OPINIÃO
Por [*] Diougo Rafael Menezes dos Anjos | 10 de Set de 2017, 22h05
Rogério Carvalho e a incapacidade de conduzir a esquerda em Sergipe
*Diougo Rafael Menezes dos Anjos escreve todos os sábados para o JLPolitica
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Rogério Carvalho e a incapacidade de conduzir a esquerda em Sergipe

A política progressista sergipana viu florescer dois grandes nomes que honram, com suas militâncias e lutas, um quadro que buscava construir uma política igualitária para a classe trabalhadora do nosso Estado.

Mais de oitenta anos separam as atuações históricas de Fausto Cardoso e Marcelo Déda. Dois grandes nomes que entraram de maneira sublime e honrosa para as páginas da história sergipana.

​Fausto Cardoso, sergipano de Divina Pastora, poeta, filósofo e advogado, exerceu grande influência no pensamento nacional e na luta pelo ideário republicano.

Poderia ter se contentado com a vida acadêmica, visto que era aclamado no meio intelectual de Recife.

Mas, muito mais que os clamores intelectuais, ele era movido pelo intenso desejo de transformar profundamente a política e a vida social sergipana.

Retornou a Sergipe e, aqui, mergulhou de corpo, alma e convicção na política. Fundou o Partido Progressista, foi eleito deputado federal por duas vezes, dedicando-se à causa social e enfrentou o poderoso Olímpio Campus.

​A importância de Fausto Cardoso pode ser evidenciada na fala de Acrísio Torres, “do silêncio do gabinete, onde era filósofo, lançava-se ao tumulto da praça pública, onde era revolucionário”.

Mesmo com sua morte em 1906, a voz de Fausto Cardoso ecoou: “bebo a alma de Sergipe. Morro, mas a vitória é nossa, sergipanos”.

A morte de Fausto Cardoso não apagou a sua fala. Ela ecoou, e foi repousar, 80 anos depois, no coração e na alma de outro sergipano: Marcelo Déda.

Os sonhos de melhoria da vida dos sergipanos não puderam ser concretizados por Fausto Cardoso, mas, 100 anos depois, os sonhos ceifados por um crime brutal encontraram acalanto na política desenvolvida por Déda.

Ouso, caríssimo leitor, a afirmar que uma das grandes motivações que nortearam o pensamento e as realizações de Déda foi, sem dúvidas, a continuidade do ideário progressista de Fausto Cardoso.

A história e o tempo uniram dois ilustres personagens da política sergipana. O sonho de Fausto Cardoso foi idealizado e, principalmente, realizado por Marcelo Déda.

Não irei deter-me na descrição biográfica do Déda. Entretanto, não há como negar que a sua ação política melhorou a vida de todos os sergipanos.

Déda trouxe desenvolvimento para os buscavam lucros, mas trouxe também e principalmente, dignidade para aqueles que buscavam um lugar ao sol.

Mas a morte, às vezes uma grande injusta, levou-o precocemente. E nesse triste momento, uma pergunta se fazia presente no imaginário da classe política e no coração dos sergipanos: “Quem terá a honradez de conduzir a esquerda progressista em Sergipe?”.

A resposta estava amparada na figura do jovem e promissor Rogério Carvalho, que cresceu na política graças a Marcelo Déda. Foi seu discípulo. O acompanhou.

Mas, não basta o convívio. É preciso compreender a grandiosidade de um líder. E foi aí que Rogério Carvalho pecou. Enquanto a esquerda sergipana, e principalmente o PT, esperava que ele assumisse a liderança, ele aceitou uma posição subalterna ao rejeitadíssimo governador Jackson Barreto.

Rogério não foi apenas incapaz de conduzir a esquerda e continuar os sonhos de Fausto Cardoso e Déda. Ele foi o grande responsável por fazer morrer a força no coração dos militantes históricos do PT estadual, como é o caso da deputada Ana Lúcia, que teve sua aposentadoria política anunciada precocemente.

Rogério abandonou os militantes esquerdistas no interior do Estado para se aliar aos políticos conservadores e representantes do atraso social, que em nada compactuam com os ideais históricos difundidos por Déda.

Hoje, a causa que move Rogério não é a social, mas, infelizmente, a manutenção dos cargos dos seus assessores e seu cada vez mais distante sonho de se tornar senador da República.

Rogério Carvalho é o símbolo do fracasso Abandonou a militância histórica para exercer uma subserviência à política conservadora. A política e a história não irão perdoá-lo.

[*] É professor de História.

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