Maria do Carmo: “Pensei que ia morrer com prisão de Ana e doença de João”

Entrevista

Jozailto Lima

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Maria do Carmo: “Pensei que ia morrer com prisão de Ana e doença de João”

Publicado em 4  de agosto de  2018, 20:00h

“Não será a vez de Jackson e de Rogério. Nem Mendonça ganhará”

A senadora Maria do Carmo do Nascimento Alves, DEM, 76 anos, seguramente entrou para a história política do Estado de Sergipe em seus 200 anos de emancipação a serem comemorados agora em 2020.

Afinal, nenhuma outra mulher deste Estado foi eleita senadora, além de repetir esse feito por mais duas vezes, estando num mandato que lhe leva até 2023, quando pretende se aposentar.

“Vou sentir uma certa falta, porque esta é uma atividade que, embora estressante, me honra muito. Mas vou sobreviver”, avisa. De todos os recordes que esta mulher, advogada, executiva, mãe e esposa, acumula, há um outro: ela saiu de nenhum mandato e de nenhuma disputa anteriores para a primeira disputa, com eficácia, e logo de senadora.

Claro que todos sabem da herança natural que, em 1998, quando se elege pela primeira vez, ela leva do espólio do marido, João Alves Filho, que até ali havia sido governador do Estado por duas vezes e prefeito de Aracaju por uma, ainda que biônica. Depois de 1998, ele ainda levou um mandato de governador, na eleição de 2002, e outro de prefeito de Aracaju, na de 2012. 

Talvez esse salto de nenhum mandato, de uma segunda eleição e logo de senadora – ela disputou a Prefeitura de Aracaju em 1996 e perdeu - justifique um modo todo próprio de ser de Maria do Carmo. Mas que modo é este? É o de não pensar como os políticos normais e tradicionais, sempre esgueirando-se por dissimulações e verdades nunca inteiramente ditas.

Por ser assim, Maria do Carmo é profundamente sincera e sem travas no que observa e no que diz da cena política do seu Estado e do seu país. É como se houvesse uma orgânica liberdade entre o que ela pensa e o que fala - numa mistura direta entre id, ego e superego. Algo sem fronteiras. Às vezes, fala até pelas frestas do silêncio, pelo riso irônico e comedido e por via da gesticulação de corpo inteiro.

E nesta entrevista Dona Maria exercita à exaustão este modo de ser. Desde na análise do seu mandato à da sucessão de Sergipe deste ano; dos diversos nomes nela envolvidos até as chances eleitorais negativas de pessoas próximas a ela, como a filha Ana Alves e o ex-genro Mendonça Prado. “Eu já disse a Mendonça que ele não vai ganhar”, avisa.

Maria manifesta-se assumidamente sensível, responsável e dolorida diante do Mal de Alzheimer que dilacera o marido e varre dele, um homem ativo e importante, todos os resquícios de memória. “Eu não me casei com este homem que gosta tanto de dormir. Casei-me com um homem que gostava era de muito trabalhar”, diz ela, na tradução de uma conversa que tivera com o filho, João Neto, nos primeiros momentos da doença. “João gostava tanto do trabalho, que de noite ele ia lá pro gabinete dele, botava música e ia escrever, e nunca era essa pessoa que hoje quer dormir o dia todo”, completa.

Ele faz um balanço sobre o quase empobrecimento patrimonial dele e dela - tinham uma construtora portentosa, a Habitacional, no começo dos anos 80, e hoje nada têm. Eles vivem apenas das aposentadorias que amealharam na vida e do salário de senadora dela.

Mas, dura, ela não se atraca com lamentos e lamúrias. Admite apenas uma breve tristeza. “Na verdade, entristece. E muito. Mas não ao ponto de me arrepender pela opção política, porque creio que foi uma opção da gente. Eu acho que, por um lado, valeu a pena. As grandes obras que têm em Sergipe foram feitas por João. Eu faria tudo novamente. Não me arrependo, não”, diz.

Quando entra na análise política, Maria do Carmo destila todo esse seu estilo franco: pretendia votar em Belivaldo Chagas, “porque eu gosto muito dele”. “Eu vejo ele como um cara bom e simpático. Mas com esta composição dele com o PT, adeus. Desandou tudo”, admite.

Prevê que Jackson Barreto não se elege senador e que os dois mandatos disponíveis vão para Alessandro Vieira e André Moura - não nesta ordem. Admite que Eduardo Amorim não passará ao segundo turno, logo o confronto final se daria entre Belivaldo e Valadares Filho, a quem ela daria o voto. Ah, de Rogério Carvalho diz: não é chegada a vez de ele ter mandato de senador.

No plano federal, Maria diz que o Governo Temer é uma aberração e admite que gostaria de votar em Geraldo Alckmin para presidente do Brasil. “É o meu candidato”, diz. De Luiz Inácio Lula da Silva, ela nega qualquer tipo de presunção de inocência.

Em 2014, com João prefeito de Aracaju, ela chegou ao terceiro mandato de senadora
Foi ao altar, com João Alves Filho, em 1966

UMA HONRA MUITO GRANDE DE REPRESENTAR SERGIPE
“É uma honra muito grande para mim estar no Senado representando o povo sergipano, porque depois do presidente da República o cargo mais alto da nação é o de senador. O mandato é uma forma que tenho de fazer projetos que beneficiem o Brasil e Sergipe”

JLPolítica - Dona Maria, a senhora conclui 20 anos de mandatos agora em 2018. Qual é o balanço que a senhora faz dessas duas décadas de Congresso?
Maria do Carmo -
Poxa, já? Nem sabia que já era tanto (risos). Olha, o balanço que eu faço é o seguinte: é uma honra muito grande para mim estar no Senado representando o povo sergipano, o povo brasileiro, porque depois do presidente da República o cargo mais alto da nação é o de senador. Mas esse e ir e vir a Brasília não deixa de ser espinhoso. Antigamente eu vinha a Sergipe todas as semanas. Mas, em decorrência da doença de João Alves, não venho mais todas as semanas, porque ele fica lá em Brasília comigo. Mas ressalto ser o mandato uma honra para mim, porque ele é uma forma que tenho de fazer projetos que beneficiem o Brasil inteiro e outros a Sergipe em especial, e assim vamos tocando.

JLPolítica - Quais foram os projetos que mais marcaram a sua atuação no Senado?
MC -
Apresentamos durante esse período excelentes Projetos de Lei e praticamente todos ainda estão tramitando, seja na Câmara ou no Senado. O processo legislativo é muito demorado e minucioso. Dá um verdadeiro banho de água fria no parlamentar. Mas entendo que é assim para assegurar que todos os cuidados sejam tomados antes que uma matéria possa virar lei. Em 2000, no primeiro mandato, apresentamos uma Proposta de Emenda à Constituição, que é a matéria mais difícil em tramitação e aprovação, determinando que as mães adotantes tivessem o mesmo benefício de licença-maternidade que as outras mães.

JLPolítica – E a senhora o considera importante?
MC –
Sim. Talvez tenha sido o projeto de maior visibilidade de meu primeiro mandato, dando importante contrapartida para a mãe adotante, reconhecendo a importância do seu papel social. A adoção é um dos atos de amor e solidariedade mais bonitos e necessários que existem, e precisamos estimular e jamais dificultar. 

JLPolítica – Houve outros projetos importantes na esfera da mulher?
MC –
Claro. Apresentamos projetos importantes para as mulheres, como o que obriga o Estado brasileiro a fornecer dispositivos de proteção, do tipo botão de pânico para mulheres em situação de violência doméstica que estejam se sentindo ameaçadas. Outro projeto proíbe o uso de algemas em presas grávidas, que estejam em trabalho de parto, assegurando também que seja observada a saúde dela e do bebê. Mas, sem dúvidas, o projeto que teve maior alcance e que mais se destacou durante o meu segundo mandato foi o que reserva um percentual de participação obrigatória para as mulheres nos conselhos de administração de empresas públicas e de sociedades de economia mista. Essa matéria teve muita repercussão nacional e consideramos importantíssimo que o Estado esteja protagonizando essa medida e que ela possa ser seguida pela iniciativa privada. A ocupação dos espaços de poder pela mulher é muito importante, não só para que tenhamos igualdade e representatividade entre os sexos, mas também para que se faça justiça ao grande investimento pessoal que a mulher faz em formação. A mulher brasileira está preparada para ocupar quaisquer espaços.

Mas não tiveram sucesso os seus companheiros de chapa: Eduardo Amorim e Augusto Franco Neto

DA LICENÇA-MATERNIDADE ÀS MÃES ADOTANTES
“Em 2000, apresentamos uma PEC, que é a matéria mais difícil em tramitação e aprovação, determinando que as mães adotantes tivessem o mesmo benefício de licença-maternidade que as outras mães”

JLPolítica - Como é que a senhora encara os que, de Sergipe, tentam depreciar a sua atuação como parlamentar?
MC –
Isso é algo muito lamentável. Ainda estamos no meio do terceiro mandato, mas já temos algumas importantes contribuições que estão em discussão no Senado. Na área de segurança alimentar e alimentação saudável, apresentamos projeto para implantação da Política Nacional contra o Desperdício de Alimentos, atuando desde a produção ao consumo. Em outro projeto, sugerimos que hortas orgânicas pudessem ser produzidas pelos presos em estabelecimentos penais onde fossem possível essa atividade, gerando vários benefícios de alimentação, de saúde, de ressocialização e de cidadania, com atividades de baixíssimo custo. Também mais recentemente propomos a instituição de uma Semana Nacional de Conscientização sobre Alergia Alimentar, um assunto muito sério que pode levar uma pessoa à morte e que cada vez mais vem sendo destacado em nossa sociedade. Hoje a quantidade de pessoas sensíveis ao glúten, por exemplo, é enorme. Portanto, é hilário que falem mal do meu mandato. Lembro-me do episódio da cadeira azul na eleição de 2014, quando o candidato Rogério Carvalho, do PT, dizia que a minha cadeira no Senado era vazia. Que eu nem pisava o pé lá. Um belo dia da campanha lá vou eu para uma carreata que saía de Areia Branca para Itabaiana e passou por mim uma caminhonete com uma cadeira azul vazia amarrada em cima. Era do mesmo jeito da do Senado.

JLPolítica – A senhora acha isso um achincalhe e algo que não corresponde de fato ao seu mandato?
MC -
Sim, acho. Não corresponde de modo algum ao perfil do meu mandato, porque, como você viu aí acima, eu tenho projetos importantíssimos, conforme eu lhe disse na resposta anterior.

JLPolítica - Em que pé se encontra aquele projeto que tenta estabelecer normas de avaliação para o desempenho dos funcionários públicos brasileiros?
MC –
Ele foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça, e na CCJ uma pessoa do PC do B pediu que fosse para mais duas outras comissões. E foi. Depois teve a aprovação do Senado e está agora na Câmara Federal.

JLPolítica - Qual é mesmo a essência deste projeto? O que de fato ele prevê? 
MC -
O que ele prevê é o seguinte: todo funcionário público, quando toma posse, precisa ser treinado para fazer um bom serviço em favor do público. Ele deve ser avaliado periodicamente e se for necessário fazer cursos de aprimoramento para que ele se especialize. Isso tudo é uma forma de ele progredir, de bem servir e de ser premiado. O que eu acho é que esse projeto, tornado lei, beneficia a carreira do servidor público e o próprio público que recebe o serviço prestado por ele. Ter o funcionário treinado e sabedor das suas competências, é tudo. Na CCJ, o senador pernambucano Armando Monteiro fez uma defesa intensa desse projeto.

Albano Franco comemorou com ela. Seu filho, Ricardo Franco, é o primeiro suplente de Maria do Carmo

O ACHINCALHE DA CADEIRA AZUL VAZIA
“L
embro-me do episódio da cadeira azul em 2014, quando Rogério dizia que a minha cadeira no Senado era vazia. Um dia lá vou eu para uma carreata de Areia Branca a Itabaiana e passou por mim uma caminhonete com uma cadeira azul vazia amarrada em cima. É hilário que falem mal do meu mandato”

JLPolítica - A senhora se sentiu constrangida com a versão que os sindicatos e a turma da esquerda deu dele, dizendo que é um projeto caça-bruxas dos servidores?
MC -
Constrangida, não. Eu me senti triste. Aliás, profundamente triste, porque essas pessoas não leram o inteiro teor desse projeto. Não compreenderam a essência dele. Mas não cheguei a ser destratada de público em nome dele. Só sei que a galera que milita no contra disse horrores, mas partindo de uma profunda ignorância de quem sequer leu o projeto. Atuaram com profundo desconhecimento de causa.

JLPolítica - A senhora, que já foi executiva, como secretária de Estado, tem que visão da atuação do servidor público brasileiro?
MC -
Eu afirmo aqui que tem muito servidor público excelente. Mas tem outros que, às vezes, estão escrevendo algo sobre seus despachos e quando chega a hora deles, botam o lápis em cima do papel, saem e deixam o usuário sem solução.

JLPolítica - Mas mesmo assim o seu projeto não quer caçar bruxa alguma?
MC -
De forma alguma. Bem pelo contrário. Nosso projeto quer é valorizar o servidor, a mão de obra dele e o público a quem ele atende.

JLPolítica - Como é que se dará a participação de Maria do Carmo nestas eleições de 2018? A senhora está projetando que tipo de ação pessoal?
MC -
(Ela ri e pede para que Ana Maria, a filha que está na sala onde ocorre a entrevista, nos deixe a sós. “Você me deixa inibida”, diz ela, em tom de humor. E Ana sai). Olhe, em princípio eu votaria em Belivaldo Chagas, porque eu gosto muito dele. Mas com esta composição dele com o PT, adeus. Desandou tudo. 

Votou em Aécio Neves para presidente, em 2014

DO PROJETO QUE AVALIA SERVIDOR PÚBLICO
“Acho que esse projeto tornado lei, beneficia o servidor e o próprio público que recebe o serviço. Ter o funcionário treinado e sabedor das suas competências, é tudo. Na CCJ, o senador Armando Monteiro fez uma defesa intensa desse projeto”

JLPolítica - Mas qual é a característica que a senhora vê em Belivaldo, para gostar dele?
MC -
Eu vejo ele como um cara bom e simpático.

JLPolítica – E isso justificaria seu voto pessoal nele?
MC -
Olha, quando ele tomou posse, até lhe fiz uma visita como governador. Ele ainda não terminou o mandato dele, mas eu imaginei ali naquele começo que iria dar uma nova dinâmica ao Governo.

JLPolítica - E o tipo de dinâmica que ele deu até agora não lhe agrada?
MC -
Eu imaginei que ele ia sacudir mesmo (dona Maria cerra os punhos e vibra as duas mãos no ar). Admito que ele fez uma coisa muito boa: mudou o superintendente do Hospital João Alves (Huse), com dr Darcy Tavares Pinto, que é um cara sério. Mas vamos esperar Belivaldo terminar para ver se ele vai fazer a diferença.

JLPolítica - Uma vez que lhe desencantou o modo de Belivaldo administrar, a senhora hoje é uma pessoa sem voto para governador em 2018?
MC –
Não. Eu estou esperando que apareça alguém palatável.

Já em 2016, não teve Albano e Amorim no palanque que tentou reeleger João prefeito

DO PROJETO QUE AVALIA O SERVIDOR PÚBLICO II
“Senti-me profundamente triste, porque as pessoas não leram o teor desse projeto. Não compreenderam a essência. A galera do contra disse horrores partindo de uma profunda ignorância. Atuaram com profundo desconhecimento de causa”

JLPolítica - Como é que a senhora vê a candidatura de Valadares Filho?
MC -
Eu vejo a candidatura de Valadares Filho como a de alguém jovem. Nunca ouvi falar de falcatrua dele nesses mandatos que tem mantido até hoje. Aliás, não conheço isso nem dele nem do pai dele. Olha, inclusive votei nele quando foi candidato a prefeito de Aracaju em 2016. Então, vamos para a frente.

JLPolítica - A candidatura dele é uma possibilidade para a senhora?
MC -
É sim.

JLPolítica - Qual a sua análise da candidatura de Eduardo Amorim?
MC –
(Ela ri). Eu não votaria nele.

JLPolítica - Por quê?
MC -
Ele disse a alguém, não sei se numa entrevista - não sei bem onde foi -, que em 2014 financiou 80% da minha campanha pela reeleição. Depois, se sentou, todo desconfiado, junto a mim no Senado, e me disse: “A senhora pode não saber, mas teve isso lá em Sergipe. É que o repórter se confundiu com um 8 a mais”. Sorri, e disse: “Eu sei, mas também você não falou, Eduardo, do meu prestígio, porque eu ganhei de você em Aracaju e em toda a Grande Aracaju”.

Aposta que não vai ser dessa vez que Eduardo Amorim vai chegar ao Governo

VOTARIA EM BELIVALDO CHAGAS, MAS DESANDOU
“Olhe, em princípio eu votaria em Belivaldo Chagas, porque eu gosto muito dele. Eu vejo ele como um cara bom e simpático. Mas com esta composição dele com o PT, adeus. Desandou tudo”
 

JLPolítica - Como é que a senhora define Eduardo Amorim como político? Acha que ele tem pulso e gana?
MC –
Olha, ele faz uns discursos bons. Mas... Ah, sim, ele já foi secretário de Estado da Saúde (ela diz isso entre risos, e não custa lembrar que por vezes os risos meio tímidos de Maria equivalem a editoriais).

JLPolítica - A senhora acha que a eleição de governador de Sergipe deste ano se define no primeiro ou vai ter segundo turno?
MC -
Eu acho que vai ter um segundo turno.

JLPolítica – A senhora teria um palpite de entre quais candidatos vai acontecer isso?
MC –
Vai ser entre Belivaldo Chagas e Valadares Filho.

JLPolítica - Numa circunstância dessa, a senhora ficaria neutra?
MC –
Não. Eu votaria em Valadares Filho.

Vê um segundo turno entre Valadares Filho e Belivaldo Chagas

VALADARES FILHO E O PAI FORA DE FALCATRUAS
“Vejo a candidatura de Valadares Filho como a de alguém jovem. Nunca ouvi falar de falcatrua dele nesses mandatos até hoje. Aliás, não conheço isso nem dele nem do pai. Inclusive votei nele a prefeito de Aracaju em 2016”

JLPolítica - A senhora não tem pretensão de ser a madrinha da candidatura de Mendonça Prado ao Governo de Sergipe?
MC -
(Dona Maria ri, faz uma cara de desaprovação à pergunta, aponta pro gravador, como se pedindo para falar em off e o entrevistador intercede, dizendo que só em on. E aí ela fala) - Não. Eu já disse a Mendonça que ele não vai ganhar.

JLPolítica - Quais as chances de Mendonça ir a um segundo turno?
MC –
Eu já disse a ele que ele ganharia muito bem se fosse para deputado federal. Até quando conversei com ele listei não sei quantas emendas de autoria dele pedindo por Sergipe. O Posto da Polícia Federal em Malhador é uma emenda dele. Ele foi um excelente parlamentar.

JLPolítica – Ele lhe consultou para se lançar pré-candidato a governador?
MC -
Não.

JLPolítica – Não ficou parecendo que ele se lançou com o estímulo da senhora?
MC –
Não. De jeito nenhum. Eu soube pelos jornais.

Acredita que JB não chega ao Senado

EDUARDO AMORIM NÃO LHE CAI BEM
“Eu não votaria nele. Ele disse que em 2014 financiou 88% da minha campanha pela reeleição. E (depois) me disse: “É que o repórter se confundiu com um 8 a mais”. E eu lhe disse: “Sei, mas também você não falou, Eduardo, do meu prestígio, porque eu ganhei de você em Aracaju”

JLPolítica - Qual é o futuro reservado ao DEM de Sergipe sem João Alves em ação?
MC -
Eu espero que Mendonça Prado levante o DEM de Sergipe. Nós fizemos seis prefeitos no Estado na última eleição.

JLPolítica - Se Mendonça Prado fosse candidato a deputado federal a senhora votaria nele?
MC –
Sim, votaria, porque ele foi um bom parlamentar.

JLPolítica - A senhora que o derrotou por uma margem de votos pequena em 2014, acha que em 2018 é chegada a hora de Rogério Carvalho se eleger senador?
MC -
Não. Com certeza ele não vai não este ano também, porque ele tem problemas na justiça. Ele pode até ser candidato, mas ele tem processos graves de quando era secretário de Saúde do Estado.

JLPolítica - Há 20 anos, em 1998, a senhora derrotou Jackson Barreto na primeira disputa sua e dele para o Senado. Acha que ele passa agora?
MC -
Repare, Jackson não fez um belo Governo. Agora, ele tem um estilo próprio. Vai na casa do povo, abre as panelas. Ele tem um patrimônio eleitoral.

E não crê no sucesso do ex-genro e companheiro de partido, Mendonça Prado

NÃO É A MADRINHA DA CANDIDATURA DE MENDONÇA
“Eu já disse a Mendonça que ele não vai ganhar. Disse a ele que ele ganharia muito bem se fosse para deputado federal. Ele foi um excelente parlamentar. Eu soube (da pré-candidatura dele) pelos jornais”

JLPolítica - Mas a senhora acha que isso é o suficiente para elegê-lo?
MC -
Para mim, não seria isso o suficiente. Ele teria de ter o perfil de um grande gestor para juntar com esse perfil político. Juntando os dois, ótimo: daria uma eleição.

JLPolítica – A senhora está muito em Brasília, mas olhando assim à distância, quais serão os dois senadores de Sergipe eleitos neste ano?
MC –
Olhe, eu tenho a impressão de que o delegado Alessandro Vieira tem condições. Não o conheço pessoalmente, só de entrevistas, mas acho que ele é simpático. Acredito que o outro será André Moura. Eu creio que esses dois chegam lá. O André tem... (ela não conclui a frase e esfrega, rindo, os dedos polegar e fura bolo, na representação de dinheiro).

JLPolítica - E o senador Valadares, como é que entra nesta história?
MC -
Ele me disse uma vez quem dando certo esta candidatura de Valadares Filho ao Governo ele iria para deputado federal. Não sei se ele cumpre.

JLPolítica - Qual é o conceito da senhora do Governo Temer?
MC -
O Governo Temer é lamentável. Olha, se tudo que se diz na mídia sobre o Governo dele for verdade, nós estamos acabados.

O seu prognóstico é que André Moura e Alessandro Vieira conquistam as duas cadeiras do Senado

AINDA NÃO É CHEGADA A HORA DE ROGÉRIO SENADOR
“Com certeza ele não vai não este ano também, porque ele tem problemas na justiça. Ele pode até ser candidato, mas ele tem processos graves de quando era secretário de Saúde do Estado”

JLPolítica - A senhora vê alguém hoje com um projeto para o plano federal, para o Governo da União?
MC -
O quadro que está aí é muito indefinido ainda. Bolsonaro caiu um pouco. Eu esperava que o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, crescesse. Ele fez agora um composição com vários partidos chamados de centrão e acho que isso pode ajudá-lo. É o meu candidato. Eu gostaria de votar nele.

JLPolítica - A senhora subscreve algum tipo de presunção de inocência de Luiz Inácio Lula da Silva?
MC -
Não. Tudo contra Lula está provado que ele não tem inocência. Ele está condenado em segundo instância. Já recorreram pro Supremo, pro Rio Grande do Sul. É em segunda instância. A presidente do PT diz que vão registrar a candidatura dele. Agora, se vai ter sucesso nisso, aí é uma outra coisa.

JLPolítica - A senhora tem energia e projeto pessoais para disputar um novo mandato em 2022?
MC -
Não, não. Em 31 de janeiro de 2023 eu estarei aposentada.

JLPolítica - Vai sentir saudade do exercício da atividade pública?
MC -
Vou sentir uma certa falta, porque esta é uma atividade que, embora estressante, me honra muito. Mas vou sobreviver.

Nas gestões de João Alves, costumava responder pela pasta que cuida das ações sociais

PATRIMÔNIO ELEITORAL DE JB NÃO RENDE MANDATO DE SENADOR
“Jackson não fez um belo Governo. Agora, ele tem um estilo próprio. Vai na casa do povo, abre panelas. Tem patrimônio eleitoral. Ele teria de ter o perfil de um grande gestor para juntar com o perfil político. Juntando os dois, ótimo: daria uma eleição”

JLPolítica - Mas por que a senhora se aposentaria, então?
MC -
Olha, porque para mim esta doença de João tem sido uma tragédia, e eu preciso me dedicar mais a ele.

JLPolítica - A senhora teria uma justificativa para que a mulher sergipana e brasileira participasse tão pouco da política?
MC -
A minha concepção é a seguinte: a mulher precisa ter coragem para se candidatar. Estudar e pesquisar para poder saber como se posicionar em relação a alguma pergunta, a algum impasse. Mas se ficar esperando pelo marido para apoiar, adeus.

JLPolítica - Seria por esta espera que as mulheres não ocupam nem 10% dos mandatos no Brasil.
MC -
Exato. Seria por isso. No meu primeiro mandato de senadora, nós éramos cinco mulheres. Aí no segundo, aumentamos para oito e hoje somos 12. É um percentual muito pequeno para 81 senadores. E na Câmara Federal, com 513 parlamentares, tendo 55 mulheres?

JLPolítica - A senhora diria o que à mulher brasileira?
MC –
Diria a elas que tenham coragem, que enfrentem e que vão pra cima.

E, no Senado, os assuntos sociais são prioridade

VAGAS DO SENADO PODEM FICAR COM ALESSANDRO E ANDRÉ
“Tenho a impressão de que o delegado Alessandro Vieira tem condições. Não o conheço pessoalmente, só de entrevistas, mas acho que ele é simpático. Acredito que o outro será André. Creio que esses dois chegam lá”

JLPolítica - A família Alves não tem pretensão e preocupação de deixar herdeiros na política, dona Maria?
MC -
Dos nossos três filhos, só quem gosta de política é Ana Maria. Ela fica nos dizendo que os amigos a estimulam a disputar mandato de deputado estadual, embora o sonho dela fosse de federal. A gente sabe o quanto isso é difícil. Ela vai necessitar de mais de 60 mil votos para federal e, primeiro, precisa ter dinheiro.

JLPolítica - Qual foi o grau de sofrimento da senhora, enquanto mãe, com a prisão de Ana Alves?
MC -
Olha, ali eu pensei que ia morrer. A nossa outra filha, a Cristina, estava almoçando lá em casa na sexta-feira, dia da prisão de Ana. Aí o telefone dela tocou, ela atendeu e levantou-se. Depois voltou, terminou o almoço e foi embora. De tardezinha, voltou. Eu estava de cadeira de rodas - com o pé quebrado -, deitada: “Olhe, vou dizer a senhora, porque outro alguém pode lhe informar”. E ela me disse. Eu perguntei em que delegacia Ana estava. “Que nada! Ela foi para a penitenciária”, disse-me Cristina. Oh Deus do céu. Eu dormia à noite e me acordava: “Oh Deus, uma filha na penitenciária”.

JLPolítica - A senhora já havia pensado numa hipótese dessas, dona Maria?
MC -
Nunca. Nunca. Foi a minha pior dor. Ana foi presa na sexta, e Cecília, minha irmã e tia dela, que é médica, foi lá. Não era dia de visita, mas ela arranjou o telefone da diretora, ligou e disse que era médica, tia dela e foi lá e falou com Ana. Quando eu vim a Aracaju, Cecília me deu o telefone desta moça. Quando desci no aeroporto, Manoel Messias, meu motorista, me disse: “Olha, seu sobrinho Luciano de Menininha está aí querendo falar com a senhora”. Luciano me entra no carro e diz: “A senhora está doida, é?”. Ele desaprovava minha ida à penitenciária.

JLPolítica – E como a senhora reagiu?
MC -
Eu lhe disse: “Luciano, você tem três filhos. Alguém já prendeu algum deles?”. Ele: “Não”. Liguei para o advogado Cristiano Cabral e lhe informei que estava chegando e que iria visitar Ana. Disse a ele que do aeroporto iria no Mosqueiro almoçar e depois à penitenciária. Mais tarde ele chegou lá em casa, com a mesma visão de Luciano: “Não vá não. A senhora vai atrapalhar o processo”. Onde já se viu uma mãe se ausentar de uma situação dessa. Aí eu fui. Fomos - eu, Luciano, Cida, esposa de Paulão, e Cristiano. Quando chegamos perto do presídio, ligamos para a diretora. Ela me disse que já estava na porta e entramos - eu, Luciano, Cristiano. Mas não disseram a Ana que era eu a visitante. Quando ela nos viu, caiu num choro profundo.

E os temas de interessa da mulher. Em reunião com a bancada feminina

GOVERNO TEMER É O FIM E GOSTARIA DE VOTAR EM ALCKMIN
“O Governo Temer é lamentável. Olha, se tudo que se diz na mídia sobre o Governo dele for verdade, nós estamos acabados. Geraldo Alckmin é o meu candidato. Eu gostaria de votar nele”

JLPolítica - A senhora achou que houve motivos concretos para aquela prisão de Ana?
MC -
Não achei não. Eu acho que confundiram um suposto muito falar de Ana Maria ao celular. Porque mesmo assim não era motivo para a prisão, ainda mais para mandá-la a uma penitenciária.

JLPolítica - Em que pé se encontra a saúde do ex-governador João Alves Filho?
MC -
Ele está muito pior agora, porque a doença que ele tem - um estágio avançado de Mal de Alzheimer - é progressiva. Veja: ao tomar posse do mandato de prefeito em janeiro de 2013, ele já estava com o Mal de Alzheimer e a gente é que não sabia.

JLPolítica – E a doença se manifestava como, dona Maria?
MC –
Por um sono profundo. Eu chegava de Brasília às 14h30 e ele estava dormindo, ainda da noite passada. Não se levantava para comer e nem para trabalhar. Quando em novembro de 2015 eu me licenciei do mandato e vim ser secretária do município de Aracaju, houve uma grande injustiça comigo, quando disseram que eu estava vindo para fazer política pra ele. Ora, eu estava vindo para cuidar do meu marido. O Gabinete da casa da praia é pequeno, mas ele levava uma ruma de secretários para despachar lá de noite. No meio das atividades, ele dormia. Fátima o conduzia para a cama.

JLPolítica - Há ocorrências de Mal de Alzheimer na família dele?
MC -
Olha, dizem que na família do pai teve uma tia chamada Cândida, a quem ele não conheceu, que morreu doida no Adauto Botelho, e suspeita-se de que era de Mal de Alzheimer. Mas naquele tempo não se tinha precisão nos diagnósticos.

Com a senadora Ana Amélia, do PP gaúcho, pré-candidata à vice-presidente, na chapa de Geraldo Alckmin, PSDB

NENHUMA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA DE LULA
“Tudo contra Lula está provado que ele não tem inocência. Está condenado em segundo instância. Já recorreram pro Supremo, pro Rio Grande do Sul. A presidente do PT diz que vão registrar a candidatura dele. Agora, se vai ter sucesso nisso, aí...”

JLPolítica - Mas o velho João Alves, o pai, terminou a vida sem este mal, não é?
MC -
Sim, sem. Já no fim da vida, ele ficou um pouco esquecido, mas não dava nem para gente perceber e atribuo isso à idade.

JLPolítica - Nesta hora difícil, como é que tem sido as manifestações de solidariedade a ele por parte das tantas pessoas que passaram pela vida dele como colaboradores nos cinco mandatos que exerceu?
MC
 - Estava muito triste com a ausência de telefonemas e de manifestações de apoio nesses meses iniciais que passamos em Brasília. Pouquíssimas pessoas ligaram para saber notícias dele. Mas, neste mês de julho estivemos em Aracaju e pudemos, então, receber o acolhimento e a solidariedade de muitos amigos e de antigos colaboradores de João. 

JLPolítica - A senhora se sentira distinguida como esposa se as pessoas se comovessem mais com a situação dele?
MC -
Claro, porque este é um momento dificílimo para mim. No meio do mês de fevereiro de 2017, fomos, eu e Cristina, a São Paulo para fazer a revisão dele e a médica disse que ele era portador dos sintomas desde 2013. Passou remédios e determinou que todos os meses ele deveria ir lá. Cristina sugeriu que deveríamos arranjar um neurologista em Brasília, porque maramos e trabalhamos eu e ela lá. Marcamos para as 9h de um dia. Não teve jeito de João se acordar, e fomos só nós duas.

JLPolítica - E o que ocorreu?
MC –
Quando entramos, o médico nos disse: “E o paciente não é João Alves?”. “É”, dissemos, e informamos que não conseguimos acordá-lo e que ele só quer dormir. Até que, depois, nós conseguimos levá-lo, agora já eu e Joãozinho. O médico começou a fazer uns testes com João e ele ia respondendo tudo errado. Num dado momento, eu quis corrigi-lo e o médico não deixou. Pediu que saíssemos. Ele ficou com João. Quando voltamos ao consultório, me disse: “Quando a senhora esteve aqui com sua filha, pensei que era um coisa leve, mas ele já está divagando”. A dormideira dele era a confirmação da doença.

Em 2023, encerra o seu terceiro mandato consecutivo de senadora

APOSENTADORIA E SAUDADE DA ATIVIDADE PÚBLICA
“Em 31 de janeiro de 2023 eu estarei aposentada. Vou sentir uma certa falta, porque esta é uma atividade que, embora estressante, me honra muito. Mas vou sobreviver”

JLPolítica - A senhora se surpreendeu com seu desprendido apoio a João Alves nesta hora como esposa e companheira? A senhora sabia que dispunha de tanta energia para dedicar a ele?
MC –
Oh rapaz... Olha, também nesta situação, no começo eu pensei que iria morrer. Depois desta consulta, por exemplo, nós chegamos em casa, almoçamos e eu caí num banzo profundo. E João Neto prevendo soluções futuras: “vamos vender o apartamento de São Paulo, a casa da praia...”. Eu lhe disse: “Rapaz, você deixe primeiro eu botar esta nova situação na minha cabeça, porque eu não me casei com este homem que gosta tanto de dormir. Casei-me com um homem que gostava era de muito trabalhar”. João gostava tanto do trabalho, que de noite ele ia lá pro gabinete dele, botava música e ia escrever, e nunca era essa pessoa que hoje quer dormir o dia todo.

JLPolítica - Como é que funcionam os altos e baixos da memória dele?
MC -
Tem horas que ele reconhece as pessoas. Tem outras que não. Ele foi interrogado aqui por três pessoas – dois psiquiatras e uma juíza. Perguntaram quantos filhos ele tinha, e ele pensou e disse três: “João Neto, Alice Maria e Nina Rosa”. Só que as últimas duas pessoas são netas. Aí ele virou pra mim e disse: “Diga aí, Maria”. Eu não podia dizer. Olha, é difícil.

JLPolítica - Já ocorreu de em algum momento ele não reconhecer a senhora?
MC -
Não, ainda não.

JLPolítica - Ele se lembra de todo o passado e de toda a importância que teve para Sergipe nessas quatro últimas décadas? Ocorre-lhe de dizer “eu fiz tal obra”?
MC -
Não. Mas quando passamos com ele na Orla da Atalaia, que está tão anarquizada, lhe dizemos: “João, aqui foi você que fez”. Aí ele diz: “E foi?”.

Também entende que é difícil para Ana Alves conquistar uma vaga de deputado federal

DAS DIFICULDADES ELEITORAIS DE ANA MARIA
“Dos três filhos, só quem gosta de política é Ana. Fica nos dizendo que amigos a estimulam a disputar mandato estadual, embora o sonho fosse de federal. A gente sabe o quanto isso é difícil. Ela vai necessitar de mais de 60 mil votos para federal e, primeiro, precisa ter dinheiro”

JLPolítica - Esta é uma pergunta intimista, invasiva, e a senhora não é obrigada a responder, mas lhe farei: João lhe deu muito trabalho quando jovem?
MC -
Não, não. Nunca deu (ela ri muito). Apesar da herança do pai, ele foi um homem comportado (mais risos). (João Alves, o velho, o pai, conhecido como João Picadaço, era tido como excessivamente mulherengo).  

JLPolítica - Quando a senhora deixou seu mandato de senadora durante a gestão de prefeito dele para vir ser secretária municipal de Aracaju em 2015 houve quem lhe criticasse ali, dizendo que estava fazendo política e até “pagando acordo” que fizera com o suplente Ricardo Franco. Qual foi seu real objetivo naquela hora?
MC –
Eu de fato vim porque João já estava doente. Eu vim por pura dedicação, para cuidar dele. Eu estava diante de um cabra de passado trabalhador que dormia o dia todo. Não houve acordo algum com suplente nenhum. Ô Jesus, a política é cheia de maldades.

JLPolítica - Como é que está a sua relação hoje com Albano Franco e Ricardo Franco?
MC –
Não tenho nada contra eles, não.

JLPolítica - Mas participariam de um mesmo churrasco?
MC –
Não, não. Mas também eu não sou de atividades assim (risos).

Posse na Academia Proprianse de Letras

AS DORES DA PRISÃO DA FILHA ANA ALVES
“Olha, ali eu pensei que ia morrer. Oh Deus do céu, uma filha na penitenciária! Foi a minha pior dor. Não achei não (que houve motivos para a prisão). Acho que confundiram um suposto muito falar de Ana Maria ao celular”

JLPolítica - A senhora manda muitos recursos do orçamento via emendas para municípios sergipanos?
MC -
Mando para quase todos os municípios sergipanos. Para Aracaju já mandei, e para o Governo do Estado, também. No ano passado, fui fazer uma visita ao prefeito Edvaldo Nogueira e ele me disse: “Tudo que estou fazendo, é de uma emenda da senhora que André liberou”. Eu acho que falta mais divulgação dessa parte do meu mandato e vou até rever isso quando retornar a Brasília. É impressionante o marketing que faz aquele menino Fábio Reis sobre emendas dele.

JLPolítica - Olhando o seu passado pessoal e o de João Alves, as perdas e danos patrimoniais da família, a senhora acha que valeu a pena dar tanto das suas vidas pela política?
MC -
Eu acho que, por um lado, valeu a pena. As grandes obras que tem em Sergipe, foram feitas por João. Eu faria tudo novamente. Não me arrependo, não.

JLPolítica - Mas ver desparecer uma Habitacional forte em Sergipe, Alagoas e Bahia em nome do projeto político de vocês não lhe entristece?
MC -
Na verdade, entristece. E muito. Mas não ao ponto de me arrepender pela opção política, porque creio que foi uma opção da gente.

JLPolítica - A senhora se acha uma pessoa fria e calculista, dona Maria?
MC -
Não me acho não. Muita gente diz que eu só penso em dinheiro. Mas isso não é uma verdade.

Com as filhas Maria Cristina e Ana Maria (década de 70)

SOBRE A DOENÇA DO MARIDO JOÃO ALVES
“Ele está muito pior agora, porque a doença que ele tem - um estágio avançado de Mal de Alzheimer - é progressiva. Veja: ao tomar posse do mandato de prefeito em 2013, ele já estava com o Mal de Alzheimer e a gente é que não sabia”

JLPolítica - Quem seria Maria do Carmo segundo Maria do Carmo?
MC -
Sou eu mesma. E eu mesma é o que eu sou (risos).

JLPolítica - A senhora gosta da Maria do Carmo que é Maria do Carmo?
MC -
Gosto. Repare bem: eu sempre gostei de trabalhar. No primeiro Governo de João, iniciado em 1983, meu irmão Netinho (José Alves do Nascimento) era secretário de Saúde, e aí eu fundei o Projeto Pró-Mulher e eu mesma ia todos os finais de semana aos municípios onde não houvesse feira naquele dia, porque a mulher se envolveria com a feira e não poderia ser assistida. Para mim, ainda hoje, o Pró-Mulher foi o programa mais importante de todos os Governos de Sergipe no campo da saúde pública. Nós íamos atrás da mulher. Não esperávamos que ela viesse a Aracaju fazer uma biopsia, porque tudo é muito difícil para uma mulher pobre vir para a capital.

JLPolítica – Dona Maria, como é que a senhora vê o tratamento dado pelos atuais e recentes governos de Sergipe às obras feitas pelos Governos de João em Aracaju?
MC -
Ninguém pode negar que as grandes obras de Sergipe têm a assinatura de João. A Orla da Atalaia, por exemplo, que é belíssima, é uma delas e está abandonada. A Ponte Aracaju-Barra não tem sequer a iluminação. Isso, para nós, é profundamente constrangedor.

\"Eu faria tudo novamente”, diz
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