA DE ÁGUA BRUTA
“Defendo uma adutora de água bruta para Poço Redondo porque além de custar muito menos do que uma adutora comum, geraria uma enorme economia de água potável, posto que a população iria utilizar essa água para diversas finalidades, especialmente nas lidas da casa e consumo de animais. Uma adutora em Poço Redondo beneficiaria também Monte Alegre e Canindé”


JLPolítica - O senhor defende uma adutora específica para atender a Poço Redondo. Mas com que argumentos? E ela não seria muito cara?
JC - Não é cara. Eu defendo uma adutora de água bruta para Poço Redondo porque além de custar muito menos do que uma adutora comum, geraria uma enorme economia de água potável, posto que a população iria utilizar essa água para diversas finalidades, especialmente nas lidas da casa e para o consumo de animais. A consequência na economia da água potável seria imediata. Uma adutora em Poço Redondo beneficiaria também os municípios de Monte Alegre e de Canindé de São Francisco, aliviando consideravelmente os gastos com água potável, que ficaria restrita apenas a consumo humano. Uma pequena parte de uma emenda de bancada seria suficiente para cobrir os custos de uma adutora de água bruta.

JLPolítica - O corpo do município de Poço Redondo, que é grande, com 1,212 quilômetros quadrados, não é provido de muitas barragens, açudes e aguadas de grande porte? Mas por que não o é?
JC -
Por que nunca houve grandes investimentos nelas. Os riachos do Jacaré e do Cachorro favorecem condições de construção de açudes, barragens e nós não temos. Mas...

JLPolítica - O senhor não conta para breve com a perspectiva de mais recursos hídricos para o município com o Canal de Xingó?
JC - Não. Eu não acredito que em 15 anos ou 20 anos a população possa desfrutar do Canal de Xingó. E mesmo depois de concretizado, ele não seria suficiente para resolver a problemática da falta d’agua para a população de Poço Redondo, uma vez que esse canal estaria a dezenas de quilômetros de nossos povoados que não possuem água.

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SANEAMENTO: A NECESSÁRIA OBRA DE INFRA
“A sede de Poço Redondo possui dois grandes canais de esgoto a céu aberto. Um investimento nessa área reduziria os problemas de saúde da população, bem como embelezaria ainda mais a nossa cidade. Em nosso governo realizamos muitas redes de esgotos com tubulação de 150 mm, podendo citar o Bairro Lídia Souza na sede, que possuía fossas sépticas nas ruas em frente às residências”


JLPolítica - Mas uma vez realizado, o que ele poderá significar para Poço Redondo?
JC - Admito que trará um grande benefício, reduzindo despesas de populares e do poder público, e melhorando a agricultura irrigada, que é ao que se propõe.

JLPolítica - Por que o senhor sustenta a tese de que a principal obra estruturante de que carece Poço Redondo seria a da infraestrutura de esgotos? O que é que a cidade dispõe hoje nessa esfera?
JC -
A sede de Poço Redondo possui dois grandes canais de esgoto a céu aberto. Um investimento nessa área reduziria os problemas de saúde da população, bem como embelezaria ainda mais a nossa cidade. Em nosso governo realizamos muitas redes de esgotos com tubulação de 150 mm, podendo citar, entre outros, o Bairro Lídia Souza na sede, que possuía fossas sépticas nas ruas em frente às residências. Registre-se que Poço Redondo necessita urgentemente de escolas modernas com condições dignas aos alunos e professores. Portanto, trata-se também de uma das principais obras estruturantes.

JLPolítica - Que história é essa de que o município viu voltarem para a Brasília R$ 19,5 milhões que seriam para aplicar no sistema de esgotamento sanitário?
JC -
É uma verdade, mas não foi no meu governo e não foi irresponsabilidade minha. O município de Poço Redondo tinha o convênio de número TC/PAC 0238/2014 - Sincov 679619, no valor de R$ 19.579.131,62 e a administração daquele ano teria que ter apresentado projeto de rede de esgoto de todo o município até dezembro de 2016. Porém não o fez, ensejando a perda dessa montanha de recurso. Ao assumir a administração em 2017, eu procurei recuperar, resgatar o convênio, porém não foi possível porque deveria ter sido prorrogado no ano anterior.

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ESTRADAS VICINAIS EM ESTADO DEPLORÁVAEL
“Com as trovoadas no final de 2021, as estradas foram danificadas, encontrando-se todas em estado precário. Ainda estamos desobstruindo os pontos críticos. Infelizmente não conseguimos recuperá-las diante dos poucos equipamentos que temos. Possuímos apenas duas patróis, sendo que apenas uma encontra-se em condições de trabalho”


JLPolítica - Poço Redondo tem 236 povoados, contando aí com os assentamentos do MST. Mas em que pé estão as estradas rurais de acesso a essas localidades?
JC - Com as trovoadas que caíram no final do ano de 2021, as estradas foram danificadas, encontrando-se todas elas em estado precário. Ainda estamos desobstruindo os pontos críticos. Infelizmente não conseguimos recuperá-las diante dos poucos equipamentos que temos.

JLPolítica - O município tem quantas patróis para os serviços de terraplanagem?
JC -
Possuímos apenas duas patróis, sendo que apenas uma encontra-se em condições de trabalho.

JLPolítica - Qual é a infraestrutura de saúde disponibilizada hoje por Poço Redondo no campo física-predial, de ambulâncias e de recursos humanos - médicos, enfermeiros, pessoal de apoio?
JC -
Na saúde nós melhoramos diversas unidades. Todas elas tiveram as suas estruturas ampliadas e transformadas. Além disso, ampliamos as equipes de saúde, implantamos o Programa Melhor em Casa desde 2018 e adquirimos 11 ambulâncias nesses cinco anos, além de termos comprado mais de 23 carros novos para a saúde e com isso nós garantimos uma maior dignidade aos pacientes de Poço Redondo. No que se refere à valorização dos servidores, desde o início da nossa gestão pagamos em dia e dentro do mês todos os salários, como também todos os direitos de todos os servidores públicos de Poço Redondo. Ou seja, décimo terceiro e férias. Vale ressaltar que eu fui o único prefeito a conceder 100% de repasse do piso salarial para os professores no primeiro mandato, reforçando assim a valorização da educação no nosso município. Ademais, melhoramos a merenda escolar e gastamos o dobro que recebemos do recurso específico. É de extrema importância destacar também as reformas que nós fizemos nas estruturas das escolas.

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O QUE SE FEZ E PRECISA FAZER PELAS ESCOLAS
“A rede municipal possui 29 escolas, algumas foram recuperadas no primeiro mandato e outras estão sendo reformadas nesse momento. Porém, é importante frisar que não conseguimos atingir todas escolas em razão dos escassos recursos que temos. Algumas, é fato, ainda precisam de melhorias e é claro que ainda precisa se fazer muito”


JLPolítica - Em que pé está a educação do município? De quantas escolas é composta a rede local e como estão elas no aspecto conservação?
JC - A rede municipal possui 29 escolas, algumas foram recuperadas no primeiro mandato e outras, estão sendo reformadas nesse momento. Porém, é importante frisar que não conseguimos atingir todas escolas em razão dos escassos recursos que temos. Algumas, é fato, ainda precisam de melhorias e é claro que ainda precisa se fazer muito, mas as que já foram finalizadas são de grande relevância, pois recebemos no início do primeiro mandato as escolas em estado precário. Outra grande e importante ação nossa é a distribuição dos kits da Semana Santa. Fizemos essa ação para toda a população, com exceção do período de auge da pandemia. Já foram cerca de 15 mil a 20 mil quilos de peixes junto com macaxeira, coco, leite de coco, alface, massa de milho e arroz.

JLPolítica - O Governo Municipal consegue pagar o piso nacional do magistério aos professores?
JC -
O município de Poço Redondo já vem pagando aos professores acima do piso salarial. O piso salarial em 2022 é de R$ 3.845,34 e nenhum professor da rede municipal recebe valor inferior ao estabelecido. Dessa forma, o município cumprirá sim com o piso.

JLPolítica - O município está em dia financeiramente com seus fornecedores?
JC -
Sim, apesar das dificuldades, nós mantemos os pagamentos em dia.

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DA BANCADA FEDERAL, DE QUEM VEM SUPORTE
“Nos últimos cinco anos os parlamentares que mais mandaram recursos foram os ex-deputados federais André Moura, Jony Marcos e Valadares Filho, os ex-senadores Eduardo Amorim e Antônio Carlos Valadares, os deputados federais Fábio Mitidieri, Laércio Oliveira, Bosco Costa, Fábio Henrique e Valdevan Noventa, e os senadores Rogério Carvalho e Maria do Carmo Alves”


JLPolítica - Quem são, ou foram, os membros da bancada dos 11 representantes de Sergipe no Congresso que mais contribuíram com Poço Redondo em recursos de emendas orçamentárias?
JC - Nos últimos cinco anos os parlamentares que mais mandaram recursos foram os ex-deputados federais André Moura, Jony Marcos e Valadares Filho, os ex-senadores Eduardo Amorim e Antônio Carlos Valadares, os deputados federais Fábio Mitidieri, Laércio Oliveira, Bosco Costa, Fábio Henrique e Valdevan Noventa, e os senadores Rogério Carvalho e Maria do Carmo Alves.

JLPolítica - Quais as razões que fazem Poço Redondo aparecer no pecuária como a maior bacia leiteira do Estado de Sergipe?
JC - 
Sem dúvida, são os investimentos na tecnologia e na genética do gado leiteiro, uma vez que já há um destaque na utilização do FIV, ou seja, Fertilização In Vitro, técnicas estas que garantem maior eficiência reprodutiva e intensifica o melhoramento genético do rebanho. Santa Rosa do Ermírio possui uma produção diária de uma de média de 150 mil litros de leite, tornando o nosso município o maior produtor de todo o Estado de Sergipe. Ademais, é indispensável enfatizar o trabalho e a dedicação dos pecuaristas poçoredondensses, das famílias envolvidas em todos esses processos de qualidade e avanço, como por exemplo, a família Teles de Andrade, representada pelo senhor Zé do Poço, que tem grande destaque, pois garante diariamente cerca 10 mil litros de leite. Outra família, entre muitas, que se destaca é a Gregório, representada pelo senhor Milton Gregório, e a família Garatuba, representada pelo senhor Carlinhos Garatuba. Mas, no geral do campo, destaca-se também o trabalho realizado por nós do Poder Executivo para com os pequenos agricultores, no que se trata da disponibilização de horas de tratores para serviços de aração e gradeamento de terra para todos, em sua maioria que não tinham condições as realizar por conta própria. Nossa gestão limpou inúmeros tanques e aguadas, independentemente de serem particulares ou públicos, e isso é de grande importância. Mas, reforço: mesmo assim Poço Redondo continua sofrendo ainda com a escassez de água e em especial nos poucos reservatórios que temos. Na minha visão, esses investimentos são indispensáveis para que o desenvolvimento da nossa riqueza, a pecuária leiteira, a produção de leite, siga se desenvolvendo ainda mais e consequentemente gere uma maior circulação dos recursos e melhoramento da economia do município.

JLPolítica - Mas quais são as principais carências da pecuária leiteira do município e quem tem de suprir essas carências?
JC -
As maiores carências são a água e as estradas. Devem suprir essas carências os governos estadual e municipal. E, depois, preço justo da produção leiteira.

Município tem 28 escolas próprias e muitas delas tiveram de passar por uma reforma geral
EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE SANTA ROSA DO ERMÍRIO
“Não é só a produção do leite e a sua importância de tamanho que levam o povo a pensar em uma emancipação política. Some-se a esses elementos a situação geográfica de Santa Rosa do Ermírio, a extensão territorial do município de Poço Redondo, os costumes e a cultura, também como elementos influenciadores que apontam para uma futura emancipação política. Eu respeito”


JLPolítica - Pelo peso e pela importância do leite, há quem defenda em Santa Rosa do Ermírio que este que é o maior distrito de Poço Redondo merece ser emancipado e elevado à condição de cidade. O que o senhor pensa disso?
JC - Não é só a produção do leite e a sua importância de tamanho que levam o povo a pensar em uma emancipação política. Some-se a esses elementos a situação geográfica de Santa Rosa do Ermírio, a extensão territorial do Município de Poço Redondo, os costumes e a cultura, também como elementos influenciadores que apontam para uma futura emancipação política. Eu respeito.

JLPolítica - Como é a sua relação com o Poder Legislativo da cidade?
JC -
Eu entendo ser uma relação de normal a boa, no que pese um ou outro momento termos algumas divergências.

JLPolítica - No dia a dia, é mais fácil ser um prefeito reeleito, ou isso não altera muito a cena da gestão?
JC -
Não faz diferença e não altera a cena da gestão. O trabalho e a dedicação são os mesmos. Há um aumento na preocupação e na responsabilidade, na medida em que também aumentou a confiança do povo ao lhe dar um mandato novo e renovado.

Imagem parcial de Poço Redondo: aqui está concentrada a maior bacia leiteira de Sergipe, com 200 mil litros/dia, maior parte vinda de Santa Rosa do Ermírio
DA DISPUTA POR UM MANDATO NA ALESE ESTE ANO
“Até hoje não lancei uma pré-candidatura a deputado estadual ou a federal e muito menos planejei concorrer a um novo mandato agora em 2022. Ocorre que após o resultado de 2020 o povo de Poço Redondo, do Alto Sertão e de parte da região Agreste, onde sou mais conhecido, passou a indicar meu nome para concorrer a uma das vagas na Assembleia Legislativa ou na Câmara. Na hora certa tomarei a decisão”


JLPolítica - Até onde vai o seu suposto projeto de disputar um mandato de deputado estadual este ano?
JC - Até hoje não lancei uma pré-candidatura a deputado estadual ou deputado federal e muito menos planejei concorrer a um novo mandato agora em 2022. Ocorre que após o resultado das eleições de 2020 o povo de Poço Redondo, do Alto Sertão e de parte da região agreste, onde sou mais conhecido, passou a indicar meu nome para concorrer a uma das vagas na Assembleia Legislativa ou na Câmara Federal. E isso foi ampliando a ponto de chegar à região centro-sul de Sergipe e na capital sergipana.

JLPolítica - Mas isso não lhe anima a ir para a disputa?
JC -
Não podemos viver o tempo todo em campanha. De concreto, eu assumi uma responsabilidade ao me candidatar a prefeito de Poço Redondo. Portanto, na hora certa tomarei a decisão e farei o lançamento de uma pré-candidatura.

JLPolítica - É prejudicial em que grau que o sertão sergipano não tenha uma representação direta na Alese?
JC - O médio e o alto sertão sergipanos possuem mais de 150 mil eleitores, o que é suficiente para eleger, no mínimo, quatro representantes na Alese e dois representantes na Câmara Federal. Não é justo que uma região tão rica, tão importante, não tenha um nome que efetivamente represente aquele povo. Para representar tem que conviver e sentir o calor de seu povo, não perder a essência dos costumes, e conhecer a cultura e o sofrimento pelos quais passam seus irmãos.  

Junior Chagas, com os pais, seu Ademilson Chagas e dona Euza Alves Chagas
CAPACIDADES ELEITORAIS DO MÉDIO E O ALTO SERTÃO
“O médio e o alto sertão sergipanos possuem mais de 150 mil eleitores, o que é suficiente para eleger, no mínimo, quatro representantes na Alese e dois representantes na Câmara Federal. Não é justo que uma região tão rica, tão importante, não tenha um nome que efetivamente represente aquele povo. Para representar tem que conviver e sentir o calor de seu povo”


JLPolítica - Mas se o senhor for candidato, o será em nome de que projeto especificamente?
JC – Se eu for, não deverei ser candidato em nome de um só projeto específico. Deverei defender a minha região, mas jamais esquecer a região agreste, o centro-sul, a capital, o Baixo São Francisco, enfim, todo o Estado. Certamente levantaremos algumas bandeiras, como a dos vaqueiros sergipanos, dos artistas locais, da saúde, da falta de água que assola muitas cidades sergipanas e não só Poço Redondo.

JLPolítica - O senhor tem noção das limitações de poder de um deputado estadual?
JC -
Eu tenho sim noção dos limites da ação de um deputado estadual. Esse mandato se diferencia do de um deputado federal, pois este possui as emendas parlamentares volumosas, voluntárias e ainda tem as emendas de bancada que muito podem ajudar a população sergipana. Já o deputado estadual não detém essas prorrogativas, exceto a do direito a uma emenda anual ao orçamento do Estado de R$ 1,5 milhão. É simbólico.

JLPolítica - Na região, há espaço para o senhor e Chico do Correio, de Glória, numa disputa pela Alese?
JC -
Sem dúvida possui sim, e eu defendo e aprovo a candidatura não só de Chico do Correio, como também de mais qualquer outro nome do Alto Sertão, porque, sem dúvida, seria de grande importância que o Alto Sertão tivesse no mínimo entre dois e três deputados estaduais o representando.

Estradas vicinais: são muitas e longas pelo interior do município que dispõe de apenas uma patrol para reparos
DA DEFESA DE MAIS DE UMA CANDIDATURA A ALESE
“Eu defendo e aprovo a candidatura não só de Chico do Correio, como também de mais qualquer outro nome do Alto Sertão, porque, sem dúvida, seria de grande importância que o Alto Sertão tivesse no mínimo entre dois e três deputados estaduais o representando”


JLPolítica - Qual é a sua relação política com os vizinhos Canindé, Porto da Folha, Monte Alegre e Glória?
JC - A minha relação com Canindé do São Francisco, Porto da Folha, Monte Alegre e Glória sempre foi muito boa. Tenho e preservo uma ótima relação que vai além dessas cidades, a exemplo de Gararu, Carira, Feira Nova, Graccho Cardoso, dentre outras.

JLPolítica - O seu nome politicamente vaza do Alto Sertão ou fica circunscrito a essa região? Tem ecos fora dali?
JC -
Vai além. O surgimento do meu nome como possível pré-candidato a deputado não fica somente no Alto Sertão e eu tenho certeza de que será bem lembrado na região Agreste, na região Centro-Sul e até mesmo na capital sergipana.

JLPolítica - O senhor foi eleito prefeito pelo Republicanos. Permanecerá nele ou sairá?
JC - Sim, eu estou filiado ao Republicanos desde o ano de 2016, quando ganhei a primeira eleição para prefeito e fui reeleito também em 2020 por ele. Porém, permanecer ou não no Republicanos agora não depende mais de mim, mas sim do número de vagas que o partido possa fazer em uma das casas legislativas.

Na feira livre de Poço Redondo, Junior Chagas não tem meios termos de atenção
DA BOA RELAÇÃO COM A VICE-PRFEITA
“Eu me sinto totalmente seguro para passar o governo municipal para Aline Vasconcelos, uma vez que o nome dela foi escolhido por decisão minha e em conjunto e concordância com o nosso agrupamento. Além disso, ela tem demonstrado todas as garantias de compromisso ao nosso agrupamento e também validado e comprovado toda a sua dedicação, respeito e cuidado para com o povo de Poço Redondo”


JLPolítica - Qual é o perfil da vice-prefeita Aline Vasconcelos?
JC - O perfil da vice-prefeita Aline Vasconcelos é o de uma mulher alegre, trabalhadora, pura, correta, empática, leal, que tem evidenciando sua alegria e prazer em estar perto do povo. E, o melhor: que pensa no desenvolvimento da sua cidade. Eu tenho certeza de que, se eu tiver que deixar o Governo, ela irá dar continuidade ao trabalho que eu iniciei, bem como manter o grupo criado por mim do qual ela é parte.

JLPolítica - Então o senhor se sente seguro em eventualmente repassar em abril o Governo Municipal para o comando dela caso vá à disputa eleitoral?
JC -
Sim. Eu me sinto totalmente seguro para passar o governo municipal para Aline Vasconcelos, uma vez que o nome dela foi escolhido para formar a chapa comigo em 2020 por decisão minha e em conjunto e concordância com o nosso agrupamento. Além disso, ela tem demonstrado todas as garantias de fidelidade e de compromisso ao nosso agrupamento e também validado e comprovado toda a sua dedicação, respeito e cuidado para com o povo de Poço Redondo.

JLPolítica - Qual e a interação real entre o gestor de Poço Redondo e o gestor do Estado, Belivaldo Chagas? O Governo dele tem atendido além da média as demandas do município?
JC -
A relação cresceu e melhorou nos últimos tempos. O Governo do Estado tem suas dificuldades, assim como o governo municipal também tem. Entendo que o governador não deve olhar somente para uma região ou um determinado município. Eu como gestor queria muito mais, porém reconheço que o Governo de Belivaldo arrumou muitas coisas que estavam fora do lugar.

JLPolítica - O senhor já tem um nome definido no qual gostaria de votar para governador neste 2022?
JC -
 Tenho, sim: é Fabio Mitidieri.



 

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