OPINIÃO
Por [*] Edson Júnior | 10 de Set de 2017, 18h53
Rogério Carvalho é um político ousado
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Rogério Carvalho é um político ousado

Edson Júnior: \"Mas Rogério é vivo. Sabe que na política é preciso ter capacidade analítica e paciência para jogar o jogo\"

Não, não é nenhuma agressão. Ousado é um adjetivo que expressa a qualidade de quem tem ousadia, que possui inovação ou que é corajoso, valente.

Muitos de nós carregamos essa característica quando exigidos a inflexões, a expressar posicionamentos, a fazer escolhas.

E muitos, ao se deparar com os riscos em assumir posições e tomar decisões, simplesmente silenciam, abandonam o que defendem, aceitando o antônimo da ousadia, que é a covardia.

Não é o caso de Rogério Carvalho. Nascido em Aracaju e criado em Lagarto, acostumado na maniçoba feita por sua mãe, dona Maria Lourdes, de quem recebeu lições de decência, honestidade e solidariedade, Rogério tem uma vida marcada pela ousadia de ser autêntico, de acreditar e de lutar pelo que pensa, pelo que defende.

Em algumas ocasiões, tentam carimbar em sua testa a pecha de intolerante, mas quem o conhece, longe dos noticiários e das disputas politicas, retrata-o como uma pessoa simples, solidária, fraterna e dedicada a fazer o bem.

Em rápida visita a sua obra parlamentar – na Assembleia Legislativa de Sergipe e na Câmara dos Deputados –, percebe-se um homem com sede de justiça social, sem receio de enfrentar grupos que se coloquem contra os direitos das camadas mais simples a terem direitos, em poderem participar do que o Estado brasileiro produz.

A inclusão social está presente em suas proposituras parlamentares e discursos nos parlamentos.

E exatamente por ter disposição para ser uma voz em favor dessa parcela social, de não temer combates nem combatentes, que Rogério cataloga adversários de peso.

É comum em períodos eleitorais seu nome receber severos bombardeios porque, além dos enfrentamentos próprios da atividade politica, o homem tem um invejável acúmulo de bons números e resultados em eleições. E em uma disputa com poucas vagas, quem deseja um adversário com o recall de Rogério andando livremente pelo limitadíssimo território eleitoral?

Em 2006, estreando para o eleitorado, em meio às 24 vagas na Assembleia Legislativa, foi o sétimo deputado mais votado, com 26.208 votos.

Já em 2010, candidatou-se ao mandato de deputado federal, sendo eleito com 116.417 votos. Até essa eleição, ninguém havia obtido tão expressiva votação, apenas Augusto Franco, PDS, em 1982, com 102.006 votos.

Em 2014, confirmando meteórica escalada eleitoral em apenas 8 anos, partiu para a disputa de uma vaga ao Senado, obtendo 416.988 votos. Não venceu. Ficou a apenas 3,39% da senadora Maria do Carmo, quando “pesquisa” do Dataform, divulgada na véspera da eleição, dizia ao eleitorado que ela venceria o pleito com 47,5% dos votos contra 22,1% de Rogério, causando-lhe insuperável estrago em meio aos eleitores indecisos até aquele momento e também aqueles catalogados como “eleitor olímpico”, que só votam em quem provavelmente vai vencer, usando pesquisas eleitorais como elemento de convicção para o voto.

Para as eleições de 2018, o Partido dos Trabalhadores já definiu que Rogério será o nome da sigla para uma das vagas majoritárias no bloco da situação, já revelado por ele, em várias entrevistas, como sendo ao Senado. Mas apesar de suas reiteradas afirmações sobre isso, vez por outra aparecem boatos na mídia e em redes sociais de que ele trabalha para ser candidato ao governo, numa aparente tentativa de criarem-lhe embaraços junto ao vice-governador Belivaldo Chagas, o Galeguinho, nome apontado pelo governador Jackson Barreto para sucedê-lo.

Fazendo justiça a Rogério, em nenhuma entrevista que concedeu até o momento vê-se algum “talvez” dele em relação ao nome de Belivaldo, muito menos insinuação para o mandato de governador.

Em algumas ocasiões, é até criticado por manter posição de respeito e fidelidade à liderança do governador no bloco. Foi assim nas eleições de 2016, quando aguardou a definição de Jackson quanto ao candidato do bloco na disputa pela Prefeitura de Aracaju. Cobrado na mídia e dentro do seu partido pela definição do nome – naquele momento entre Zezinho Sobral, PMDB, e Edvaldo Nogueira, PCdoB -, manteve-se fiel ao “tempo” do governador.

Disse, repetidas vezes naquele período, que não “colocaria a faca no pescoço do governador”, que não “emparedaria” o governador.

Logo, não parece verossímil que esteja avançando o sinal neste momento e também pela relação de aliado e amigo que mantém com Belivaldo Chagas, seu vizinho municipal.

O saudoso Marcelo Déda tinha aguçado feeling e frieza para atravessar este momento de definição de nomes, classificando a fervente ebulição na composição das chapas como Tensão Pré-Eleitoral – TPE -, que também acontece entre aliados na busca por acomodação no limite das vagas.

Rotular adversário de tudo que não presta, provocá-lo à briga, no intuito de pendurar-lhe o crachá da intolerância no pescoço, fazê-lo sangrar com notinhas falsas na mídia e criar clima de instabilidade entre aliados faz parte do sarapatel eleitoral.

Portanto, até as eleições do próximo ano, Rogério deverá receber adjetivações negativas, provocações e todo o tipo de futrica que gere arranhões entre seus aliados. Afinal, é preciso jogar pedras na estrada para atrapalhar sua caminhada, fazer com que ele tropece.

Mas Rogério é vivo. Sabe que na política é preciso ter capacidade analítica e paciência para jogar o jogo. Como em uma partida de xadrez, precisa surpreender o adversário, pensar diferente. Fazer diferente. Enfim: ousar!

E ousadia, esse importante húmus para fertilizar uma vitória em 2018, ele possui. Basta plantar a semente certa no tempo certo.

[*] É jornalista e radialista.

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