Marcos Santana: “A formação desse tal blocão não me assusta”

Entrevista

Jozailto Lima

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Marcos Santana: “A formação desse tal blocão não me assusta”

“Todo trabalho de recuperação de São Cristóvão me referenda uma reeleição”
5 de janeiro - 8h00

Marcos Santana, 60 anos, MDB, está prefeito da cidade mais velha de Sergipe, São Cristóvão - fez 430 anos no último dia 1º de janeiro -, há três anos, mas não perde de vista que o que ele é mesmo é um bancário.

Ou um economiário, como eram chamados antigamente os servidores da Caixa Econômica Federal, na qual ele entrou e 16 de outubro de 1989 - há 30 anos fechados, portanto -, e continua na ativa, sem aposentadoria.

Não é que Marcos Santana não se reconheça como um prefeito. Claro que se identifica tanto com que o é e com o que faz que quer pedir permissão ao povo de São Cristóvão dentro de mais 10 meses - em 4 de outubro deste ano - para ficar por mais quatro anos no mandato.

Além de se reconhecer no novo ofício em que se encontra há três anos, Marcos Santana, que não se gaba disso, pode ser considerado um dos melhores chefes de Executivos Municipais entre os 75 de Sergipe.

Ele está há 36 meses sem atrasar os salários dos 1,4 mil servidores - 1,1 efetivos e 300 em cargos de comissão. Com as contas em dia, superando previsões orçamentárias - uma obrigação dele, frise-se, mas que nem todos os colegas dele estão conseguindo materializar nesses tempos bicudos.

Certamente seu duro rigor de homem de banco - e a Caixa é uma inegável escola de exigências e de boa formação - contribuiu para essa boa performance. Depois de quase 30 anos de desacertos e cassações de prefeitos, a velha capital sergipana enfim encontrou em Marcos Santana um norte de planejamento. Um ponto de serenidade.

Marcos pegou a cidade em 1º de janeiro de 2017 ainda meio alquebrada, estropiada. “Na verdade, o que impacta mais nas nossas despesas é o legado passivo que recebemos, que foi no valor de R$ 85 milhões, em dívidas previdenciárias, trabalhistas e com fornecedores”, relembra ele.

Mas o prefeito de São Cristóvão não foge disso - e nem poderia fugir. “Nós pagamos, todos os meses, R$ 653 mil. É esse um dispêndio mensal para pagamento de precatórios, de parcelamentos previdenciários e de fornecedores”, diz Santana. Recursos que poderiam estar indo para realizações.

Mesmo assim, Marcos Santana garante que conseguiu se sair bem no geral dos 36 meses da gestão frente àquilo que se comprometera na eleição de 2016. “Do ponto de vista financeiro, nada deixou de ser cumprido”, avisa.

“Mas há uma diferença entre aquilo que está no programa de governo, que requeria muito mais do que está no orçamento. Então, medido pelo orçamento, eu cumpri 100%. Agora, medido pela minha expectativa de realização, que está no programa, não cumpri os 100%”, completa ele.

E adverte Marcos Santana aos mais apressados: “Mas preciso lembrar que ainda nos resta um quarto do Governo a ser comprido - e há muito por vir”, diz.

Neste muito que “há por vir”, existe no horizonte de São Cristóvão um auxílio luxuoso com o qual o prefeito Marcos Santana vai contar nos seus 12 meses que ainda restam e em mais 38 meses futuros, que poderão ser dele, se se reeleger, ou de quem sucedê-lo.

Trata-se de um petardo de R$ 150 milhões em forma de precatórios de royalties da Petrobras já transitados em julgado e que chegarão a partir de agora em 50 vezes de R$ 3 milhões mensais.

Essa dinheirama toda tem o significado de mais do que um orçamento anual inteiro de São Cristóvão, que foi de R$ 134 milhões em 2019 - e a gestão de Marcos conseguiu realizá-lo um pouco mais acima - e que será de R$ 145 milhões em 2020.

Com estes R$ 150 milhões, a gestão de São Cristóvão está se preparando para fechar os quatro anos com o resgate de mais do que os 100% dos compromissos firmados na campanha passada.

Mas estes R$ 150 milhões soaram, também, como mel na padaria municipal em se converteu a Prefeitura da cidade que, a partir da revelação deles, uma infinidade de pessoas se apresentou querendo suceder ao prefeito atual. Marcos Santana não se apoquenta com isso. Até acha natural.

Mas acha mais natural que ele mesmo, diante do que acredita ter feito, tente suceder a si próprio e a ficar por lá mais 48 meses. “Acredito que todo esse trabalho que faço de recuperação da relação republicana entre o município de São Cristóvão e os cidadãos me referenda sim a buscar uma reeleição”, diz Marcos.

“Não tenho a menor dúvida de que a população também reconhece isso”, completa ele, sem fazer qualquer tipo de depreciação aos que tentam lhe tomar o mandato nas urnas.

Mas Marcos avisa que não vai jogar agora a jangada da sucessão no rio desse debate. “A composição da chapa majoritária eu só discutirei em abril - ou a partir de abril. Tenho dito isso a Adilson (Júnior, o vice) e a outros, porque nós estamos acompanhando o contexto da aprovação ou não do governo para definir que tipo de vice eu preciso ter” diz ele.

\"Efetivamente, a primeira ação concreta é a da revitalização Rodovia João Bebe Água\", observa, sobre as ações do Governo em São Cristóvão
Marcos Antonio de Azevedo Santana nasceu no dia 8 de novembro de 1959, em São Cristóvão mesmo

100% DE REALIZAÇÕES, SEGUNDO O ORÇAMENTO
“Do ponto de vista financeiro, nada deixou de ser cumprido. Então, medido pelo orçamento, eu cumpri 100%. Agora, medido pela minha expectativa de realização, que está no programa, não cumpri os 100%. Mas preciso lembrar que ainda nos resta um quarto do Governo a ser comprido”

 JLPolítica - Quanto por cento da sua programação de gestão de quatro anos não pôde ser cumprido nestes três anos?
Marcos Santana -
Do ponto de vista financeiro, nada deixou de ser cumprido. Mas há uma diferença entre aquilo que está no programa de governo, que requeria muito mais do que está no orçamento. Então, medido pelo orçamento, eu cumpri 100%. Agora, medido pela minha expectativa de realização, que está no programa, não cumpri os 100%. Mas preciso lembrar que ainda nos resta um quarto do Governo a ser comprido - e há muito por vir.  

JLPolítica - Por que a repaginação da Rodovia João Bebe Água não ocorreu?
MS -
Ela é uma rodovia estadual, e o que tenho conhecimento é de que o Governo do Estado fez uma licitação que tinha como origem de recursos um empréstimo que a imprensa divulgou, o Finisa. Esse empréstimo não se concretizou e a licitação foi cancelada.

JLPolítica - O Governo do Estado e senhor vão insistir nela?
MS -
O Governo do Estado está insistindo. Tanto que no próximo dia 22 de janeiro está marcada a nova licitação para essa obra, que eu torço para que saia, assim como torce todo o povo de São Cristóvão.

JLPolítica - Qual a importância desse projeto para São Cristóvão?
MS -
É uma revitalização completa. Ou seja, a mudança do piso, que tem 38 anos, e então isso é importante. Vejo essa revitalização como a de você ter uma casa, chamar os visitantes e ter um tapete para que eles entrem nessa casa. Então: a João Bebe Água é o tapete de aceso do turista a São Cristóvão. Olhando pelo aspecto da segurança, ela é quem liga o nosso povo ao mercado de trabalho, que, infelizmente, ainda é em Aracaju.

Começou a vida política no PT de Eliane Aquino, vice-governadora

DA IMPORTÂNCIA DE REVITALIZAR A JOÃO BEBE ÁGUA
“Vejo essa revitalização como a de você ter uma casa, chamar os visitantes e ter um tapete para que eles entrem nela. A João Bebe Água é o tapete de aceso do turista a São Cristóvão. Olhando pelo aspecto da segurança, ela é quem liga o nosso povo ao mercado de trabalho, que, infelizmente, ainda é em Aracaju”

 JLPolítica - Por essa importância, a João Bebe Água não é credora de uma duplicação?
MS -
É, sim. A duplicação é uma obra cara, mas acho que precisamos que o Governo pense a João Bebe Água com essa possibilidade um dia. Por mais que se faça a revitalização agora, ainda haverá um débito, porque é uma estrada super importante para aquilo que é, e eu digo sem medo de errar, o principal atrativo turístico do Estado de Sergipe.

JLPolítica - Se o município tivesse recursos próprios, entraria com a parte que garantisse a duplicação?
MS -
Sim, entraria. Se eu tivesse recursos disponíveis, sem dúvidas.

JLPolítica - O que será possível fazer neste resto de Governo de um ano?
MS -
Muita coisa e na verdade vamos realizar essas muitas coisas. A minha expectativa é a de que, na área da infraestrutura urbana nós façamos em um ano talvez três vezes mais do que fizemos de 17 ou até 19 anos. E tudo isso por uma explicação lógica: agora eu tenho recursos extraordinários que vão permitir fazer várias obras de infraestrutura urbana - de rodovias, de praças, parques lineares, mercados municiais. Então, tudo está muito bem planejado e programado para que, até o dia 30 de junho de 2020, a gente possa licitar e dar ordem de serviço a várias obras que estão lá no meu programa de governo.

JLPolítica - São Cristóvão tem quantos povoados?
MS -
São 38.

“Acho que Edvaldo Nogueira está fazendo um trabalho excelente. E se eu achar que ele não merece a reeleição, também não poderia pleitear a minha\", pontua

QUE SERÁ POSSÍVEL FAZER NO RESTO DE GOVERNO?
“Na verdade vamos realizar essas muitas coisas. A expectativa é a de que, na área da infraestrutura urbana nós façamos em um ano talvez três vezes mais do que fizemos de 17 ou até 19 anos. E tudo isso por uma explicação lógica: agora tenho recursos extraordinários que vão permitir fazer várias obras de infraestrutura urbana”

 JLPolítica - Como estão as condições das estradas vicinais deles?
MS -
Não são boas. Parte já está pavimentada. Agora mesmo o Governo finalizou a obra de pavimentação da estrada do povoado Caípe, que deve ser inaugurada no final de janeiro ou início de fevereiro. Nós devemos pavimentar agora em 2020, com recursos próprios, a estrada que liga o povoado Pedreiras, com asfalto. E tem muitos povoados que precisam disso.

JLPolítica - Os R$ 150 milhões de royalties que a cidade de São Cristóvão terá direito em 2020 vêm de onde vem e servirão para o quê no campo da gestão?
MS -
Esse valor decorre de uma ação que transitou em julgado, que nós já estamos recebendo desde janeiro de 2018 um valor mensal. Mas havia o retroativo a receber de cinco anos anteriores à data da decisão. Ele vem de royalties - e virão em 50 vezes de R$ 3 milhões.

JLPolítica - Mas especificamente são em virtude que esses recursos?
MS -
Nós temos estações de embarque e desembarque de oleodutos e gasodutos aqui no município e a cidade não vinha sendo remunerada por isso. Nós passamos esse período todo sem receber. Agora, esses recursos servirão exclusivamente para investimentos em infraestrutura urbana, estradas, obras urbanísticas, praças, etc. Atenderá a toda essa programação que a gente preparou.

JLPolítica - A gestão encerra 2019 com muitos restos a pagar? Enfim, como estão as finanças de São Cristóvão?
MS -
Não temos restos a pagar. Temos despesas liquidadas, mas com recurso já assegurado. Temos tudo muito bem controlado. Na verdade, o que impacta mais nas nossas despesas é o legado passivo que recebemos, que foi no valor de R$ 85 milhões, em dívidas previdenciárias, trabalhistas e com fornecedores.

É casado com Sandra Oliveira Rodrigues Santana, com quem é pai de três filhas - Flávia Rodrigues Santana, 38 anos, Fernanda Rodrigues Santana, 37, e Paola Rodrigues Santana, 35

UM MUNICÍPIO RECEBIDO SOB DÍVIDA GRANDE
“Nós pagamos, todos os meses, R$ 653 mil. É esse o dispêndio mensal para pagamento de precatórios, de parcelamentos previdenciários e de fornecedores (deixado de gestões passadas). Viemos com uma proposta de construção de um tempo novo tempo, e (isso) não requer exclusivamente obras de cimento, tijolo e areia”

 JLPolítica - Quanto disso já foi amortizado?
MS -
Nós pagamos, todos os meses, R$ 653 mil. É esse um dispêndio mensal para pagamento de precatórios, de parcelamentos previdenciários e de fornecedores. 

JLPolítica - Mas o que já foi feito por São Cristóvão em sua gestão referenda que o senhor busque uma reeleição?
MS -
Veja bem: nós viemos com uma proposta de construção de um tempo novo nessa cidade, e o tempo novo não requer exclusivamente obras de cimento, tijolo e areia.

JLPolítica - Requer o quê?
MS -
Uma mudança de atitude na relação com o servidor público municipal, com os fornecedores, com os empresários prestadores de serviço. Nós trouxemos essa mudança efetiva de atitude. Nós trouxemos uma relação transparente com o nosso servidor. Com relação à Educação, a salário dos professores, por exemplo: não fizemos nenhum acordo com o Sindicato que os representa, mas nós nos antecipamos, e no nosso programa está escrito, que reconhecemos uma dívida do município para com eles.

JLPolítica - Dívida de quando?
MS -
Essa dívida decorre da revogação de duas leis de 2011 e 2012 que reajustaram o piso. A gestão anterior revogou e fez alterações na carreira dos professores. O passivo entre o que eles passaram a receber a partir de março de 2013 e aquilo que ganhavam em dezembro de 2012, dá algo em torno de 40%.

\"Nós viemos com uma proposta de construção de um tempo novo nessa cidade, e o tempo novo não requer exclusivamente obras de cimento, tijolo e areia\", argumenta

RESGATE DE UMA DÍVIDA JUNTO AO MAGISTÉRIO
“Recuperamos 20% em 2017, mais 10% em 2018 e agora, 3,85% em 2019. Nós assumimos que devemos ainda 18,09% e isso está num ofício enviado ao Sintese, comunicando esse compromisso. Minha programação era de 10% em 2019 e 10% em 2020, mas eu não consegui os 10% do ano passado”

 JLPolítica - A gestão anterior congelou salário?
MS -
Não foi uma questão de congelar. Eles reduziram o salário: o professor ganhava R$ 1 mil e passou a ganhar R$ 600. Nós nos comprometemos que, se eleitos, iríamos recuperar essa dívida e estamos fazendo isso.

JLPolítica - O que já foi feito?
MS -
Recuperamos 20% em 2017, mais 10% em 2018 e agora, 3,85% em 2019. Nós assumimos que devemos ainda 18,09% e isso está num ofício enviado ao Sintese, comunicando esse compromisso. A minha programação era de 10% em 2019 e 10% em 2020, mas eu não consegui os 10% do ano passado, então devo esse restante mais 10%.

JLPolítica – Mas a sua gestão referenda que o senhor busque uma reeleição ou não?
MS – Ah, sim. Acredito que todo esse trabalho que faço de recuperação da relação republicana entre o município de São Cristóvão e os cidadãos me referenda sim a buscar uma reeleição. Não tenho a menor dúvida de que a população também reconhece isso. Há uma mudança significativa e eu ouço isso, na elevação da autoestima do nosso povo. A gente tem feito pesquisas que apontam, mesmo tendo passado três anos, que a população mostra que espera uma melhoria ainda neste mandato. E não é normal isso: passados mais da metade do mandato, a população continuar acreditando.

JLPolítica – Todo mundo que vai a uma reeleição, acredita que será reeleito. O que lhe leva o senhor a acreditar nisso?
MS -
O que me leva a acreditar nisso é o trabalho que vem sendo feito durante esses três anos. É a minha única fonte de inspiração. É o que vou levar para as ruas, mostrando às pessoas que quando estive na casa delas pedindo uma oportunidade em 2016 eu fiz e quero fazer mais. Tenho certeza de que a população compreenderá isso.

“Recuperamos 20% em 2017, mais 10% em 2018 e agora, 3,85% em 2019\", diz, sobre uma dívida junto ao magistério

SEGURANÇA DE QUE DEVE IR À REELEIÇÃO
“Acredito que todo esse trabalho que faço de recuperação da relação republicana entre o município de São Cristóvão e os cidadãos me referenda sim a buscar uma reeleição. Não tenho a menor dúvida de que a população também reconhece isso”

JLPolítica - Qual foi a obra prometida e não realizada e pela qual o senhor mais sente?
MS -
Aquilo que chama mais a atenção era a promessa de pavimentar, em quatro anos, 200 ruas. Nós não fizemos isso ainda. Mas espero poder completar isso. Restam 46 ruas no Grande Rosa Elze e 30 ruas no que chamamos de Centro Histórico, totalizando 76. São quase 130 ruas alcançadas, o que eu considero razoável, porque o compromisso era de 200 e nos resta um ano ainda.

JLPolítica - Seus oponentes criticam muito seu Governo pela presença efetiva da família, com duas de suas filhas secretárias municipais. O senhor acolhe ou não estas críticas?
MS –
Não, não acolho. E não acolho porque tenho nessas duas secretárias o que há de mais eficaz. Elas não estão ali porque são parentes, e sim porque realizam um trabalho brilhante. Uma delas é secretária de Saúde e essa é a melhor Secretaria do Governo. A outra é a secretária Geral de Governo e de Ações Comunitárias, e faz um trabalho identicamente bom.

JLPolítica - Mas essa eficácia é exigência sua?
MS -
Sim. Delas eu até cobro mais, exijo mais, porque, infelizmente, elas precisam justificar o fato de serem minhas parentes.

JLPolítica - O senhor teria uma explicação política ou administrativa para a existência de tantos pretendentes a lhe suceder?
MS -
Não tem e tem explicação, ao mesmo tempo. Acho que é da natureza da política. Isso não me estranha, não me chama a atenção. Diria até que é uma tradição em São Cristóvão, aliás. Na última eleição, foram nove candidatos.

“Acredito que todo esse trabalho que faço de recuperação da relação republicana entre o município de São Cristóvão e os cidadãos me referenda sim a buscar uma reeleição\", justifica o assumido sonho da reeleição

NÃO ACOLHE CRÍTICAS ÀS FILHAS SECRETÁRIAS
“Não acolho porque tenho nessas duas secretárias o que há de mais eficaz. Elas não estão ali porque são parentes, e sim porque realizam um trabalho brilhante. Uma delas é secretária de Saúde e essa é a melhor Secretaria do Governo. A outra é a secretária Geral de Governo e de Ações Comunitárias, e faz um trabalho identicamente bom”

 JLPolítica - A formação do blocão com seus oponentes históricos lhe assusta?
MS -
Não. É óbvio que se isso acontecer eu terei mais trabalho, não há dúvida, mas a formação desse tal blocão não me assusta. Quando eu me elegi, fui o cavalo paraguaio: ninguém dava um centavo pela minha candidatura. Nem na classe política nem em parte da população.

JLPolítica - Mas como o senhor vê a formação desse bloco?
MS -
Efetivamente, hoje se desenha aí - pelo menos no que se divulga jornalisticamente -, uma candidatura de Gedalva, que não tem bloco. Betão tem uma candidatura apoiada por Lauro Rocha, Coronel Rocha, que é uma candidatura nova que ele mesmo diz que não se alia a ninguém.

JLPolítica - Então o senhor não vê uma união, um blocão de fato?
MS -
Como algo sólido, não vejo.

JLPolítica - A contabilidade que eles fazem da somação dos votos obtidos pela oposição em 2016 num único candidato em 2020 é algo a ser levado a sério, ou a matemática não é bem esta?
MS -
Eu acho que a matemática eleitoral não se aplica nesse caso. Você não consegue unificar votos em lugar nenhum. Você amplia, mas a soma de diversas correntes não justifica o total duma eleição passada.

\"Não são boas. Parte já está pavimentada\", sobre as estradas vicinais do município

SEM RECEIO DO BLOCÃO DOS OPOSITORES
“É óbvio que se isso acontecer eu terei mais trabalho, não há dúvida, mas a formação desse tal blocão não me assusta. Quando eu me elegi, fui o cavalo paraguaio: ninguém dava um centavo pela minha candidatura. Nem na classe política nem em parte da população”

 JLPolítica - O senhor acha que terá votos naqueles que votaram em seus oponentes na eleição passada?
MS -
Acho que terei - e não tenho a menor dúvida disso. Terei voto, sim. Porque se não, eu estaria apenas tendo voto de quem acreditou em mim em 2016, e se acontecer isso eu nem me reelejo.

JLPolítica - Como o senhor encara a pretensão do ex-prefeito Armando Batalha de voltar à cena política disputando a Prefeitura Municipal de São Cristóvão este ano?
MS -
Armando Batalha hoje é inelegível, então ele precisa mudar a legislação ou tentar se safar dessa situação. Portanto, não sei qual é o caminho que ele quer tomar nas eleições deste ano em São Cristóvão.

JLPolítica - Fora isso, ele tem representação eleitoral?
MS -
Tem. É um quadro político histórico na cidade, que eu não subestimo. Aliás, não subestimo nenhum deles. Se fizesse isso, eu estaria começando a perder a eleição.

JLPolítica - O senhor vê que alcance para o fôlego do coronel Rocha e a candidatura dele a prefeito?
MS -
Eu não tenho métrica para medir a candidatura dele, não. Honestamente não tenho.

\"A expectativa é a de que, na área da infraestrutura urbana nós façamos em um ano talvez três vezes mais do que fizemos de 17 ou até 19 anos\", aposta, sobre o último ano de mandato

ARMANDO BATALHA INTERDITADO, MAS O RESPEITA
“Armando Batalha hoje é inelegível, então ele precisa mudar a legislação ou tentar se safar dessa situação. Portanto, não sei qual é o caminho que ele quer tomar nas eleições deste ano em São Cristóvão. (Mas) é um quadro político histórico na cidade, que eu não subestimo”

JLPolítica - Será possível manter sua parceria com o PDT, preservando o vice Adilson Júnior?
MS -
Será possível. É uma possibilidade que não está descartada. Mas quero deixar claro que eu não tenho nenhuma certeza, porque a composição da chapa majoritária eu só discutirei em abril - ou a partir de abril. Tenho dito isso a Adilson e a outros, porque nós estamos acompanhando o contexto da aprovação ou não do governo para definir que tipo de vice eu preciso ter.  

JLPolítica - Mas o senhor não tem hoje restrição a ele?
MS -
Não tenho nenhuma restrição.

JLPolítica - Até que ponto a disputa pela maior Prefeitura de Sergipe, a da capital, incide sobre as disputas da Grande Aracaju?
MS -
Não acha que incida.

JLPolítica - O senhor tem grupo e torcida por alguém no pleito de Aracaju?
MS -
Não tenho grupo nem tenho torcida, mas acho que Edvaldo Nogueira está fazendo um trabalho excelente. E se eu achar que ele não merece a reeleição, eu também não poderia pleitear a minha. Mas se de fato o PT se confirmar a não aliança, o que eu lamento, inclusive será um oponente a ser considerado.

“Nós pagamos, todos os meses, R$ 653 mil\", revela, sobre dívidas herdadas

E A PARCERIA COM O PDT, PRESERVANDO O VICE ADILSON?
“É uma possibilidade que não está descartada. Mas quero deixar claro que eu não tenho nenhuma certeza, porque a composição da majoritária só discutirei em abril - ou a partir de abril. Tenho dito isso a Adilson e a outros, porque estamos acompanhando o contexto da aprovação ou não do governo para definir que tipo de vice preciso ter”

 JLPolítica - O Governo de Belivaldo Chagas tem feito algo de concreto por São Cristóvão?
MS -
Efetivamente, a primeira ação concreta é a da revitalização Rodovia João Bebe Água, que nasceu no governo dele em 2018.

JLPolítica - O senhor não acha que seu entusiasmo por Lula e pela liberdade provisória dele se parece algo demasiado juvenil e estudantil?
MS -
Não acho. Isso é vital para mim, porque é no que eu acredito. E não estou discutindo aqui se um cidadão brasileiro deva ser inocentado ou culpado. O que tenho certeza, e é absoluta, é de que o processo que condenou Lula foi um processo político e totalmente viciado.

JLPolítica - O senhor se surpreende com as confusões que o presidente Jair Bolsonaro opera no dia a dia da política?
MS -
Para mim não é surpresa, porque ele é alguém sem preparo nenhum. Eu já antevia isso. Foram 28 anos no Congresso sem nenhuma produção legislativa, com uma atuação política exclusivamente de manutenção do mandato e do status quo pessoal. O Brasil merecer qualquer coisa melhor do que este presidente que está aí hoje.

“É uma possibilidade que não está descartada\", admite, sobre a chance de seguir com Adilson Júnior como vice
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