Política & Mulher
Por Funcaju | 08 de Mar de 2021, 12h51
Política cultural da Prefeitura de Aracaju expande protagonismo da mulher na arte
Produção local feminina está presente nos editais da Lei Aldir Blanc
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Política cultural da Prefeitura de Aracaju expande protagonismo da mulher na arte

Artista visual Deza levanta a bandeira da participação e da ocupação do espaço das mulheres no meio artístico

Entre as tantas obras artísticas que estão sendo executadas em Aracaju, a participação das mulheres nunca foi tão intensa. A produção local, de superpainéis do segmento da arte visual, até os inéditos produtos musicais, audiovisuais, de artes cênicas e literários, oriundos dos editais da Lei Aldir Blanc - LAB -, tem à frente mulheres municiadas de talento e determinação para ocupar os seus espaços na arte, tornando esse Dia Internacional da Mulher ainda mais especial.

Proporcionar a participação em massa das mulheres foi uma das propostas da política cultural do município desenvolvida pela Fundação Cultural Cidade de Aracaju - Funcaju - ao executar os editais para distribuição dos recursos da LAB, elaborando projetos como o Festival Colora, Feira da Música, Festival de Artes Cênicas, Feira Literária e Festival Itinerante de Barzinhos.

Para o presidente da Funcaju, Luciano Correia, o mérito fica para as mulheres, que submeteram aos editais projetos de excelência e, assim, conseguiram participação robusta nos produtos da Lei Aldir Blanc.

"Fico muito feliz em saber que as crescentes conquistas das mulheres também incluem os projetos culturais apresentados pela Funcaju. Só pela Lei Aldir Blanc, cerca de 200 projetos foram aprovados por mulheres. Nesse Dia Internacional da Mulher, quero partilhar com todas as mulheres aracajuanas a satisfação de trabalharmos juntos por um mundo melhor, sobretudo quando essa luta se dá pelo mais rico dos caminhos: o da arte e cultura. Parabéns, mulheres", frisou o presidente da Funcaju, Luciano Correia.

O primeiro grande painel do Festival Colora a ficar pronto, em Aracaju, tinha como contemplada a artista Marjórie Garrido. Usando tinta de óleo, ela e mais dois artistas criaram uma impactante tela urbana na Biblioteca Municipal Clodomir Silva, no bairro Siqueira Campos. Marjórie faz parte de um grupo de aproximadamente 200 mulheres contempladas pelos editais da Lei Aldir Blanc, em Aracaju, para os mais diversos segmentos da arte.

Quem também pôde usufruir dos recursos da Lei para colocar sua arte na rua foi a artista visual Andrezza Cintra, que assina artisticamente como Deza. Ela é testemunha da disparidade que sempre existiu entre mulheres e homens na arte e, por isso, levanta a bandeira da participação e da ocupação do espaço das mulheres no meio artístico, sobretudo na seara comercial.

“Quem domina o mercado na cena da arte urbana de Aracaju são os homens. Surgem poucas oportunidades para as mulheres trabalharem comercialmente e, enfim, ter um retorno com o gasto do trabalho. A gente pinta uma rua sem patrocínio e só por amor ao projeto que está sendo realizado. Não que eu queira comercializar o grafite, mas, às vezes, uma pintura comercial caí muito bem para investirmos em outros projetos maiores, como a maioria dos homens, que trabalha nessa área, fazem”, explica a artista urbana.

Pelo Festival Colora, Deza é responsável pela confecção de um painel grande na rua José Pacheco, 513, no conjunto Sol Nascente. A obra, que homenageia as tribos indígenas sergipanas, contém uma índia de olhar cativante e com o título ‘Pakato Vive’. A tela já está concluída e tem atraído a atenção dos moradores da comunidade e de quem transita pelo local.

Quem também está entre as mulheres contempladas pela Lei Aldir Blanc é Laiany Souza. Artista especialista em trabalho com mosaicos em azulejos, ela criou um jardim de borboletas na Rua José dos Santos, 5, no conjunto Santa Lúcia. A obra da artista traz o tema ‘Transformar-se é viver’, que coloca em discussão a maternidade em tempos de pandemia.

“É uma obra que dialoga com a vivência de ser mãe e artista no período de quarentena. Há um processo de dificuldade em ser mãe, pela forma como a sociedade vê a maternidade e o papel da mulher. As mulheres que são mães e artistas têm muita dificuldade de se manterem inseridas no mercado, principalmente quando se fala em tempo de trabalho, valor e dificuldades existenciais. Não se considera, por exemplo, o fato da mulher ter filho e, para poder trabalhar, ela ter que desembolsar uma parte do ganho no trabalho para deixar a criança sob os cuidados de outra pessoa”, alerta Laiany.

Nos segmentos musical e audiovisual, os editais da Funcaju permitiram que muitas mulheres, pela primeira vez, produzissem e apresentassem seus trabalhos com os recursos destinados pela LAB.

Para algumas profissionais já com trajetória no segmento musical, como a DJ Anny Brito, os editais lançados pela Prefeitura de Aracaju e outras iniciativas contribuíram para preencher o gargalo que a pandemia do coronavírus trouxe para as classes artísticas. “Acredito que as mulheres estão cada vez mais perto da paridade na arte, principalmente no segmento musical", disse ao destacar a importância das iniciativas de apoio para potencializar a visibilidade da arte.

Trabalhando na construção de um novo produto musical, com incentivos públicos, a DJ Anny vê um processo de evolução bem positivo para as mulheres na arte. “Na pandemia, vários núcleos de apoio surgiram para fazer as mulheres se capacitarem e divulgar seus recentes trabalhos. A união de todas com o mesmo propósito está dando resultado, apesar das dificuldades para o setor nesse momento. Já podemos observar boas conquistas. Ainda precisamos aumentar a colaboração entre nós comparado aos homens, mas estamos no processo evoluindo cada dia”, concluiu.

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