ARACAJU
Por Ascom PMA | 28 de Set de 2017, 10h09
Pais de alunos pedem fim da greve de professores
Das 74 escolas municipais, seis aderiram totalmente à greve. Outras 49 aderiram parcialmente e 16 não aderiram
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Pais de alunos pedem fim da greve de professores

O filho de Maria de Lourdes estuda na Bebé Tiúba, também atingida pela greve (Fotos: Sergio Silva)

Na porta principal da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Papa João Paulo II, situada no bairro Santa Maria, um cartaz diz "entrada de alunos das 6h30 às 7h30". Entretanto, há cerca de um mês, a chegada dos alunos nessa unidade tem sido cada dia menor. A greve dos professores tem feito com que muitos dos cerca de 30 mil alunos da rede municipal sejam prejudicados com a falta de aulas. Das 74 escolas municipais, seis aderiram totalmente à greve. Outras 49 aderiram parcialmente e 16 não aderiram. Três escolas da rede estão em férias no momento.

Kátia de Jesus Silva é mãe de uma aluna de 9 anos. Para trabalhar todas as manhãs ela precisa deixar a filha na escola, mas, neste mês de setembro, a rotina de casa mudou e agora Kátia não sai de casa sem se sentir preocupada. "Não tenho com quem deixar minha filha, então, como preciso trabalhar, ela fica em casa sozinha. Eu até entendo que os professores têm o direito deles de reivindicar, só que as crianças estão sendo prejudicadas porque o ano letivo está comprometido, vamos até abril de 2018. Acho que esse não é o caminho", disse a mãe.

O caminho a que Kátia se referiu é um trajeto que a Prefeitura de Aracaju tem tentado não trilhar e, por isso, procurou dialogar com os professores da rede municipal. Conforme a postura adotada desde o início da gestão, o diálogo se mantém aberto com a categoria, esta que, mesmo recebendo em dia o piso da categoria que, inclusive é maior do que o nacional de R$2.298,82, reivindica um reajuste de 7,4%. O menor salário pago na rede municipal de Aracaju é de R$2.560,99. 

Em reuniões realizadas entre a Comissão de Negociação da Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria Municipal da Educação (Semed) e o Sindicato dos Profissionais de Ensino do Município de Aracaju (Sindipema) foram apresentados os dados que justificam a inviabilidade de conceder o reajuste à categoria, bem como o panorama encontrado e como estão sendo aplicados os recursos da Educação. Já foram nove reuniões realizadas entre a administração municipal e representantes da classe.

Aline Silva, mãe de um aluno de 3 anos, entende, assim como a Prefeitura, o direito legítimo de reivindicar, porém, lamentou o fato de sair tendo que deixar o filho em casa porque ele está sem aula. "Os professores estão, sim, no direito deles, só que isso prejudica não só os pais, que não têm como ensinar os filhos em casa, mas principalmente as crianças que ficam à toa. Meu filho hoje está com a minha filha mais velha porque ela está de férias da escola que estuda, mas eu preferiria que ele estivesse na escola, aprendendo as letrinhas, os números. Ele também tem direito de ter aula", afirmou.

Como Aline, Alan Souza da Silva tem saído de casa preocupado e, há cerca de um mês se pergunta como ficará o ano letivo da filha de 7 anos. "A greve prejudica bastante as crianças que, sendo bem realista, não têm nada a ver com essa briga dos professores. Estamos aguardando o retorno das aulas. Minha filha agora fica em casa assistindo televisão e mexendo no celular. Isso é muito negativo porque ela não está aprendendo nada, pelo contrário, ela está deixando de aprender coisas importantes na escola", destacou o pai. 

Em uma das paredes da escola, como uma frase de boas vindas, outro cartaz diz "que bom, você voltou". O que antes era direcionado aos alunos, agora, parece até que apela para o retorno dos professores às unidades de ensino. Para Andrea da Cruz Frazão e tantos outros pais a tônica é exatamente essa. "Minha filha tem 7 anos e está em casa quando deveria estar na escola. A greve prejudica o desenvolvimento dela porque, como trabalhamos fora, o suporte que podemos dar é à noite e é pouco para o que a criança precisa. Não temos condições de pagar aulas particulares, por isso que nós mães ficamos indignadas. Minha filha esta há vários dias sem estudar e isso traz malefícios pra ela", desabafou. 

Marcelo Oliveira Santos, pai de outro aluno passou na escola em que a filha de 7 anos estuda para se atualizar sobre como anda a greve e ouviu insatisfeito que ela continua. "Na realidade quem se prejudica são as crianças. Quando faltam os professores como é que as crianças vão poder desenvolver aquilo que estava sendo aprendido? Como não tenho com quem deixar minha filha, às vezes chamo minha sobrinha para cuidar dela, mas isso também interfere na rotina da minha sobrinha. Eu entendo a reivindicação dos professores, mas é preciso que olhe também para o direito das crianças", destacou.

Quem também tem apelado para o retorno dos professores é Fátima Santos que, inclusive, disse que o filho de 6 anos reclama da falta que sente da "tia". "Tenho um filho especial e ele precisa continuar tendo a assistência que ele tem na escola. Desde que ele começou a estudar a gente consegue perceber a melhora que teve. Não penso somente no meu filho, mas nos outros alunos que também estão sendo prejudicados pela greve. Além disso, como nós pais precisamos trabalhar, com quem iremos deixar nossos filhos? Meu filho, por exemplo, já estabeleceu um vínculo na escola. Ele sente falta da professora que ele chama de tia. Isso tudo mexe com eles e com nós pais também", considerou. 

Em outra região da cidade, quem também lamenta a greve é Maria de Lourdes Barros, que tem um filho de 9 anos que estuda na Emef Bebe Tiúba, no bairro Luzia. "Há quase um mês nós pais vemos o aprendizado dos nossos filhos decaindo. Eu tive condições de pagar um reforço nesse período, mas eu sou uma exceção, a maioria não pode. É uma grande perda de conhecimento. Além disso, muitos não têm onde deixar os filhos. Os professores têm todo o direito de cobrar aquilo que eles acham que é direito, mas, também percebo que alguns têm outros interesses por trás e isso acaba refletindo nos nossos filhos. Com a greve, o ano letivo terá que ser reajustado e isso é muito negativo para o desenvolvimento dos alunos", reforçou. 

Enquanto isso, as escolas seguem com merenda escolar, transporte e limpeza, mas sem professores.

 

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