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Por | 27 de Mai de 2021, 09h31
CPI da Pandemia ouve diretor do Butantan nesta quinta
Instituto foi o primeiro a fornecer vacina anticovid à população brasileira
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CPI da Pandemia ouve diretor do Butantan nesta quinta

Dimas Covas em reunião remota com senadores da Comissão da Covid-19, em abril

Diretor do Instituto Butantan — o primeiro centro a fornecer vacina anticovid à população brasileira —, Dimas Covas será ouvido nesta quinta-feira, 27, pela CPI da Pandemia. O requerimento de convocação é assinado pelo senador Alessandro Vieira, Cidadania-SE.

“É necessária a oitiva do senhor Dimas Tadeu Covas para que esclareça todos os detalhes da atuação do Instituto Butantan desde o início da pandemia, especialmente com relação à produção de vacinas”, defende o senador.

A vacina CoronaVac é resultado da associação do instituto com a fabricante chinesa de medicamentos Sinovac Biotech. O imunizante começou a ser aplicado no país em 17 de janeiro deste ano, após muitas divergências entre o governo federal e o governo do estado de São Paulo, o primeiro a comprar a vacina.

Na última quarta-feira, 19, no primeiro dia de seu depoimento à CPI, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi amplamente questionado sobre falas do presidente Jair Bolsonaro contrárias à aquisição da CoronaVac.

Ao negar pressão presidencial contra a compra da vacina, Pazuello foi contestado por diversos senadores. Fabiano Contarato, Rede-ES, afirmou que, após crítica de Bolsonaro ao imunizante, o Ministério da Saúde cancelou a intenção de compra que havia anunciado, opinião ratificada por Zenaide Maia, Pros-RN, para quem o presidente da República “desautorizou” Pazuello no episódio da CoronaVac.

O senador Humberto Costa, PT-PT, apresentou uma gravação com o presidente Bolsonaro dizendo que havia dado ordens para que não houvesse compra da CoronaVac.

ACORDO - Professor titular de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Dimas Covas está à frente do Instituto Butantan desde 2017. Em junho de 2020, foi o responsável pelo acordo de colaboração firmado com a farmacêutica chinesa para o desenvolvimento clínico do imunizante anticovid.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa - autorizou a aplicação da CoronaVac no Brasil com base em resultados dos testes e estudos clínicos que começaram em julho de 2020 em seis estados e no Distrito Federal.

De acordo com o Instituto Butantan, os resultados do estudo da fase 3 mostraram que nos casos graves e moderados a eficácia da CoronaVac é de 100%. Para os casos leves, 78% e, nos muito leves, 50,38%. 

Até meados de maio, cerca de 70% das doses contra a covid-19 aplicadas no Brasil eram da vacina CoronaVac. Recentemente, o Instituto Butantan paralisou o envase do imunizante no país por falta de matéria-prima importada da China: o ingrediente farmacêutico ativo (IFA).

CRISE - Nesaa terça-feira, 25, o Butantan recebe 3 mil litros do insumo chinês para a produção de mais 5 milhões de doses. A previsão inicial era de 4 mil litros, que possibilitariam o envase de 7 milhões de doses, mas houve redução do quantitativo enviado pela China.

Com interrupções na produção da vacina e orientação do Ministério da Saúde para que os municípios utilizassem as doses guardadas para a segunda aplicação, como primeira dose, em muitas cidades brasileiras há hoje atraso para a finalização vacinal com a segunda aplicação do imunizante.

Na CPI, senadores apontam que crises diplomáticas com a China, provocadas por declarações presidenciais, estão prejudicando o envio do IFA e atrasando a produção da vacina no país.

Ouvido pela CPI em 18 de maio, o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo negou que a condução da diplomacia brasileira durante sua gestão tenha prejudicado a aquisição de vacinas e insumos, especialmente os provenientes da China. 

A senadora Kátia Abreu, PP-TO, afirmou que o ex-chanceler deixou de fazer referência, durante o depoimento, às citações anteriormente publicadas em blogs e redes sociais contra a China e o governo chinês.

BUTANVAC - O Instituto Butantan trabalha agora no desenvolvimento de uma nova vacina contra a covid-19: a ButanVac. A produção desse imunizante deverá ser feita totalmente no Brasil, a partir de uma tecnologia que trabalha a inoculação do vírus em ovos embrionados de galinhas. 

Nessa segunda-feira, 24, o instituto enviou à Anvisa mais uma remessa de informações sobre o início dos testes em humanos com a ButanVac. Ainda não há previsão para o início da imunização com essa vacina no país.

Fonte e foto: Agência Senado

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