
Waneska Barboza: “A gente quer as pessoas com direito a uma saúde digna”
“Não podemos permitir que qualquer aventureiro assuma a Prefeitura e estrague tudo que a gente construiu”
18/11/2023-19hUma executiva que sabe o que fez, sabe o que está fazendo e o que poderá e pretende fazer no futuro. E mais: que pensa politicamente em favor da manutenção do status coletivo que ela e seu grupo político construíram nos últimos sete anos no comando do Governo de Aracaju.
Esta executiva é Waneska Barboza, 47 anos, médica, com formação pela Universidade Federal de Sergipe desde 2001, com especialidade em Cardiologia, pós-graduada em Saúde pela UFBA e secretária Municipal da Saúde de Aracaju desde 2017. Ela ingressou nos quadros desta Secretaria desde 2006, como emergencista.
E besta será quem pensa que Waneska Barboza está ilhada ali, vendo somente a saúde pública, seus compromissos e resultados. Isso ela visualiza com uma lupa bem ampliada e sensível, sabe de tudo o que se passa, adota medidas saneadoras e ajuda a fazer da saúde de Aracaju algo dentro de uma boa calha de planejamento. Um quase exemplo.
Mas na ilha de Waneska Barboza a visualização da alta política tem lugar de honra. Talvez por isso o prefeito Edvaldo Nogueira, que não tem mais o direto de ir à reeleição no ano que vem, a coloque como um dos três nomes que ele intenciona apresentar ao seu grupo como pré-candidatos a prefeito.
Além dela, Luiz Roberto Dantas de Santana, secretário de Estado do Desenvolvimento Urbano e da Infraestrutura, e Jeferson Passos, secretário Municipal da Fazenda de Aracaju, encabeçam a lista.
“Eu tenho certeza de que qualquer um desses três nomes técnicos que trabalham nessa mesma linha de uma gestão focada em resultados e atendimento das necessidades da nossa população que for o escolhido representará muito bem o trabalho que vem sendo desenvolvido. E os outros dois demais já estão alinhados: quem não for o escolhido, vai trabalhar em prol de todo esse projeto”, diz Waneska.
Apesar de afirmar que nunca conversou com Edvaldo Nogueira sobre sucessão e candidatura, Waneska Barboza diz que se sente “preparada” para um posto de prefeita de Aracaju. E que vai na vibe se for requisitada.
“A experiência à frente da Secretaria de Saúde me fez ver que podemos ser instrumento de transformação social. Escolhi servir ao público desde que me formei em Medicina e assim seguirei motivada pela conquista de resultados que possam impactar positivamente a vida das pessoas”, diz ela.
Mas o que interessa mesmo de perto a Waneska hoje é lamber a cria dos bons serviços que ela acha que foram e podem ser ainda prestados na esfera da saúde municipal aos aracajuanos. “O que a gente quer é fazer com que as pessoas possam ter direito a uma saúde digna”, diz.
“O nosso trabalho é voltado para os melhores indicadores de saúde. Se temos indicadores positivos, temos uma comunidade saudável. Neste sentido, temos trabalhado para fazer modificações na vida das pessoas”, completa a secretária.
Waneska Barboza foi 1ª tenente-médica da Polícia Militar de Sergipe em 2006. Coordenou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - Samu - e a Rede de Urgência e Emergência do município de Aracaju, assumindo, ainda, a Coordenadoria de Controle e Avaliação do Núcleo de Controle, Avaliação, Auditoria e Regulação - Nucaar - da Secretaria da Saúde de Aracaju.
Waneska de Souza Barboza nasceu em Aracaju em 26 de janeiro de 1975 – é vizinha de Edvaldo Nogueira na data de nascimento, que é do dia 25.


É filha de Nivaldo Elias Barboza, fiscal do Trabalho pelo Ministério do Trabalho e advogado, e de Regina Helena de Souza Barboza, advogada e defensora pública. Waneska vive uma união estável e é mãe de um casal de filhos - Ana Clara de Sousa Barboza e Mateus de Sousa Barboza, de 10 anos.
“Aracaju alcançou o primeiro lugar no ranking das cidades que mais vacinaram no país. Chegamos a mais dois milhões de vacinas aplicadas e temos desenvolvido várias estratégias para atrair as pessoas, tanto crianças e adultos, quanto idosos, isso para as diversas vacinas”, diz ela.
A Entrevista com Waneska Barboza justifica a empreitada da leitura.
JLPolítica & Negócio - Qual a concepção que orienta o trabalho da Secretaria Municipal da Saúde?
Waneska Barboza - É a concepção de que temos o objetivo e a meta de mudar a vida das pessoas de forma positiva. De causar um impacto positivo na vida delas. Para as pessoas serem felizes, elas precisam ter saúde. A doença traz diversos impactos negativos, não só para quem está doente, mas para todo o contexto familiar. O que a gente quer é fazer com que as pessoas possam ter direito a uma saúde digna e, com isso, trabalhamos a prevenção, realizamos busca ativa, identificamos as pessoas que têm riscos, focando para que elas não venham a ter um desfecho negativo.JLPolítica & Negócio - A senhora diria que os indicadores vão bem?
WB - Neste sentido, temos trabalhado para fazer modificações na vida das pessoas. O nosso trabalho é voltado para os melhores indicadores de saúde. Se temos indicadores positivos, temos uma comunidade saudável. As pessoas que fazem cirurgias oftalmológicas, por exemplo, saem de um patamar em que não estavam enxergando quase nada para um em que passam a enxergar tudo.JLPolítica & Negócio - Entre 2019 e 2023 houve um aumento de 146,2% nas consultas de Atenção Primária. A que se deve isso?
WB - Foram diversos os motivos que levaram a esse aumento no número de consultas. Um deles é que começamos a trabalhar com a questão do Previne Brasil, que é uma meta do Ministério da Saúde na qual cada município, uma vez que atinge essa meta, recebe uma nota e, a partir dessa nota, tem um estímulo financeiro. Os municípios recebem uma bonificação do Governo Federal e acabam fazendo um contrato com os profissionais, estimulando-os a melhorar os índices.
MISSÃO DE FACILITAR A SAÚDE PARA TODOS
“Temos o objetivo e a meta de mudar a vida das pessoas de forma positiva. De causar um impacto positivo na vida delas. Para as pessoas serem felizes, elas precisam ter saúde. A doença traz diversos impactos negativos, não só para quem está doente, mas para todo o contexto familiar”

JLPolítica & Negócio - A Maternidade Lourdes Nogueira completou sete meses com cerca de dois mil partos realizados. Qual o balanço da Secretaria sobre essa unidade materno-infantil neste período?
WB - Foram meses muito positivos. Inauguramos a maternidade no dia 14 de abril e ela efetivamente entrou em funcionamento no dia 17. É uma gestão completamente diferente, mais humanizada. É uma proposta de partos normais, de partos humanizados, com a possibilidade da mulher fazer a escolha de como ela quer ter o seu filho, e tudo isso tem contribuído para que estejamos atraindo mais essas mulheres.JLPolítica & Negócio - Qual a configuração do público da Maternidade Lourdes Nogueira?
WB - Temos uma média de 70% delas daqui de Aracaju e cerca de 30% que vêm de outros municípios, que são atraídas por essa proposta da maternidade de ter um parto humanizado, de ter o seu acompanhante e a sua família por perto. O grau de satisfação das usuárias que têm sido atendidas pela maternidade hoje gira em torno de 98%. Isso mostra que, realmente, a forma como pensamos a gestão da maternidade tem trazido efeitos muito positivos.JLPolítica & Negócio - Atualmente, o município de Aracaju conta com quantos equipamentos de Saúde?
WB - Temos 45 Unidades Básicas de Saúde, dois hospitais de pequeno porte - o Nestor Piva e o Fernando Franco -, um Centro de Especialidades Médicas de Aracaju – Cemar -, seis Centros de Atenção Psicossocial -CAPs -, responsáveis pelo atendimento a pacientes com algum tipo de diagnóstico de saúde mental, a Maternidade Lourdes Nogueira. Temos o Centro de Reabilitação, o Centro de Especialidades Odontológicas. Enfim, são, ao todo, 74 equipamentos no total.
DESEMPENHO DA MATERNIDADE LOURDES NOGUEIRA
“Foram meses muito positivos. Inauguramos a maternidade no dia 14 de abril e ela efetivamente é uma gestão completamente mais humanizada. É uma proposta de partos humanizados, com a possibilidade da mulher fazer a escolha de como ela quer ter o seu filho, e tudo isso tem contribuído para que estejamos atraindo mais mulheres”

JLPolítica & Negócio - Como andam as campanhas de vacinação em Aracaju?
WB - No mês de julho, Aracaju alcançou o primeiro lugar no ranking das cidades que mais vacinaram no país. Chegamos a mais dois milhões de vacinas aplicadas e temos desenvolvido várias estratégias para atrair as pessoas, tanto crianças e adultos, quanto idosos, isso para as diversas vacinas. É histórico que, desde 2015, no Brasil registramos uma queda nos percentuais de cobertura vacinal. Isso é preocupante porque sinaliza para uma possibilidade do retorno de alguma doença. Nos preocupamos com relação a isso.JLPolítica & Negócio - Que estratégias diferentes têm sido adotadas?
WB - Temos montado diversas estratégias, como a vacinação nos shoppings e nas escolas. Vacinação nos bairros e em alguns eventos, como o Forró Caju. Tudo isso fez com que alcançássemos esse grande volume de vacinas aplicadas. Mesmo assim, infelizmente, a gente ainda se depara com a situação de que apenas 25% da população geral tomou a vacina bivalente. Sabemos que, apesar de a Covid-19 não estar com um volume grande de transmissão, ela ainda não acabou. E a bivalente é uma vacina que já está atualizada para as novas cepas, e é importante que consigamos ampliar essa cobertura vacinal.JLPolítica & Negócio - Em quais áreas a gestão zerou a fila de espera?
WB - Pegamos uma Secretaria com filas de espera de procedimentos, de consultas e cirurgias muito grandes. De 2017 para cá, temos feito todo um trabalho de otimização dessas filas. Quando começou a pandemia da Covid-19, esse problema das filas piorou. Chegamos a ter mais de 18 mil pessoas aguardando consulta oftalmológica. Mas, ao longo do processo da nossa gestão, fizemos algumas ações que visaram reduzir esse tempo de espera. Fizemos overbooking, limpeza de cadastros duplicados, fizemos contato com essas pessoas por meio do MonitorAju, no sentido de reduzir o absenteísmo e, com isso, tivemos alguns retornos muito interessantes.
LIDERANÇA NO RANKING DE QUEM MAIS VACINA NO PAÍS
“No mês de julho, Aracaju alcançou o primeiro lugar no ranking das cidades que mais vacinaram no país. Chegamos a mais dois milhões de vacinas aplicadas e temos desenvolvido várias estratégias para atrair as pessoas, tanto crianças e adultos, quanto idosos, isso para as diversas vacinas”

JLPolítica & Negócio - Quais as áreas que mais geraram filas?
WB - No teste ergométrico, por exemplo, tínhamos uma fila de espera de mais de um ano. Atualmente, essas pessoas aguardam menos de 80 dias. No eletrocardiograma, tínhamos mais de 15 mil pessoas na fila esperando e, hoje, temos menos de cinco mil pessoas, em torno de 74 dias para fazer esse exame. Outro dado interessante é que não temos fila para mamografia. Chegamos a ter uma fila de espera de quatro meses e, hoje, as mulheres conseguem fazer dentro do mês, ou seja, com menos de 30 dias. Cirurgias extremamente complexas como de cabeça e pescoço, até recentemente, estávamos com muita dificuldade. As pessoas estavam esperando mais de 570 dias e, no momento, já é possível marcar para em torno de 90 dias, que é um tempo razoável e adequado. Além disto, de 2022 para cá, fizemos uma ação que considero muito importante: o Programa Ver a Vida, que vem sendo responsável por reduzir o tempo de espera das pessoas na fila para consultas, exames e cirurgias oftalmológicas. Em 2022, fizemos um pouco mais de 70 mil procedimentos e, até setembro de 2023, somamos mais de 170 mil procedimentos. Foram mais de 124.621 exames, 14.018 cirurgias, e 31.622 consultas. Portanto, efetivamente, é uma área em que viemos trabalhando muito, porque esperamos que até o final de 2024 consigamos reduzir esse tempo de espera da grande maioria dos procedimentos para até, pelo menos, 90 dias.JLPolítica & Negócio - Qual o balanço que a Secretaria da campanha do Outubro Rosa?
WB - Essa foi a primeira vez que fizemos essa parceria com os shoppings, onde ofertamos salas de atendimento ginecológico, com a possibilidade de as mulheres fazerem o exame de lâmina, que é um prevenção e que faz a busca ativa para descobrir aquelas que possam ter alguma alteração prévia ao câncer do colo do útero. Fizemos, também, o exame clínico das mamas e orientamos essas mulheres a como fazerem o autoexame em casa, além de realizarmos agendamento de mamografias, encaminhamentos das mulheres que precisam fazer o rastreamento através da ultrassonografia transvaginal. Foi uma ação inédita que deu muito resultado. Ela foi pensada para ser feita em uma semana e o sucesso foi tão grande que prorrogamos por mais uma semana. Como resultado, tivemos mais de cinco mil procedimentos realizados. Agora, no mês de novembro, realizamos a mesma parceria com os shoppings, desta vez voltada para as genitálias masculinas, relativa ao Novembro Azul.JLPolítica & Negócio - Mas qual ou quais outras ações inéditas foram realizadas?
WB - Neste ano, fizemos o Sábado Saudável, do qual já aconteceram quatro edições. Esta ação é uma estratégia de abordagem. Fizemos dois temas voltados para as mulheres, em maio e em outubro, para ampliar a oferta de exames de lâmina, mamografias, busca de câncer bucal. Fizemos a abordagem sobre a violência contra as mulheres e sobre os benefícios das atividades físicas. Realizamos outras ações, uma voltada para o público com diabetes, outra para o público com hipertensão, além de outra para as gestantes. Pensamos no Sábado Saudável como uma ação que vem dando resultados. Em uma das edições, chegamos a ter mais de 17 mil procedimentos realizados.
UMA FILA QUE TEVE DE ANDAR
“Pegamos uma Secretaria com filas de espera de procedimentos, de consultas e cirurgias muito grandes. Chegamos a ter mais de 18 mil pessoas aguardando consulta oftalmológica. De 2017 para cá, temos feito todo um trabalho de otimização. Quando começou a pandemia da Covid-19, esse problema das filas piorou”

JLPolítica & Negócio - O sábado parece um dia bom e neutro para uma ação dessa?
WB - Muitas pessoas não têm condições de, durante a semana, ir a uma Unidade de Saúde da Família e fazer exames preventivos. Então, o sábado é um dia em que realmente as pessoas comparecem. Quando conseguimos divulgar de forma antecipada e envolver os agentes de saúde, conseguimos, também, captar essas pessoas.JLPolítica & Negócio - Quais foram as transformações micro e macro operadas na gestão da Saúde?
WB - Foram inúmeras. O trabalho da Secretaria Municipal da Saúde de Aracaju não era feito com planejamento. Ao longo do tempo, começamos a trabalhar visando o objetivo que queríamos alcançar. Com o planejamento estratégico, elencamos projetos que eram considerados prioritários, com foco em resultados. De lá para cá, temos trabalhado com esse empenho de alcançar as metas que elencamos. Na Atenção Primária, fizemos toda uma modernização da forma como se trabalhava.
UMA HERANÇA QUE DESPREZAVA O PLANEJAMENTO
“O trabalho da Secretaria Municipal da Saúde de Aracaju não era feito com planejamento. Ao longo do tempo, começamos a trabalhar visando o objetivo que queríamos alcançar. Com o planejamento estratégico, elencamos projetos que eram considerados prioritários, com foco em resultados”

JLPolítica & Negócio - De que maneira?
WB - Primeiro, reorganizamos toda a parte de infraestrutura. Tínhamos pego uma Atenção Primária toda sucateada, sem equipamentos para os servidores trabalharem, com as Unidades de Saúde da Família com a infraestrutura ruim, então cuidamos dessa parte: compramos equipamentos novos, revitalizamos e reformamos as unidades. Além disto, recompomos equipes de Saúde da Família. Em 2016, tínhamos pouco mais de 128 equipes e, em 2023, estamos fechando com 141 e mais 15 equipes de Atenção Primária. Foi um salto muito grande. Saímos de uma cobertura de Atenção Primária de 60% para 94,9%, e isso com todo um trabalho não só de reestruturação da infraestrutura em si, mas também do processo de trabalho, nas linhas de cuidado com os profissionais, trabalhando os indicadores de saúde, colocando isso como meta e perseguindo esse caminho no microtrabalho para que cheguemos a esses indicadores. Comparando o ano passado com este ano, no mesmo quadrimestre Aracaju saiu de um Previne Brasil de 5,7 para 7,5.JLPolítica & Negócio - Qual é a tradução disso?
WB - É a de que somos uma das primeiras capitais do Nordeste e a 9ª do país com esses índices elevados no desempenho da Atenção Primária. Isso é fruto de todo um trabalho micro que estamos fazendo por meio das equipes de saúde, através do Prontuário Eletrônico que hoje nos dá a visão de quem são aquelas pessoas que não estão fazendo os exames, que não estão tomando as vacinas, que não estão fazendo os citopatológicos. Assim, consegue mapear quem são as pessoas e onde elas estão, e dar um feedback às equipes de Saúde da Família, para que seja feita a busca ativa no território e, dessa forma, consigamos melhorar a vida das pessoas.
BOA PERORMANCE NA ATEÇÃO PRIMÁRIA
“Somos uma das primeiras capitais do Nordeste e a 9ª do país com índices elevados no desempenho da Atenção Primária. É fruto de todo um trabalho micro que estamos fazendo por meio das equipes de saúde, através do Prontuário Eletrônico que hoje nos dá a visão de quem são aquelas pessoas que não estão fazendo os exames”

JLPolítica & Negócio - Em relação à pandemia da Covid-19, como o município conseguiu atravessar o período e reduzir o número de óbitos?
WB - Foi um período muito tenso, pois era uma doença que nem a ciência sabia como ia se comportar. Mas tivemos a capacidade de nos debruçar sobre isso para tentar atenuar esse problema. Colocamos nossas equipes em campo, fizemos testagens nas ruas, nos bairros, nas casas das pessoas, criamos monitoramentos em que a gente pedia que as pessoas ficassem em casa, mas, também, ligamos para elas no intuito de saber se estava tudo bem. Quando aparecia algum tipo de dado clínico que mostrasse que a pessoa poderia evoluir para uma situação mais grave, orientamos a procurar a rede de urgência. Inovamos no sentido de testar, também, pessoas assintomáticas e, com isso, já isolamos as pessoas que testavam positivo, para que reduzíssemos a taxa de transmissão. Quando passamos a ter acesso à vacina, fizemos um trabalho extremamente organizado para que pudéssemos ter uma cobertura boa. Hoje, Aracaju conta com mais de 90% da população imunizada com a primeira dose, quase 90% na segunda dose, o que é responsável pelo retorno da vida à normalidade.JLPolítica & Negócio - Quais lições a Saúde municipal tirou desse gigantesco desafio?
WB - A pandemia nos trouxe muitas lições. Trouxe o aprendizado de que é possível trabalhar de uma forma mais inovadora, encontrar alternativas que, antes, achávamos impossíveis. Alternativas que fazem com que encontremos outras saídas para fazer com que a vida das pessoas seja melhorada. Uma lição muito grande foi no sentido de que a gente precisa superar alguns conceitos que, às vezes, temos em saúde. Às vezes, ficamos muito focados no que dizem os livros, no que diz a teoria e, na prática, as coisas funcionam de uma forma diferente. Quando a gente se viu diante de uma pandemia, e com a população que estava esperando a nossa ação, não medimos esforços para fazer o que estava ao nosso alcance. Procuramos entender o que estava acontecendo, não só em outros Estados, mas em outros países, e adequar às nossas realidades no sentido de evitar que mais pessoas morressem. Fica o aprendizado de que, quando escolhemos ser profissionais de saúde, não tem dia, não tem hora. Não tem lugar. Temos que estar sempre dispostos a ir em frente e defender a sociedade.
DO SONHO DO HORIZONTE PRÓXIMO
“Esperamos que em 2024 possamos continuar avançando no sentido de melhorar nossos tempos de espera das consultas e exames, manter a nossa cobertura alta em Atenção Primária, conseguindo fazer com que seja efetivamente preventiva. Que melhoremos os indicadores, reduzamos a mortalidade infantil e consigamos ter uma população com indicadores positivos de saúde”

JLPolítica & Negócio - Como a gestão encontrou a Saúde e como ela está atualmente?
WB - Quando chegamos em 2017, encontramos 45 equipamentos completamente desestruturados, servidores sem receber há mais de dois meses, equipamentos quebrados, estrutura física das unidades de saúde precisando de intervenções. Uma fila muito grande de exames. Ao longo do tempo, a nossa preocupação principal foi ter um espaço de trabalho que pudesse dar dignidade aos trabalhadores. No primeiro momento, a própria Prefeitura se encarregou de reorganizar os salários dos servidores e, também, começamos a trabalhar a parte da estrutura das unidades, a compra de equipamentos. Quando conseguimos reestruturar tudo isso, passamos a atuar no processo de trabalho dos nossos servidores. A chegada do Previne Brasil, que traz indicadores de saúde que são básicos, faz com que a gente traga o servidor para construir. Fomos às Unidades de Saúde da Família, conversamos com as equipes individualmente, mostramos quais eram os indicadores de cada uma, e combinamos com as equipes de saúde da família para que fizessem essa busca ativa dos seus usuários, incentivando-os a realizar os seus exames de prevenção, a também terem uma assiduidade nas unidades de saúde e, com isso, conseguimos melhorar muito. Comparando o segundo quadrimestre de 2023 com o segundo quadrimestre de 2022, passamos de uma nota de 5,7 para 7,5. Houve um aumento de cerca de 32%. Isso é fruto de um trabalho que vem sendo feito, tanto pela gestão da Secretaria Municipal de Saúde, quanto pelos profissionais.JLPolítica & Negócio - O se pode esperar da Saúde em 2024?
WB - Esperamos que em 2024 possamos continuar avançando no sentido de melhorar os nossos tempos de espera das consultas e exames, manter a nossa cobertura alta em Atenção Primária, conseguindo fazer com que ela seja efetivamente preventiva. Que melhoremos os indicadores, reduzamos a mortalidade infantil, o que é extremamente importante, e que consigamos ter uma população com indicadores positivos de saúde. Que tenhamos como referência os melhores países, os melhores estados. Que Aracaju esteja nesse patamar, em que a nossa sociedade esteja com as melhores metas de saúde sendo atingidas.
DA HARMONIA ENTRE OS TRÊS PRÉ-CANDIDATOS
“Tenho certeza de que qualquer um desses três nomes técnicos que trabalham nessa mesma linha de uma gestão focada em resultados e atendimento da população que for o escolhido representará muito bem o trabalho que vem sendo desenvolvido. E os outros dois demais já estão alinhados: quem não for o escolhido, vai trabalhar em prol de todo esse projeto”

JLPolítica & Negócio - Se houver um consenso nos grupos de Edvaldo Nogueira e Fábio Mitidieri em torno do seu nome para a sucessão de Aracaju, a senhora topará uma candidatura?
WB - Eu ainda não tive a oportunidade de sentar com o prefeito Edvaldo Nogueira para conversar sobre política e uma possível candidatura. Meu nome tem sido aventado como um dos três para ser indicado à sucessão da cidade. Comigo estão Jeferson Passos e Luiz Roberto. Somos três técnicos que já trabalham na gestão do prefeito Edvaldo, que têm serviços prestados à sociedade. Que têm entregas. Têm resultados. No momento nós estamos muito focados nesse trabalho que vem se desenvolvendo, e a nossa preocupação é a de fazer a manutenção dos serviços que já entregamos e não perder qualidade naquilo que sociedade recebe. E, acima de tudo, ampliarmos esses serviços do ponto de vista de acesso da população à saúde, de melhoria da qualidade do serviço que é prestado. Tenho certeza de que no momento ideal, no momento certo, o prefeito, que é o líder do agrupamento, vai convocar todo o nosso grupo para uma reunião e uma conversa para uma definição política de quem vai ser esse nome indicado para a sucessão. Essa é uma definição que também perpassa por um consenso junto ao governador do Estado, Fábio Mitidieri. Independentemente do nome, seja o meu ou seja de qualquer um dos outros dois colegas, nós estaremos juntos nesse projeto. Esse é um projeto de sucessão e de manutenção do tipo de serviço que vem sendo dado à sociedade aracajuana. E qualquer um de nós três estará alinhado na busca pela manutenção desse projeto.JLPolítica & Negócio - E qual é a preocupação de vocês com esse projeto?
WB - É a de não permitir que qualquer aventureiro, que qualquer outra pessoa que não tenha serviço prestado junto à população de Aracaju, venha a assumir a Prefeitura de Aracaju e acabar estragando tudo aquilo que a gente construiu.

JLPolítica & Negócio - E a senhora acha que a população de Aracaju referenda o trabalho de vocês?
WB - Acho. Nós temos a plena convicção de que o nosso trabalho tem sido muito bem aceito pela sociedade. Tanto é que isso reverbera na aprovação que o prefeito Edvaldo Nogueira tem junto à sociedade, que é de mais de 70% para a gestão dele. Eu tenho certeza de que qualquer um desses três nomes técnicos que trabalham nessa mesma linha de uma gestão focada em resultados e atendimento das necessidades da nossa população que for o escolhido representará muito bem o trabalho que vem sendo desenvolvido. E os outros dois demais já estão alinhados: quem não for o escolhido, vai trabalhar em prol de todo esse projeto.JLPolítica & Negócio - E o exercício do cargo de secretária teria lhe dado régua e compasso extras para exercer uma função alta como a de prefeita?
WB - A experiência à frente da Secretaria de Saúde me fez ver que podemos ser instrumento de transformação social. Escolhi servir ao público desde que me formei em Medicina e assim seguirei motivada pela conquista de resultados que possam impactar positivamente a vida das pessoas. Sim, me sinto preparada para o que se pergunta formula.
