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Na beira do São Francisco, Poço Redondo chega a gastar R$ 400 mil mensais com carro-pipa

Poço Redondo e as demandas hídricas: até 2,5 mil carradas d'água por mês

Com gastos mensais de R$ 400 mil e pondo em ação até 40 caminhões-pipa, o município de Poço Redondo, no sertão de Sergipe, tem no suprimento de água para uso das pessoas um dos seus maiores problemas administrativos. E tudo isso sendo plantado quase nas barrancas do Rio São Francisco.

Essas informações, em tom de lamento e de um quase pedido de socorro, são do prefeito reeleito desta cidade, o advogado Júnior Chagas, Republicanos. “O Governo Municipal de Poço Redondo gasta, sim, muito com o suprimento de água para as suas comunidades”, reforça Júnior Chagas.

“Agora está até leve, mas têm meses que chegamos a gastar até R$ 400 mil com caminhões pipa. No pico da necessidade, chegamos a colocar 40 caminhões em ação ao mesmo tempo. A média da normalidade oscila entre 20 e 25 deles. De novembro até março costuma ser terrível”, reforça o prefeito.

“De modo que eu diria que hoje a primeira maior necessidade do município de Poço Redondo é a de uma rede de condução de água que regularizasse a distribuição desse produto para todas as nossas comunidades. Estou falando da implantação e extensão de redes de água”, diz ele.

Para Júnior Chagas, o problema é mais constrangedor ainda por ser Poço Redondo um município plantado nas barrancas do Rio São Francisco. “Não deixa de ser exótico que sejamos um município debruçado sobre o São Francisco e que tenhamos esse problema no abastecimento de água. Eu diria que é terrível. Vergonhoso, até”, afirma o gestor de Poço Redondo, cidade com cerca de 36 mil habitantes – isso equivale a estar entre as maiores do Estado.

“É preciso que Sergipe saiba que grande parte dos povoados e comunidades de Poço Redondo não têm água encanada e, mesmo onde tem rede, ainda falta o produto. E Poço Redondo tem muitos povoados, porque os assentamentos rurais já viraram povoados. E muitos desses povoados estão sem água”, diz o prefeito.

“Há várias agrovilas na região da Lagoa das Areias, uma antiga fazenda que foi desapropriada há cinco quilômetros na beira do São Francisco, que não têm água encanada. E eu nem culpo o governador Belivaldo Chagas. Eu diria que a culpa é de uma sucessão de desacertos. Mas a falta de água da Deso bem que já deveria ter sido resolvida, seja nesse ou em quaisquer outros governos anteriores”, diz o prefeito.

“É complicado que, mesmo onde haja água encanada, a gente tenha de abastecer com o carro pipa. Na sede, por exemplo, falta água nos bairros São José e Lídia, onde a gestão municipal coloca às vezes vários carros simultaneamente para atender. Como nas agrovilas. É uma humilhação. Falta até em Santa Rosa do Hermírio, que é o nosso maior povoado. Assim como no grande povoado Sítios Novos. Tenho pedido pouco ao governador do Estado, mas às vezes entendo a alegação de que o Estado está em dificuldade financeira”, diz Junior Chagas.

Segundo Júnior Chagas, somam-se aos problemas de recursos hídricos de Poço Redondo a má manutenção das estradas vicinais. “Nós temos vários problemas com estradas vicinais, algumas delas inclusive estaduais, as que nos separam de Canindé, de Porto da Folha e de Monte Alegre, mas quem dá a manutenção é Poço Redondo”, diz ele.

“Essas estradas terminam sendo uma extensão da problemática hídrica também, porque é por elas que levamos a água às comunidades. A gente sofre muito: no sertão, as chuvas são escassas e quando vêm, danificam as estradas. As estradas são meios de os carros pipa levarem a água para as populações rurais”, lembra o prefeito.

Na verdade, quando se trata de Poço Redondo, geofisicamente é do maior município sergipano que se está tratando. São 1.212 quilômetros quadrados. “Nesse território, chagamos a distribuir até 2,5 mil carradas de água por mês. Essa quantidade para nós aqui é normal”, afirma o prefeito Júnior Chagas.

 

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