OPINIÃO
Por | 17 de Fev de 2018, 18h21
Criminalidade e insensibilidade governamental
[*] Mendonça Prado
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Criminalidade e insensibilidade governamental

Mendonça Prado: \"A solução para a violência está na educação\"

A solução para a violência está na educação. Mas, infelizmente, os governantes do Brasil não querem aprender a lição.

Os altos índices de criminalidade são consequência da ausência de um sistema educacional de qualidade. O que podemos esperar de um país que não educa as crianças?

Imagine um adolescente residente em um casebre situado em um bairro sem infraestrutura, onde não são oferecidos serviços de saúde, segurança e transporte de qualidade! Onde não há boa iluminação nem praças para a prática de atividades saudáveis, cujos pais, quando os tem, saem para trabalhar e passam o dia inteiro distante!

Imagine essa criança largada, conhecendo e passando a conviver com indivíduos envolvidos com drogas e submersos no mundo do crime! O que você acha que vai acontecer com ela?

Essa é a realidade de boa parte da criançada brasileira. Os governos insensíveis discursam ocultando a realidade, transferindo a culpa deles para a subjetividade como a natureza ou índole das pessoas.

Já a sociedade amedrontada, cética sem esperança de mudança, reage de forma bruta apoiando as ideias mais absurdas como a criação de grupos de extermínio para matar delinquentes.

Também existem autoridades e até detentores de mandatos, que demagogicamente alimentam a selvajaria, disseminando teses como: “bandido bom é bandido morto”. O pior é que não medem o cinismo da fala ao proferirem tais disparates, já que criminosos não são apenas os que cometem homicídio. Os que praticam crimes do colarinho branco também os são. Por essa razão, por que não defendem essa solução para eles próprios?

O problema é que o Brasil perdeu muito tempo sem investir em educação. O país deixou boa parte dos seus filhos desamparados e permitiu que se aprofundasse uma absurda desigualdade social.

O Estado desapareceu com os seus serviços essenciais e ao longo do tempo deu lugar ao tráfico de drogas, sob a égide de regras específicas fixadas por organizações criminosas. O resultado está atemorizando a sociedade atual.

Investir em segurança pública é fundamental no momento, já que os índices de criminalidade dispararam como tiros de fuzis, mas, não pode ser a única ação governamental.

Afinal de contas, quando se prende um delinquente, surgem cem em seu lugar. É preciso, portanto, que atitudes apropriadas incidam sobre a raiz do problema. E o problema está na disparidade econômica entre classes sociais, na escassez de oportunidades e, especialmente, na ausência de um sistema educacional que prepare verdadeiros cidadãos.

Além disso, faltam autoridades exemplares que sirvam como padrão para uma geração em formação. Dirigentes de uma Nação não podem ser espelhos desvirtuados, manchados por práticas reprováveis. Quem governa tem que entender que é referência.

O Brasil que não estudou a lição tem o dever de aprender com a Coreia do Sul, Japão, Finlândia, Chile, Cingapura e tantos outros países que instituíram sistemas educacionais de excelência e com isso construíram caminhos para o progresso social, diminuição da violência e prosperidade do seu povo.

Imagine a estudantada tendo acesso a uma escola em tempo integral com professores valorizados, para permanecer no estabelecimento de ensino das 7 da manhã às 17 h., assimilar conhecimentos, praticar esportes, ter direito a uma alimentação nutritiva, aprender línguas estrangeiras, tecnologia e assim sucessivamente! Teríamos ou não um país diferente?

Em relação ao episódio de intervenção no Rio de Janeiro, seria bacana ver o Presidente da República na TV, informando aos brasileiros que estaria colocando o Exército nas ruas e as crianças em excelentes escolas. Porém, lamentavelmente, ele só anunciou uma parte do que é necessário. 

[*] É ex-deputado federal, ex-vereador de Aracaju, ex-secretáriio de Estadoo da Segurança Pública e advogado

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